Momento decisivo

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Charbel Tauil Rodrigues*

O Comércio acaba de ingressar no trecho mais estratégico das vendas de final de ano, o que para muitos empreendimentos significará um verdadeiro divisor de águas, marcando sua permanência, ou não, no mercado. Tempos difíceis, não resta dúvida — os motivos são fartamente conhecidos por todos —, mas de qualquer forma um momento sensivelmente melhor do que em 2020. Agora felizmente temos as campanhas de vacinação avançando, fazendo cair exponencialmente os casos da covid-19 e impulsionando, assim, algum clima festivo na população. E digo "algum clima" porque temos um sombrio pano de fundo de desemprego, recessão econômica e, mais recentemente, a ameaça da variante Ômicron da doença. Enfim, não podemos desanimar, e precisamos enfrentar um problema de cada vez.

De parte dos consumidores, uma recente pesquisa feita pelo Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ) veio a apurar que mais da metade dos fluminenses irão presentear familiares e amigos com lembrancinhas e roupas neste final de ano, numa movimentação que baterá a casa dos R$ 4,6 bilhões na economia estadual.

Segundo o levantamento do Ifec RJ, o gasto médio dessas compras será de R$ 584,04, o que dá quase R$ 90 a mais que em 2020. Entre as opções preferidas estão lembrancinhas (46,1%), roupas (46,1%), brinquedos (31%), calçados, bolsas e acessórios (26,8%), perfumes e cosméticos (22,5%), eletrônicos (16,9%), livros ou ebooks (12,7%), eletrodomésticos (11,6%) e jóias e bijuterias (8,1%).

Niterói deverá seguir a tendência de consumo do restante do Estado, repetindo a opção pelos "presentinhos", tal como ocorreu nas vendas da Black Friday. É que o consumidor até está se dispondo a comprar, embora com tendência a ser comedido. Isto já era esperado, dado o cenário atual. Num quadro assim, é totalmente compreensível que as pessoas ajam com mais cautela, medindo muito cada desembolso.

Torcemos muito pelo êxito de vendas de todos os empreendedores de Comércio e Serviços em nossa cidade, tendo a lamentar porém o fato de que, uma vez mais, o Centro ficou esquecido pelo poder público no que diz respeito aos preparativos para as festas de fim de ano. Sem ornamentação de destaque, sem ações festivas ou de intervenções urbanísticas de peso, o bairro permanece abandonado pela prefeitura, que ignora os apelos dos moradores e empreendedores da região, assim como não interage com entidades de classe que desejem opinar ou participar, concedendo audiências apenas para aqueles que se submetam passivamente a concordar com toda e qualquer iniciativa dos poderosos do momento.

Mais do que nunca, faz-se necessária uma ação abrangente pela recuperação do Centro, não apenas com melhorias em suas vias limítrofes, mas também no miolo, no "centro do Centro", onde por tantas décadas floresceu uma pujante comunidade de micro, pequenos e médios empreendedores de Comércio e Serviços. Se a Fusão dos antigos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro já havia esvaziado gravemente o bairro, os muitos anos de abandono agravaram o cenário de miséria, até que a pá de cal veio com o atual binômio pandemia-crise econômica. Hoje, é desolador caminhar por ruas e calçadas tradicionais e vê-las todas desertas, com lojas e mais lojas fechadas e pouquíssimos transeuntes.

Nós, do Sindilojas, temos a esperança de que é sim possível reverter esse quadro, assim como estamos convictos do papel fundamental que o poder público pode ter numa iniciativa desse porte e importância. No limiar de um novo ano, expressamos nosso desejo de que tal venha a ocorrer, enquanto há tempo.

No mais, nossos melhores votos de um Bom Natal e um Excelente Ano Novo para todos!