Niterói: número de tiroteios aumenta 500% em junho

O Instituto Fogo Cruzado contabilizou 30 tiroteios no mês, enquanto no mesmo período em 2020 foram registrados 5 - Foto: Reprodução TV

Cidades
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A violência foi uma inimiga constante dos moradores da periferia de Niterói em junho. A cidade conviveu com um aumento de 500% no número de tiroteios/disparos de arma de fogo em comparação ao mesmo mês no ano passado. O Instituto Fogo Cruzado contabilizou 30 tiroteios no mês, enquanto no mesmo período em 2020 foram registrados cinco tiroteios.

No primeiro mês da ADPF 635 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635) em vigor, em junho de 2020, não houve registro de disparos envolvendo agentes. Em compensação neste mês já somam 14, mais do que em maio de 2020, quando foram 12 registros com agentes antes da ADPF ser adotada. No total, este mês já conta 18 baleados em Niterói e em junho de 2020, só houve uma vítima.

Além do crescimento dos casos de disparo por arma de fogo entre os mesmos meses, este ano, desde março, a região de Niterói tem aumentado seus índices com ápice em maio, sendo 35 tiroteios. Foram 19 e 25 tiroteios em março e abril respectivamente.

Segundo o Instituto Fogo Cruzado, o que se observa nas recentes disputas deste mês na região entre o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho é que estouraram os embates nas favelas do município. O número de tiroteios chega a 67%, sendo o Morro do Estado, o mais afetado com cinco tiroteios.

Junho em dados - O Instituto Fogo Cruzado mapeou 381 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana neste mês, dos quais em 26% deles (98) houve presença de agentes de segurança. No mesmo mês do ano passado, foram 323 tiroteios com agentes envolvidos em 46 deles. Isso quer dizer que este ano 1 em cada 4 disparos foi feito por agentes de segurança, enquanto no ano anterior foi 1 em cada 7.

No balanço do mês, 136 pessoas foram baleadas no Grande Rio, 72 morreram e 64 ficaram feridas. O número de mortos e de feridos foi 41% e 45% maior que o mesmo período de 2020, quando 51 pessoas morreram e 44 ficaram feridas.

Em comparação a maio, com 479 registros, junho registrou queda de 20% no número de tiroteios/disparos de arma de fogo. Caiu em 27% o número de mortos e 3% o de feridos. No mês anterior foram 99 mortos e 66 feridos.

De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, em junho aconteceram 4 chacinas na Região Metropolitana, que deixaram 13 mortos. Em 3 das 4 chacinas havia a presença de agentes de segurança. Na comparação com o mesmo período de 2020, houve aumento de 33% nas chacinas, quando foram registrados 3 casos, e 8% no número de mortos, que teve 12 - mas sem participação de agentes de segurança.

O balanço mostra, segundo o Instituto Fogo Cruzado, que 14 agentes de segurança foram baleados e 6 morreram (3 em serviço, 2 fora de serviço e 1 aposentado/exonerado). Oito ficaram feridos (6 em serviço, 1 fora de serviço e 1 era aposentado/exonerado). O número de agentes baleados subiu 75%, se comparado a junho do ano passado. Em 2020, 8 foram baleados, 6 morreram (2 em serviço, 3 fora de serviço e 1 era aposentado/exonerado) e 2 ficaram feridos (todos fora de serviço).

Neste mês, na Região Metropolitana do Rio, 8 pessoas foram vítimas de bala perdida: 2 morreram e 6 das vítimas foram atingidas em situações envolvendo agentes de segurança. Uma das mortes foi da decoradora de interiores, Kethlen Romeu, de 24 anos, grávida de 14 semanas do seu primeiro filho. A jovem foi morta a tiros durante uma ação policial no Complexo do Lins, em Lins de Vasconcelos, quando foi visitar a avó no dia 8. Em junho de 2020, 6 pessoas foram vítimas de bala perdida: 1 morreu. Das 6 vítimas, 5 foram atingidas em situações em que havia agentes de segurança envolvidos.

No Grande Rio, 4 adolescentes (entre 12 anos e 17 anos) foram baleados em junho: 2 morreram. Três pessoas com mais de 60 anos também foram baleadas, uma delas morreu. No mesmo período do ano passado, 4 crianças (menores de 12 anos) e 4 idosos foram baleados: todas as crianças e metade dos idosos morreram.

Acumulado do ano - O relatório aponta para um avanço da violência na Região Metropolitana na comparação entre o último ano. Um aumento de 7% nos tiroteios, 14% no número de pessoas mortas e 3% no de pessoas feridas.

De janeiro a junho de 2021, foram 2.777 tiroteios/disparos de arma de fogo que deixaram 1.131 pessoas baleadas: 591 mortas e 540 feridas. No mesmo período de 2020, foram 2.604 tiroteios com 518 mortes e 523 feridos.

Os cinco municípios da Região Metropolitana mais afetados são:

Rio de Janeiro: 207 tiroteios, 28 mortos e 27 feridos; São Gonçalo: 53 tiroteios, 6 mortos e 25 feridos; Niterói: 30 tiroteios, 10 mortos e 8 feridos: Duque de Caxias: 21 tiroteios e 6 mortos; e Belford Roxo: 17 tiroteios e 3 mortos.

A cidade do Rio concentrou mais da metade dos tiroteios acumulados em toda a Região Metropolitana do estado neste mês (381).