Campeãs voltam à Avenida

A grande campeã do carnaval carioca, a Unidos do Viradouro promete uma surpresa que deve ensaboar a Marquês de Sapucaí durante o desfile das campeãs - Foto: Alex Ramos

O Flu na Folia
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Com a promessa de ensaboar a Sapucaí neste sábado de Desfile das Campeãs, a Unidos do Viradouro, campeã do Carnaval 2020, volta à Passarela do Samba para fazer jus ao seu enredo e lavar a alma de vez. Já com ingressos esgotados, e em ordem inversa, a Mangueira, sexta colocada abre a Passarela do Samba a partir das 21h30.

Depois de um desfile polêmico marcado pela simulação de uma releitura sobre a volta de Jesus Cristo nos dias atuais, a verde e rosa abre a festa no Sambódromo. Como alvo de críticas de líderes religiosos, e até mesmo do presidente Jair Bolsonaro, a Mangueira apresentou o enredo "A Verdade vos Fará Livre". A escola mostrou, ao decorrer da sua passagem, alegorias como um Jesus morador de periferia e apanhando de policiais.

A escola, que coleciona 20 títulos do Grupo Especial, teve o resultado de sexta colocação como o pior desde 2015, quando a escola apresentou um enredo sobre mulheres.

Em quinto lugar, uma das escolas que eram favoritas ao título, a Acadêmicos do Salgueiro, transformou a Sapucaí em um verdadeiro picadeiro e deve se apresentar por volta das 22h20. A escola homenageou a vida do primeiro palhaço negro brasileiro, Benjamin de Oliveira, que completaria 150 anos em junho deste ano. O Salgueiro aproveitou para levar música, teatro e cinema - profissões que o glorificado também exercia - às arquibancadas da Passarela do Samba.

Com o enredo "O Rei Negro do Picadeiro", já na comissão de frente um menino se transformava, em sonho, em um palhaço. À frente da Furiosa, representando a "Rainha Cigana", a rainha de bateria Viviane Araújo, que desfila há 12 anos consecutivos pela vermelha e branca.

Por volta das 23h25 quem passa pelo Sambódromo é a Beija-flor de Nilópolis. Depois de ocupar o 11º lugar no ano passado, a azul e branca foi a quarta colocada no carnaval de 2020. A escola, que buscava esquecer o ano anterior, apostou no enredo "Se Essa Rua Fosse Minha", com o carnavalesco Alexandre Louzada.

Em desfile luxuoso, impactante e com um enredo fazendo referências às religiões africanas, a escola levou aos caminhos percorridos através de lendas e mitos sobre estradas, vias e ruas, até chegar à Avenida Marquês de Sapucaí.

Em sua comissão de frente, carros e motos vinham simulando as gangues de rua. Ao decorrer do desfile, a cantora Jojo Toddynho impactou ao mostrar os seus seios em sua representação de Xica da Silva.

À 0h30 a festa será dominada pela Mocidade Independente de Padre Miguel. Dona de seis conquistas no carnaval do Rio de Janeiro, a escola veio homenageando Elza Soares, nascida no mesmo bairro da agremiação, e que passou pela Marquês do Sapucaí como destaque no último carro. Com o enredo "Elza deusa Soares", puxado também por vozes femininas, a escola abordou temas sobre o machismo e o racismo.

Como vice-campeã, a Acadêmicos do Grande Rio invade a Avenida com a bateria Invocada às 01h35. Com os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora homenageando o pai de santo Joãozinho da Gomeia, a escola impactou e agradou aos jurados com sua beleza ao levar o enredo "Tata Londirá - o canto do caboclo no quilombo de Caxias".

Para fechar a noite de desfiles, a grande campeã do carnaval 2020, a Unidos do Viradouro, ensaboará a Marquês de Sapucaí com toda sua luxuosidade e emoção, por volta das 2h40. Após permanecer três anos consecutivos na Série A e chegar ao Grupo especial no ano passado, a escola conseguiu o vice-campeonato em 2019 e mostrou para que veio neste ano.

Com o enredo "Viradouro de Alma Lavada", que caiu na boca do povo, a vermelha e branca falou sobre as Ganhadeiras de Itapuã, grupo musical de mulheres da Bahia, que se esforça desde 2004 para divulgar e resgatar a cultura afro-brasileira das lavadeiras que ganham a vida às margens da Lagoa de Abaeté e na Praia de Itapuã.

Em um desfile com efeitos especiais, surpresas e muita interação com o público, a vermelha e branco de Niterói foi ovacionada nas arquibancadas desde que entrou na Sapucaí. Com o maior carro abre-alas da história da Viradouro, a alegoria possuía 50 metros de comprimentos e 13 metros de altura e simbolizava os elementos marinhos do barroco baiano e a lenda das águas. Na comissão de frente, um aquário com sete mil litros de água mineral trazia uma sereia.

Na bateria Furacão Vermelho e Branco, comandada por mestre Ciça, o que não faltou foi emoção. Duas componentes tocavam timbal sob um pedestal erguido no Sambódromo, o que levou o público ao delírio.

A Unidos do Viradouro quebrou seu jejum de 23 anos sem ganhar o carnaval no Rio, volta à Avenida com o apoio da sua comunidade para reforçar que foi a melhor e comemorar junto ao público o título 2020.