Justiça do Rio afasta Crivella de suas funções públicas

Prefeito atribuiu a sua prisão a uma perseguição política - Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Rio de Janeiro
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Uma determinação da Justiça do Rio de Janeiro acaba de instituir o afastamento do prefeito Marcelo Crivella de suas funções públicas. Ele foi preso na manhã de hoje durante a Operação Hades, uma ação conjunta entre a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Em um documento judicial, a desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita determina que o prefeito dispense qualquer realização de atos inerentes ao exercício do cargo. Ainda no despacho da prisão, a desembargadora diz que Crivella seria o chefe de uma organização criminosa que atuava dentro da prefeitura, e que embora restem poucos dias de mandato, a atuação do prefeito até lá traria riscos à ordem pública.

Para  Rosa Helena, os crimes cometidos pelo QG da Propina, esquema em que Crivella atuava juntamente com os outros presos, ocorreram de modo permanente ao longo de quatro anos de mandato, e que começaram a ser planejados durante a campanha eleitoral do prefeito.

Além de Crivella, foram presos: o empresário Rafael Alves, o delegado aposentado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro da campanha de Crivella, Mauro Macedo, além dos empresários Adenor Gonçalves dos Santos e Cristiano Stockler Campos.

Os presos passarão por uma audiência de custódia às 15h, no Tribunal de Justiça, para promover a legalidade destas prisões. Com o afastamento de Crivella, Jorge Felippe assume a prefeitura do Rio de Janeiro até o dia 31 de dezembro.

Grupo arredou cerca de R$ 50 milhões

Conforme o subprocurador-geral de Justiça, Ricardo Ribeiro, a organização criminosa que atuava no QG da Propina começou as atividades ilícitas durante a campanha de eleição de Crivella, desde lá, arrecadando cerca de R$ 50 milhões em propinas.

A desembargadora Rosa Helena afirmou que depois de Marcelo Crivella foi eleito, Rafael Alves passou a ocupar uma sala na sede da Riotur, empresa municipal de turismo, mesmo sem exercer cargo público. O doleiro Sergio Mizrahy, responsável por entregar o esquema durante uma prisão em 2019, disse que esteve no local diversas vezes para entregar ao empresário dinheiro em espécie, fruto de operações de troca de cheques resultantes da cobrança de taxa de serviço.


“Relatou ainda o colaborador Sérgio Mizrahy que Rafael Alves cobrava propina para autorizar o pagamento de faturas atrasadas a empresas credoras, destinando o percentual de 20% a 30% a Marcelo Alves, seu irmão, então presidente da Riotur, e outro percentual ao prefeito Marcelo Crivella”, destacou a Rosa Helena.

O Ministério Público ressalta que, embora Crivella não tenha sido reeleito, o que resulta na perda de foro especial, as medidas cautelares requeridas devem ser imediatamente analisadas, sob pena de ver frustrados a eficácia da investigação e dos desdobramentos da mesma.