Durante um discurso na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o papa Leão XIV afirmou que a fome no mundo representa um “fracasso coletivo, uma aberração ética e um pecado histórico”. As declarações foram divulgadas pela Sala de Imprensa da Santa Sé e repercutidas pela Prensa Latina, que acompanhou a mensagem do pontífice.
Segundo ele, a FAO tem se dedicado historicamente ao combate à fome e à promoção da segurança alimentar, mas os avanços continuam insuficientes. Cinco anos após o início da Agenda 2030 da ONU, o papa alertou que alcançar o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 2, que prevê Fome Zero, depende mais de “vontade real” do que de “declarações solenes”.
Dados alarmantes sobre a fome no mundo
O líder da Igreja Católica ressaltou que 673 milhões de pessoas ainda vão dormir sem comer todos os dias e que cerca de 2,3 bilhões não têm acesso a alimentos nutricionalmente adequados. Ele lembrou que, em pleno século XXI, com avanços científicos e tecnológicos, é inaceitável que milhões sigam privados de um direito básico.
“Permitir que milhões de seres humanos morram de fome é um fracasso coletivo, uma aberração ética, um pecado histórico”, disse o papa, enfatizando que esse cenário não ocorre por acaso, mas revela “a insensibilidade predominante, uma economia sem alma, um modelo de desenvolvimento questionável e um sistema de distribuição de recursos injusto e insustentável”.
Crítica ao uso da fome como arma de guerra
Em seu pronunciamento, Leão XIV condenou a prática de utilizar alimentos como instrumento de guerra, o que tem ocorrido em meio a conflitos recentes. “Os atuais cenários de conflito levaram ao ressurgimento do uso de alimentos como arma de guerra, contradizendo todo o trabalho de conscientização realizado pela FAO nas últimas oito décadas”, afirmou.
Ele alertou ainda que normas internacionais, que proíbem ataques a civis e a recursos essenciais para sua sobrevivência, estão sendo violadas com impunidade. Para o pontífice, isso mostra um enfraquecimento do consenso mundial sobre tratar a fome deliberada como crime de guerra.