A Angústia de Jonas

Por Dom José Francisco - Foto: Thiago Maia/ Divulgação

Cidades
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Dom José Francisco*

Justo na véspera, quatro alunos resolveram se "esbaldar". Daí, perderam a prova e contaram ao professor que, na viagem, o pneu havia furado, entre outros mil problemas! Mas que, apesar disso, queriam fazer a prova!

Compreensivo, o professor respondeu afirmativamente. Que felicidade! Não viam a hora de espalhar aos quatro ventos a notícia da esperteza.

À hora marcada, o professor colocou cada aluno em uma sala diferente e entregou a prova, separadamente. A primeira pergunta, valendo 1 ponto, era: Escreva qualquer coisa sobre algo que você saiba. A segunda pergunta, valendo 9 pontos, era: Qual pneu furou?

Vejam, se a gente quer fingir, fugir, dormir, enganar, fazer mágica, só precisa ter em mente que alguma prova será respondida, e que ela só tem uma questão: Você sabe o que, realmente, quer?

Lembra do Jonas, da Bíblia? Ele não sabia.

Seu nome significa "pomba", e ele era um homem calmo, mas de uma calma ilusória, mentirosa, provisória, provocada pelo medo, não pelo conhecimento. Jonas só queria dormir, nem que fosse no porão de um navio, alheio à tempestade.

Mas, aí, no porão do navio, a voz do capitão lhe diz: Levante-se!

Oh, meu Deus! Jonas gostava tanto da vidinha dele! Ao desobedecer à voz interna, é para Társis que ele se dirige, uma colônia de férias à beira-mar: nada mal! Jonas era o homem que só queria fugir das tempestades. Nada de mal!

O problema é que quando os marinheiros se dão conta do que ele representava, caíram em cima: Quem é você? De onde vem? O que faz? As coisas não podem continuar assim!

- Lancem-me ao mar - grita Jonas.

Quando ele mergulha, o mar se acalma. Na decisão de não fugir, não mentir, não inventar estórias, uma paz misteriosa invade Jonas.

Ele havia aceitado a angústia, um sentimento genuíno, o único que ninguém produz: ela se faz sozinha.