Nossa razão de ser

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Dom José Francisco*

Depois de escrever, semana passada, que um projeto necessário seria transformar todos os espaços em espaços humanos, durante a semana, fiquei pensando numa cena do evangelho de Marcos: Jesus entra na sinagoga, num dia de sábado e encontra um homem com a mão paralisada. Todos olham. Qual seria a reação de Jesus? Deixaria aquilo passar despercebido? Iria curar o homem, em dia de sábado? Mas, então, ele não respeitaria os preceitos de Deus!

Qual a saída: observar a lei e abandonar o humano a si mesmo? Ou cuidar das necessidades humanas, ainda que ao preço de forçar os limites da geografia da lei?

Jesus preferiu cuidar das necessidades humanas.

A não ser para os acometidos de neurose obsessiva, a ordem não basta. Não se pode passar com a lei por cima das pessoas. Se um ordenamento legal concreto não está a serviço delas, sobretudo, das mais fracas e necessitadas de proteção, então a lei fica vazia e sem sentido.

Não é suficiente defender uma disciplina se ela não ajuda, de fato, a viver com alegria e generosidade. Não basta defender a ordem e a segurança do Estado, se ele não oferece essa mesma segurança aos mais fracos. Existem em nosso meio pessoas necessitadas de apoio? Continuamos a defender a segurança das ideias ou nos preocupamos em salvar realmente as pessoas?

Se nos calarmos diante das reais necessidades, iremos sentir sobre nós o olhar de Jesus, que nos adverte: O que vocês fizerem ao menor...

Ritos, costumes e instituições, que se encontram nos diversos povos, são o lado visível das religiões. A contribuição decisiva de Jesus é mostrar com clareza que a obediência a Deus nos coloca no caminho do bem do ser humano. Deus não existe para si mesmo, numa espécie de egoísmo metafísico. Deus é amor: sua glória consiste em amar.

E a nossa razão de ser, consiste em?