Fiocruz paralisa produção de vacinas e só retoma na terça

O insumo é o componente mais importante da vacina Oxford/AstraZeneca e tem sido trazido da China, onde é produzido - Foto: Divulgação / Ministério da Saúde

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O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Bio-Manguinhos/Fiocruz) suspendeu, ontem (20), a produção da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19 e deve retomá-la na próxima terça-feira (25).

"Não há ainda previsão de que a interrupção temporária possa impactar entregas futuras. Caso haja impacto, isso será avaliado e comunicado mais à frente", informou a fundação em comunicado publicado na Agência Fiocruz de Notícias.

Segundo a Fiocruz, a produção poderá ser retomada na semana que vem graças à chegada de novos carregamentos do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), prevista para amanhã (22). O insumo é o componente mais importante da vacina e tem sido trazido da China, onde é produzido pelo laboratório Wuxi Biologics. Ao chegar, o IFA ainda precisa ser checado e descongelado.

Apesar da paralisação na linha de produção, Bio-Manguinhos fará hoje (21) uma nova entrega de doses ao Programa Nacional de Imunizações (PNI). As 5,3 milhões de doses que serão liberadas começaram a ser produzidas semanas atrás e estavam em processo de controle de qualidade.

Desde fevereiro, a Fiocruz já produziu 50 milhões de doses da vacina, cerca de metade das 100,4 milhões de doses previstas no acordo de encomenda tecnológica assinado com a farmacêutica europeia AstraZeneca. Com a entrega de amanhã, 36,2 milhões de doses produzidas em Bio-Manguinhos já terão sido disponibilizadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). As demais estão em diferentes etapas do processo de controle de qualidade e liberação, que chega a durar quatro semanas. Atualmente, Bio-Manguinhos tem capacidade de produzir 1 milhão de doses por dia.

Além das doses produzidas no Brasil, 4 milhões foram importadas prontas da Índia, onde foram produzidas pelo Instituto Serum. Com isso, chegará amanhã a 40 milhões o total de doses da vacina Oxford/AstraZeneca recebido pelo PNI

Chegada do IFA - A Fiocruz prevê receber neste sábado (22) um carregamento de IFA suficiente para produzir 12 milhões de doses de vacinas, o que vai assegurar as entregas ao SUS até a terceira semana de junho. A entrega incluirá duas remessas de IFA, já que um carregamento que estava previsto para o próximo dia 29 teve seu envio antecipado.

Enquanto produz as doses do acordo de encomenda tecnológica com a AstraZeneca, que prevê a importação do IFA, a fundação também trabalha no processo de transferência de tecnologia para produzir o insumo no Brasil. Segundo a Fiocruz, todas as informações técnicas necessárias à transferência de tecnologia já foram repassadas pela AstraZeneca à Fiocruz.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já concedeu a certificação das condições técnico-operacionais das instalações (CTO) que produzirão o IFA, após vistoria realizada neste mês.

IFA - A Comissão Externa da Câmara dos Deputados de Enfrentamento da Covid-19 discutiu ontem (20) a situação do abastecimento dos Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs), matéria-prima fundamental para a fabricação de doses de vacinas contra o coronavírus.

Na ocasião, foram relatadas as dificuldades na entrega de IFAs pela China para o imunizante Coronavac, do Instituto Butantan, feito em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, e para a vacina Oxford/AstraZeneca, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os problemas ocasionaram atrasos nos cronogramas de entregas de doses.

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, confirmou que estão ocorrendo "problemas no fornecimento de insumos da China". Em maio, o órgão deveria receber 10 mil litros de IFA, mas só terá repasse para 3 mil doses, no dia 25, e não há perspectiva de nova remessa. Por conta disso, as finalizações do primeiro contrato de 46 milhões de doses e o início do segundo contrato de 54 milhões de doses estão sofrendo atrasos.