Deslocamentos de Bolsonaro na mira da CPI da Pandemia

Votação de requerimentos de informação mobilizou integrantes da CPI. Após acordo, houve votação em bloco - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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Após acordo entre senadores do governo e da oposição, a CPI da Pandemia aprovou em votação em bloco de 115 pedidos de informação direcionados a ministérios, governos estaduais, empresas e outras instituições. Os deslocamentos do presidente do presidente Jair Bolsonaro, pelo comércio de Brasília e entorno do Distrito Federal durante a pandemia de covid-19 e os gastos dos governos estaduais são alguns dos temas que estão na mira da CPI.

O pedido em relação aos deslocamentos de Bolsonaro partiu do senador Eduardo Girão (Podemos-CE). No requerimento, ele solicita que a Presidência da República envie uma planilha contendo os registros (data, local) e também os nomes da autoridades envolvidas nos deslocamentos que provocaram aglomerações no Distrito Federal. 

Na justificativa, Girão aponta que a CPI tem como um de seus objetos apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia e, segundo o senador, as informações requisitadas servirão para a "elucidação de diversos aspectos relacionados ao objeto de investigação da comissão". 

A CPI também quer que o Facebook disponibilize vídeo de reunião de terça-feira (27) do Conselho de Saúde Suplementar em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que "o chinês inventou o vírus" da covid-19. O vídeo, que estava disponível na página do Facebook do Ministério da Saúde, foi removido. Segundo o autor do requerimento, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) a fala de Guedes se soma a "inúmeras declarações preconceituosas e inverídicas de membros do alto escalão do governo contra a China e o povo chinês", o que tem dificultado a relação com o país, do qual o Brasil importa vacinas e insumos.

"Declarações anteriores causaram graves atritos nas relações entre o Brasil e a China. Portanto, diante desses fatos, apresento o presente requerimento para que o Facebook Brasil disponibilize o vídeo dessa reunião, que foi removido do ar, para que possa ser analisado por esta Comissão", justifica o senador. 

A pedido do senador Angelo Coronel (PSD-BA), a CPI solicitou acesso a informações sobre a oferta de vacinas feita pela farmacêutica Pfizer ao governo brasileiro. Ele pede que a empresa encaminhe informações sobre o contato feito em 2020.

"Seriam 70 milhões de doses ofertadas ainda em meados de 2020. No entanto, tal negociação não avançou por negativas do governo federal. É primordial para os trabalhos da CPI ter acesso ao histórico desta negociação e conhecer seus termos e motivações para a negativa", aponta o requerimento do senador.

Convocações confirmadas - Numa reunião marcada por embates entre aliados do governo e o relator, Renan Calheiros (MDB-AL), a CPI da Pandemia confirmou ontem (29) a convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e dos outros três ex-titulares da pasta na gestão do presidente Jair Bolsonaro: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello. 

Os dois primeiros a falar serão Mandetta, na terça-feira (4/5), a partir das 10h, e Teich, à tarde. A quarta-feira (5/5) será dedicada ao general Eduardo Pazuello. Na quinta-feira (6), será a vez de Marcelo Queiroga. Também foi aprovada convocação do diretor-presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres. Todos vão comparecer na condição de testemunhas.

Renan permanece - O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou ontem (29) o pedido de senadores governistas para tirar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) do cargo de relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.

Na quarta-feira (28), os senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Girão (Podemos-CE) protocolaram mandado de segurança no Supremo para afastar o relator. Para os parlamentares, congressistas com parentesco em primeiro grau com possíveis alvos da investigação devem ser considerados impedidos. Renan Calheiros é pai do governador de Alagoas, um possível investigado. (Com Agências Senado e Brasil).