Violoncelista de Niterói preso por engano é absolvido

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O violoncelista Luiz Carlos Justino, jovem negro e morador da favela, que havia sido preso em Niterói, foi absolvido nesta quarta-feira em audiência de instrução e julgamento. Integrante do projeto social Espaço Cultural da Grota, em Niterói, ele foi injustamente detido em setembro do ano passado, após uma abordagem policial quando voltava para casa com seu instrumento, depois de uma apresentação musical na Estação das Barcas.

Justino foi abordado por policiais no dia 2 de setembro de 2020, no Centro de Niterói, no momento em que voltava para casa após o dia de trabalho. Na ocasião, havia um mandado de prisão contra ele, acusado de assalto a mão armada após ter sido reconhecido, em 2017, apenas por meio de uma fotografia que constava do livro de reconhecimento da 79ª DP (Charitas).

O jovem falou sobre o alívio de ter sido absolvido.

"Eu estou muito aliviado, graças a Deus foi tudo esclarecido de forma correta. Quando me condenaram não tiveram as provas suficientes. Agora estou mais leve, parece que consigo até pular mais alto. Eu só espero que essa situação não volte a acontecer, pois esse caso é só mais um exemplo de racismo que ocorre o tempo todo no Brasil. Espero que essa absolvição ajude a mudar o jeito deles pensarem e julgarem os outros. " Disse luiz.

Após ficar quatro dias preso em dois presídios diferentes, ele foi solto por decisão do juiz André Nicolitt, que demonstrou perplexidade ao emitir o alvará de soltura: "Por que um jovem negro, violoncelista, que nunca teve passagem pela polícia, inspiraria desconfiança para constar em um álbum? ", questionou o magistrado na época.

No dia e hora do referido crime que resultou em acusação contra ele, Justino se apresentava como músico contratado em uma padaria em Piratininga, na Região Oceânica, junto a outros dois colegas. Apesar do mandado de prisão, o músico jamais havia sido intimado e desconhecia qualquer denúncia contra ele até o dia da prisão. Até hoje, a Polícia Civil não explicou como a foto de Justino foi parar no livro de reconhecimento da delegacia.

Recentemente, o juiz responsável pelo caso atendeu a um pedido do advogado de Justino, Rafael Borges, para que a fotografia do músico fosse retirada do livro de reconhecimento existente na 79ª DP.