Um lixo que pode valer milhões

Cidades do Leste Fluminense deixam de ganhar R$ 211 milhões ao não aproveitar material de reciclagem - Foto: Reprodução da internet

Rio de Janeiro
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Os municípios da Leste Fluminense enterram anualmente mais de R$ 211 milhões em materiais que poderiam seguir o caminho da reciclagem e gerar recursos para o estado. Esse é um dos resultados do recorte regional do "Mapeamento dos Fluxos de Recicláveis Pós-Consumo no Estado do Rio de Janeiro", realizado pela Firjan, com o objetivo de contribuir para o fortalecimento do encadeamento produtivo da reciclagem, estimulando a retenção de recursos materiais e econômicos, além da redução da sobrecarga dos resíduos ao meio ambiente.

O estudo, realizado com base em dados públicos oficiais de órgãos ambientais, investigou a trajetória dos recicláveis pós-consumo em todas as regiões fluminenses (ou seja, materiais que saíram do ambiente produtivo e tornaram-se resíduos após o uso final, provenientes tanto de domicílios como de geradores empresariais). A intenção é fornecer - aos investidores, gestores empresariais, formuladores de políticas públicas e outros tomadores de decisão - subsídios para a transformação do Rio em um estado reciclador e valorizador do material pós-consumo descartado.

Além de evidenciar as perdas de resíduos para o ambiente, o estudo calculou a parcela de materiais que seguem para destinação em aterros sanitários, mas que poderiam estar sendo reaproveitados na região: 481,2 mil toneladas. O recorte contemplou os municípios da Grande Niterói (Itaboraí, Maricá, Niterói, Rio Bonito, São Gonçalo e Tanguá) e da Região dos Lagos (Araruama, Arraial do Cabo, Búzios, Cabo Frio, Casimiro de Abreu, Iguaba Grande, Rio das Ostras, São Pedro da Aldeia, Saquarema e Silva Jardim).

Três municípios (Araruama, Búzios e Iguaba Grande) não reportaram seus dados aos órgãos ambientais em 2020. Somente Arraial do Cabo informou possuir sistema de coleta seletiva porta a porta, tendo recuperado 188,4 toneladas de materiais, representando, 0,05% do volume de resíduos sólidos urbano gerado na região. Mesmo assim, um valor
muito abaixo da média estadual (que atualmente é 0,5%).

"Ao dividir o foco por regiões, percebemos algumas vocações específicas, como a concentração de empreendimentos do encadeamento produtivo da reciclagem na capital, na Baixada e no Sul Fluminense. Outras regiões do interior do estado, com menos expressividade em termos de empreendimentos formais, mostraram mais engajamento na segregação de recicláveis no momento da geração do resíduo. Precisamos explorar os pontos fortes de cada região e entender o que dá certo em um lugar que pode vir a funcionar em outro", detalha Isaac Plachta, presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan.

De acordo com o mapeamento, para que os resíduos pós-consumo tenham a melhor destinação possível, é preciso criar uma rede de infraestrutura e incentivar negócios que viabilizem a triagem e o beneficiamento. As recomendações, entre outras, são a criação
de incentivos para a segregação do reciclável na origem, a desburocratização das atividades relacionadas à reciclagem, o desenvolvimento de ações para a formalização dos atores da cadeia da reciclagem e ações para atração de novos investimentos no setor.