Governo dá bolo na audiência sobre o abandono do Centro

Ao lado do vereador Douglas Gomes, Charbel Tauil lamentou a falta de representantes da prefeitura na audiência - Foto: Divulgação

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A Prefeitura de Niterói não enviou representantes para a audiência pública na Câmara Municipal que debateu a situação precária do Centro. Diante da ausência perante o convite (presença facultativa), o vereador Douglas Gomes, que convocou e presidiu o evento, pretende agora convocar (presença obrigatória) o Governo a comparecer.

"Será ainda no mês de junho. A gente vai convocar os secretários para que eles estejam aqui presentes para ouvir. E vai encaminhar para o Ministério Público (MP) todas essas demandas, tendo em vista que o MP já está atuando por conta das obras [anunciadas para o bairro]. São obras milionárias, mas até agora a prefeitura não mostrou nenhum tipo de projeto que venha tanto beneficiar os moradores do centro, como também é os comerciantes daqui do bairro", declarou, referindo-se ao Plano Niterói 450 anos, que prevê investimentos de cerca de R$ 2 bi até 2024, mas não contemplam as ruas internas do bairro, que há décadas sofrem com falta de infraestrutura e abandono.

Associação - Diante da ausência do Poder Público, participantes da audiência decidiram se mobilizar para lotar as galerias da Casa durante a votação do pedido de convocação para a próxima audiência a fim de pressionar, visto que o Governo tem maioria na Casa. Eles também propuseram a criação de uma associação de moradores e comerciantes do bairro para ter mais força de cobrar pelas melhorias que o bairro necessita.

Invasões - Além de reclamações sobre iluminação precária, insegurança e falta de manutenção dos espaços públicos como praças e monumentos históricos entre vários outros problemas, moradores denunciaram o risco de invasão de imóveis vazios. Foi relatado que no último dia 24 de maio pessoas vestindo bonés do MST (em sua versão urbana) foram vistas circulando pelo bairro tirando fotos e filmando prédios desocupados.

Devido à situação precária do Centro de Niterói, muitos moradores se mudaram em busca de uma melhor qualidade de vida e não conseguem alugar seus imóveis. Vários comerciantes também foram obrigados a fechar suas lojas devido à falta de atrativos para a clientela no bairro, situação agravada ainda mais durante a pandemia.

Debandada - Representando a OAB Niterói, o advogado Luiz Carlos Rodrigues revelou que grandes escritórios estão tendo dificuldade de se manter na Av. Amaral Peixoto.

"Hoje a gente se limita em determinados horários para atender o nosso cliente. Às vezes, o cliente, alguma empresa, algum empresário que a gente necessite agendar um horário depois do expediente, a gente não tem como", lamenta, dizendo ter percebido a ida de escritórios para algumas salas comerciais em Icaraí. Eu, particularmente, sou diretor de uma escola que nós temos dentro da OAB. Muitos alunos pedem que os cursos sejam finalizados às 6h da tarde", referindo-se a falta de segurança no trecho até o Terminal e a Estação das Barcas.

Ausência - O presidente do Sindilojas Niterói, Charbel Tauil, por sua vez, também lamentou a ausência do Executivo. "Eu não sei o que pensa um governante. Não estar presente numa audiência pública significa o quê? Que eles não querem ouvir? Eles não querem ter a sensibilidade de ouvir para melhorar a nossa cidade? (...) O centro da cidade para esse governo da prefeitura de Niterói é a Amaral Peixoto e [a Rua da] Conceição, em parte. E do Mercado de Peixe até um pouquinho ali na frente das barcas. Mas existe um outro centro da cidade que vai Amaral Peixoto até a Rodoviária", lembrou. "Nós temos aqui nessa prefeitura mais de 60 secretarias e nenhuma atua ali dentro. Precisamos de uma Clin varrendo melhor escovando as calçadas, trocando as lâmpadas. O bairro não precisa de dinheiro, precisa é de vontade do Poder Público", frisou.

A audiência ocorreu no último dia 31 no Plenário do Legislativo, no Centro de Niterói, e contou com a presença de moradores, frequentadores, comerciantes e representantes de entidades como Sindilojas, CDL, OAB e UFRJ, além do vereador Fabiano Gonçalves. Enquanto no prédio da Câmara ocorria o debate, do lado de fora, do outro lado da calçada, várias pessoas consumiam drogas na praça da República, que segundo moradores se tornou ponto de usuários e moradores de rua.