Nota 'tira' adolescentes da fila

Os jovens que já começaram a receber o imunizante em diversas cidades pelo Estado do Rio de Janeiro encontram agora uma barreira para receber a vacina - Foto: Marcos de Paula/Prefeitura do Rio

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Em uma nota técnica emitida na quarta-feira (15), o Ministério da Saúde recomendou que não haja vacinação em adolescentes sem comorbidades. A nova orientação revisa uma diretriz anterior da pasta e restringe a imunização a adolescentes de 12 a 17 anos que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade.

No documento, a pasta argumenta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) não recomenda a vacinação de adolescentes com ou sem comorbidades; que a maior parte dos adolescentes sem comorbidades apresenta "evolução benigna" da doença; e a melhora do cenário epidemiológico com redução de cerca de 60% nos números de casos e óbitos.

Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, uma série de motivos pesaram para que a pasta resolvesse revisar a recomendação e suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidades. Ainda segundo o ministro, foram identificados 1,5 mil eventos adversos em adolescentes imunizados. Todos eles foram de grau leve. Foi notificado um caso de morte de um jovem em São Paulo, mas o episódio ainda está sendo investigado para avaliar se a causa foi o imunizante.

Outro ponto definido foi a ordem em que deve ser feita a vacinação de adolescentes que têm autorização. Deve se iniciar com a população de 12 a 17 anos com deficiências permanentes; depois, pessoas nessas faixa etária com comorbidades; e, por fim, adolescentes privados de liberdade.

Depois do Ministério da Saúde suspender a orientação de vacinação de adolescentes sem comorbidades contra a covid-19, a Anvisa emitiu comunicado em que diz não ver razão para mudar as condições aprovadas pelo órgão para a vacina da Pfizer/BioNTech, única aprovada pela Anvisa para a faixa etária. A crítica de Queiroga é que quase 30 mil adolescentes receberam dose das demais vacinas, não aprovadas pela Anvisa. Pais e responsáveis ficaram apreensivos com a fala do ministro.

Apesar da nova orientação, nem todos os estados, seguirão a nova recomendação e manterão a vacinação para os adolescentes sem comorbidades.

Ontem (16), São Paulo e Rio de Janeiro informaram que não vão aderir à recomendação neste primeiro momento.

A Secretaria municipal de Saúde do Rio informou que manteve a vacinação de adolescentes de 14 anos ontem (16) e manterá hoje (17) no Rio, mas vai fazer uma nova reunião com o comitê científico na quarta-feira (22) para avaliar como será a imunização na capital na próxima semana.

De acordo com a Prefeitura do Rio, "a recomendação do Ministério da Saúde (MS) leva em consideração o momento de escassez de vacinas".

O atendimento aos meninos e meninas de 13 e 12 anos será submetido na próxima segunda-feira (20) ao Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19, que avaliará as ponderações do Ministério da Saúde. Segundo a secretaria, o assunto também está em discussão pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde.