Centro de Niterói pede socorro

Na Amaral Peixoto, pedestres disputam espaço com ambulantes irregulares e população de rua sem acolhimento - Foto: Divulgação

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Sujeira, iluminação pública precária, insegurança e falta de manutenção dos espaços públicos, como praças e monumentos históricos. O quadro de abandono do Centro de Niterói levou a Câmara de Niterói a promover no próximo dia 31 de maio, às 18h30, audiência pública para debater com moradores, comerciantes e frequentadores soluções para os inúmeros problemas do bairro. O debate público foi convocado pelo vereador Douglas Gomes. Várias lideranças já marcaram presença no evento, aberto à participação de toda a população.

O presidente do Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) de Niterói, Charbel Tauil, lembra que a Prefeitura de Niterói sempre concentrou suas ações no Caminho Niemeyer, mas faz questão de frisar que o Centro é muito mais do que apenas a região da orla.

"No ano passado a prefeitura divulgou o lançamento de editais para direcionar obras de modernização da Av. Visconde do Rio Branco e nas proximidades do bairro, que incluem o entorno da Concha Acústica, em São Domingos, e as ruas Alexandre Moura e Coronel Tamarindo, no Gragoatá. No entanto, o anúncio das intervenções, que fazem parte do Plano Niterói 450 anos, que prevê investimentos de cerca de R$ 2 bi até 2024, não contemplam as ruas internas do bairro, que há décadas sofrem com falta de infraestrutura e abandono, como se não fizessem parte do Centro", lamenta Charbel Tauil.

Segundo ele, o comércio local ainda convive com a concorrência desleal de ambulantes irregulares que atuam indiscriminadamente nas ruas, sem sofrer repressão. As ruas internas do Centro abrigam em suas praças e sob suas marquises grande número de pessoas em situação de rua, que deveriam estar sendo amparadas, qualificadas e reinseridas na sociedade.

"Diante de tanto descaso, não é à toa o grande número de imóveis comerciais e residenciais desocupados ou simplesmente abandonados na região. Monumentos como o Jardim São João, levantado no século XIX e que abriga a Catedral de São João, construída na mesma época, obras de relevância histórica e cultural, poderiam atrair público e movimentar o comércio local, contribuindo para estimular a ampliação da oferta de serviços aos moradores. Mas encontram-se ofuscados pelas vias sujas e mal conservadas, pela falta de segurança e de vagas de estacionamento, pelo excesso de engarrafamentos e pela invasão de ambulantes irregulares", acrescenta
Tauil.

Pacto pelo Centro de Niterói

Para o presidente do Sindilojas, a audiência pública na Câmara de Niterói pode representar o pontapé inicial para um verdadeiro pacto pelo Centro de Niterói. Em junho do ano passado a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou o Projeto de Lei 5. 677/22 do deputado Alexandre Freitas (Pode) criando o Programa de Recuperação do Comércio do Centro da Cidade do Rio. A iniciativa prevê uma série de ações e medidas para recuperar a região, entre elas, convênios e parcerias com a prefeitura carioca, a redução de tributos por tempo suficiente para recuperação econômica e financeira do setor, o financiamento de dívidas públicas dos estabelecimentos e a concessão de crédito a juros baixos e com financiamento público.

"Assim como o Centro do Rio, o Centro de Niterói teve sua situação agravada pela pandemia de Covid-19, que resultou no fechamento de várias lojas e consequente extinção de postos de trabalho. O nosso objetivo com o pacto é atrair investimentos para o bairro e contribuir para o seu desenvolvimento, o que trará benefícios para toda a população. Para isto, além das medidas já elencadas no projeto para o Centro do Rio, sugerimos para Niterói a elaboração de políticas públicas de incentivos à infraestrutura e à realização de eventos culturais. A ideia é atrair público para as vias internas do bairro, já que atualmente as atividades culturais se limitam à faixa da orla, isso quando não são realizadas em espaços na Zona Sul", finaliza.

Pouca iluminação e muita insegurança

Morador do Centro de Niterói há mais de 10 anos, o programador Rúbens de Castro, de 55 anos, conta que muitas pessoas que vivem no bairro têm medo de sair à noite. "Aqui de dia é tumultuado, mas quando escurece fica deserto em vários pontos. Tem muito usuário de droga que intimida mulheres e idosos em busca de uns trocados para sustentar o vício. A iluminação das ruas é fraca e não ajuda muito. A gente sempre ouve relatos de assaltos", conta.

Segundo ele, o sonho de todos que vivem no bairro é ver as ruas, prédios públicos e praças revitalizados. "Infelizmente aqui sempre foi esse abandono, com ruas sujas e calçadas esburacadas. Uma pena, pois morar aqui é muito conveniente. É perto de quase tudo e fácil de atravessar a Baía de Guanabara. Na orla tem quase tudo, o problema é voltar depois para casa", desabafa.