Wizard nega ter participação em 'gabinete' e depois mantém silêncio

Após falar inicialmente por 30 minutos, empresário Carlos Wizard preferiu o silêncio e irritou integrantes da CPI - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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Amparado por um habeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Carlos Wizard compareceu à CPI da pandemia ontem (30) e se recusou a responder as perguntas do senadores. Após falar por cerca de 20 minutos e negar participação em um "gabinete paralelo" de aconselhamento do presidente da República sobre a pandemia, Wizard disse que usaria seu direito constitucional de permanecer em silêncio diante da comissão. Senadores criticaram a postura do depoente. 

"Me reservo ao direito de permanecer em silêncio", a frase foi repetida por diversas vezes por Wizard diante das perguntas dos senadores. 

Para o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), a negativa de Wizard de responder aos senadores é mais um motivo para a não liberação do passaporte do depoente, "pois são muitas as perguntas a serem feitas". O presidente, Omar Aziz (PSD-AM), disse que ele poderia ficar em silêncio em uma pergunta que pudesse incriminá-lo e criticou Wizard.

"Se continuar a falar "me reservo ao direito de permanecer em silêncio", seria melhor ele colocar um gravador", disse Aziz. 

Logo na chegada do empresário, senadores já criticavam a postura de Wizard em relação à CPI. Otto Alencar (PSD-BA) disse que Wizard debochou da CPI.

"O depoente debochou mesmo da Comissão Parlamentar de Inquérito, quando ele não quis comparecer aqui. Talvez pela posição dele, de ser uma pessoa milionária, ele não quis dar atenção. Mas permanentemente vinha visitar o presidente da República, estava no "gabinete paralelo".

Ricardo Barros convocado - A CPI da Pandemia aprovou ontem (30) uma série de requerimentos de quebras de sigilos, pedidos de informações e de convocações, entre elas a do deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. O depoimento foi marcado para a quinta-feira (8) da próxima semana.

A iniciativa partiu do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). No dia 25 de junho, ao depor à comissão de inquérito, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) disse aos senadores que o presidente Jair Bolsonaro sabia que Barros estava envolvido em supostas irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.

Representantes de empresas da área farmacêutica e funcionários do Ministério da Saúde também serão ouvidos. É o caso de Túlio Silveira e Emanuela Medrades, da Precisa Medicamentos, empresa que faria a intermediação com a Bharat Biotech, produtora do imunizante. O requerimento também foi apresentado por Alessandro Vieira. 

A denúncia de Luis Miranda levou ainda o senador Humberto Costa (PT-PE) a pedir a convocação de Regina Celia Silva Oliveira, servidora do Ministério da Saúde e fiscal do contrato que estava para ser celebrado entre a governo federal e a Bharat Biotech.
Segundo ele, a funcionária é peça-chave para elucidar as suspeitas de corrupção nas negociações.