Uma ética de homens livres

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Dom José Francisco*

A ética jamais deveria ser um problema, ao contrário, deveria ser convocada para solucionar problemas.

Seja a metafísica ou a teologia, a pedagogia ou a psicologia, a política ou a teoria da arte, tudo no pensamento das humanidades ou irá gravitar ao redor da ética ou será devedora nela nas ponderações.

A ética é esse eixo.

Por isso, ao longo do tempo e das eras da filosofia, foi, justamente, na ética, que as ideias mais balançaram, e foi a ela que os pensadores mais indagaram. Em sua exigência de cunho ético, a própria ética não renuncia à clareza de pensamento. Nada é tão difícil quanto o exercício de uma definição. Quem estudou filosofia há de se lembrar que foi justo aí, ao ponto das definições, que Sócrates soltava seus "cachorros filosóficos". Não há o que não exija clareza mental e habilidade com as ideias. Mas nada é tão difícil quanto a clareza.

Os sofistas clamavam que a ética não deveria servir para homens livres, apenas para os escravos, e que as verdadeiras virtudes do homem eram a coragem e a inteligência.

Coube a Sócrates, Platão e Aristóteles serem a lâmpada que iria clarear o caminho. Eles perguntavam: o que é ética? Ética é o caminho da justiça. E justiça, o que é? Justiça é como se organizam as relações. Mas, então, estamos falando de política. E o que é a política?

Eles perguntavam, nós ainda perguntamos. Não valeria a pena indagar, diretamente a eles, o que entendiam dessas coisas?

A justiça, por exemplo, seria um assunto simples - diz Platão - se os homens fossem simples. Complicamos demais as coisas, e tudo tende a fracassar quando se peca pelo excesso nos princípios básicos.

Durante muito tempo, a ética foi uma prerrogativa dos homens livres. A princípio, somos todos livres! Não deveria ser difícil, ao menos, tentar entender.