Comércio forte de verdade

Por Charbel Tauil Rodrigues - Presidente do Sindilojas Niterói - Foto: Divulgação

Cidades
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Charbel Tauil Rodrigues*

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), divulgado nesta semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta crescimento de 1,5%, o que reflete o otimismo do setor pelo quarto mês consecutivo. De acordo com a entidade, a confiança alcançou 123,1 pontos em julho.

Na comparação anual, o crescimento é de 14,2%. O resultado, segundo a própria CNC, pode ser explicado pela retomada do consumo represado durante as restrições impostas pelas autoridades durante a pandemia e também pelas medidas de reposição de renda tomadas por municípios como Niterói, estados e pela União.

Mas apesar do otimismo dos comerciantes, é preciso lembrar que apesar de seus efeitos imediatos, essas medidas de reposição, se não forem acompanhadas de outras ações, podem gerar uma série de problemas como, por exemplo, o temido déficit orçamentário. Elas podem prejudicar as contas públicas, alimentando a inflação que vai impactar mais à frente o poder de compra do consumidor, fazendo com que voltemos à estaca zero.

Além disso, esse dinheiro que alimenta programas de auxílios sociais sai de algum lugar, de algum setor do governo que deixa de fazer investimentos necessários ao bem estar do cidadão. E voltamos de novo à estaca zero.

É claro que esse dinheiro que é injetado na economia tem o efeito imediato de aquecer o consumo, mas não garante com solidez e a longo prazo o próprio consumo, a geração de empregos nem o crescimento econômico, que é o que realmente queremos e necessitamos. É um modelo que não se sustenta, como lembrou recentemente Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente da Federação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo - Fecomércio RJ, ressaltando que o País tem 220 milhões de habitantes, mas apenas 50 milhões com capacidade de consumo.

Aumentar essa capacidade de consumo de forma artificial não resolve o problema, apenas o empurra com a barriga. Precisamos de um crescimento que seja sustentável, com investimentos públicos em infraestrutura e em ações de incentivo para o comércio, com apoio ao empreendedorismo e à desburocratização, para que o setor siga caminhando com as próprias pernas e a população não precise mais depender de favores governamentais para poder consumir.

Nós do Sindilojas Niterói batalhamos para isso, para garantir um comércio forte na cidade, com boas oportunidades para o lojista, que gera emprego e renda para o cidadão, bem como arrecadação para o governo. Arrecadação, esta, que esperamos seja revertida em conforto, bem estar e serviços de qualidade para a população.