Sem restrições para solidariedade

Projeto "Sempre Criança" ofereceu presentes e livros autografados para cerca de 500 crianças carentes - Foto: Divulgação

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Além do sentido espiritual e religioso, culturalmente o Natal também é época de compras, presentes e muita comida gostosa. Infelizmente, a desigualdade social não permite que a data seja assim para todo mundo. Para muita gente falta o pão de cada dia e em dezembro essa situação não é diferente. Felizmente, há sempre um grupo de pessoas atentas ao próximo e dispostas a arregaçar as mangas para mudar essa realidade. E nem mesmo a pandemia de covid-19 foi capaz de parar o espírito de generosidade desses voluntários, que neste Natal voltam às ruas, cercados de cuidados, para ajudar os que precisam.

O projeto "Sempre Criança" é uma ação social apartidária, sem vínculos políticos e religiosos, que atua há mais de 18 anos com uma rede com centenas de voluntários em Niterói e região e também no Rio de Janeiro. Todos os anos o grupo se empenha em oferecer um Natal digno e cheio de carinho para uma infinidade de crianças em situação de vulnerabilidade. Uma atitude movida por um sentimento de compaixão tão intenso, que nem mesmo a pandemia que assolou o mundo este ano pode atrapalhar.

"A gente atua o ano inteiro em instituições com projetos sociais. Todos os anos juntamos cerca de 500 crianças para comemorar o Natal. Mas este ano, por causa da covid-19 resolvemos fazer diferente e ofertar uma cesta básica especial, livros e brinquedos. Terminamos nesta semana as entregas para crianças de comunidades e na próxima estaremos oferecendo ceias para crianças sem famílias que vivem em orfanatos", afirma Elielton Coelho, funcionário público de 43 anos e voluntário do projeto.

Preocupado com cada detalhe e sem medir esforços para melhorar o Natal dessas crianças, o grupo providenciou que cada livro, separado por faixa etária e entregue a cada criança fosse autografado e por seus respectivos autores.

"Tanto no Natal como no no Dia das Crianças o número de voluntários aumenta muito, mas a gente precisa somar esforços o ano todo contra a desigualdade. Pratico o voluntariado há oito anos e para mim é uma ferramenta de tanto de aprendizagem como de autoconhecimento. Convido todos a visitarem nossas redes sociais e saber mais sobre o projeto", ressalta Elielton.

Vale lembrar que vai até neste domingo (20), a campanha na qual as operações da Secretaria de Estado de Governo estão arrecadando brinquedos e leite em pó. Os brinquedos serão distribuídos para instituições carentes cadastradas pelas assistentes sociais nos bairros onde atuam as operações Segurança Presente e o leite em pó, que não pode ser composto lácteo, será distribuído para pacientes do INCA.

Quem quiser ajudar, deve entregar suas doações em uma das bases do programa Segurança Presente na Lapa, Aterro, Lagoa, Méier, Centro do Rio, Niterói, Leblon, Tijuca, Ipanema, Nova Iguaçu, Laranjeiras, Bangu, Botafogo, Austin, Caxias, Barra da Tijuca, Recreio, Grajaú/Vila Isabel, Copacabana, Bonsucesso, São Gonçalo, Madureira, Jacarepaguá, Belford Roxo, Queimados, Irajá, São João de Meriti, Magé/Piabetá e Itaguaí.

Tradição - Quem também não vai se intimidar com a pandemia é o artista plástico Rafael Vicente, que, seguindo todos os protocolos de segurança, vai manter a tradição cultivada há 26 anos junto com o Colégio Niterói, que pertence à sua família, de fazer um Natal mais alegre para centenas de crianças na Zona Norte de Niterói.

"Todo os anos a gente fazia um espaço de recreação e distribuição de presentes. Mas este ano, para não haver aglomeração, vamos fazer uma carreata com o "Papai Noel" pelo Barreto, nesta terça-feira, dia 22. A ideia é tentar fazer com o que o Natal dessas crianças fique menos desigual em relação a outras. É pouco, mas se cada um fizer um pouco no final temos muita realizada. é um momento melhor na vida delas e na nossa também. Somos mais de 20 voluntários envolvidos na ação", comemora Rafael.

Simbolismo da data - O Natal, que é na nossa cultura associada ao nascimento de Jesus, celebra a atenção e o afeto de Deus pela humanidade, manifestada através da vinda daquele que seria o Messias. A mais absoluta compaixão e sacrifício do puro espírito que se faz carne, e vem compartilhar conosco. Inspirados nessa crença, buscamos uns com os outros a compreensão e o exercício da compaixão pelos nossos iguais, explica o psicólogo Alcindo Miguel Martins Filho.

"A pureza do ato generoso e compassivo, ainda que culturalmente orientado, nos cala fundo como um momento de limpeza, de gratidão e purificação, um momento de beleza e exaltação de algo além de nós mesmos. A ajuda é um conteúdo material, mas o gesto é uma manifestação do puro espírito cristão naquilo que ele tem de mais simples, belo e grandioso", ressalta Miguel.

E não serão apenas as crianças as contempladas pelo gesto de compaixão e coragem dos voluntários, neste Natal. Criado no início da pandemia com o objetivo de ajudar os que se encontravam em situação de maior vulnerabilidade, o grupo "Nos ajude a ajudar" quer garantir um almoço caprichado no dia 24 de dezembro para as pessoas em situação de rua em Niterói.

"Todas as quintas-feiras distribuímos almoço, mas por se tratar da véspera de Natal resolvemos fazer algo diferente, que chamamos de 'quentinha natalina', com panetone, sobremesa, um presente, kit higiene e máscara. Também vamos levar um violão para cantar algumas músicas durante a refeição", explica a voluntária Raíssa Torres de 31 anos.

Assim como a maioria das ações voluntárias, o "Nos ajude a ajudar" conta com doações e parcerias para viabilizar suas atividades, além, é claro, do carinho e trabalho de seus voluntários. As redes sociais são o principal meio de contato para quem deseja apoiar ou participar.

"Costumo dizer que quem ganha sou eu. Recebo muito amor e fiz até grandes amigos. A gente queria que eles tivessem um Natal como o nosso, e fazemos o que podemos para que isso aconteça. Sou feliz assim", conclui Raíssa.