Operação contra bingos prende delegada no Rio

Duas usinas já estão em fase de construção em Nova Friburgo, Região Serrana - Foto: MPRJ

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O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) deflagrou nesta terça (10) a Operação Calígula, para reprimir as ações da organização criminosa que segundo investigações teria à frente um bicheiro e seu filho e seria integrada por dezenas de outros criminosos, incluindo o policial militar reformado Ronnie Lessa, denunciado como executor do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 março de 2018.

Agentes da Força Tarefa do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) para o caso Marielle e Anderson e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ) foram às ruas para cumprir 29 mandados de prisão e 119 de busca e apreensão, inclusive em quatro bingos que seriam controlados pelo grupo. Segundo o MPRJ, um total de 30 pessoas são alvos de denúncia pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Até o fechamento desta edição, nove pessoas tinham sido presas.

As denúncias apresentadas pelo MPRJ indicam que o contraventor e o filho dele comandariam uma estrutura criminosa organizada, ligada à exploração de jogos de azar que se estende a diversos estados além do Rio, locais onde há décadas exerceria o domínio. O MPRJ ainda apura se o contraventor teria mandado matar a vereadora.

De acordo com os promotores de Justiça, a ação do grupo se baseia em dois pilares. "A habitual e permanente corrupção de agentes públicos e o emprego de violência contra concorrentes e desafetos, sendo esta organização criminosa suspeita da prática de inúmeros homicídios", apontam.

No entendimento dos promotores, a organização tem acertos de corrupção estáveis com agentes públicos integrantes de diversas esferas do Estado, principalmente ligados à Segurança Pública. Entre eles, agentes da Polícia Civil e da PM.

"Nesta esfera, integrantes da organização, membros da Polícia Civil, mantinham contatos permanentes com outros policiais corruptos, pactuando o pagamento de propinas em contrapartida ao favorecimento dos interesses do grupo", acrescentam os promotores.

O MPRJ citou um dos episódios de atuação desses integrantes, quando um delegado de polícia intermediou encontro entre Ronnie Lessa, uma delegada e um inspetor. Segundo os promotores, o encontro resultou em acordo que permitiu a retirada em caminhões de quase 80 máquinas caça-níquel apreendidas em casa de apostas da organização criminosa, tendo o pagamento da propina sido providenciado pelo bicheiro.

Prisão - A delegada Adriana Belém foi presa na tarde desta terça, no Rio. Adriana foi um dos alvos da Operação Calígula, deflagrada de manhã pelo MPRJ. Foram apreendidos quase R$ 2 milhões na residência da delegada, segundo o MPRJ.

A prisão preventiva foi deferida pela Vara Especializada do Tribunal de Justiça. Em nota, o MPRJ disse que a delegada seria levada para a Corregedoria da Polícia
Civil.

A prisão foi obtida pela força-tarefa do Gaeco para o caso Marielle e Anderson (Gaeco/FTMA). Para os promotores de Justiça, o valor encontrado na residência de Belém é um forte indício de lavagem de dinheiro.