Projeto leva saúde a pessoas LGBTI+ em situação de vulnerabilidade

Programa visa a desconstruir as barreiras de acesso de pessoas LGBTI+ à saúde e embasar outras iniciativas de mitigação dos impactos da Covid-19 - Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio

Rio de Janeiro
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A Coordenadoria Executiva da Diversidade Sexual (Ceds) da Prefeitura do Rio lança nesta quarta (21) o Projeto Garupa, ação de promoção de saúde de pessoas LGBTI+ em situação de vulnerabilidade social. Realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Coordenadoria-Geral de Relações Internacionais e Cooperação, que assim como a Ceds é vinculada à Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública (SEGOVI), o programa visa a desconstruir as barreiras de acesso de pessoas LGBTI+ à saúde e embasar outras iniciativas de mitigação dos impactos da Covid-19 junto àquela comunidade.

As ações serão realizadas por equipe de dez agentes vinculadores trans e travestis, que irão atuar presencialmente em todo o município. Será feito mapeamento das pessoas LGBTI+ em vulnerabilidade, que serão encaminhadas para o cadastro junto à rede de atenção básica de saúde. Após este primeiro contato, as pessoas contempladas pelo projeto continuarão a ser acompanhadas pela equipe até serem vacinadas contra a Covid-19.

Ao longo do programa, também serão promovidas ações educativas sobre saúde sexual, direitos civis e prevenção ao coronavírus e outras infecções, e coletadas informações sobre a condição de vida dos usuários. O objetivo da pesquisa é obter um retrato da população LGBTI+ carioca em vulnerabilidade, a fim de embasar futuras políticas públicas voltadas a esta comunidade.

– É muito importante que todos os segmentos populacionais em vulnerabilidade social tenham acesso à saúde e à vacina contra o coronavírus. Essas pessoas, inclusive, formam um importante grupo prioritário do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a Covid-19. Com o Projeto Garupa, garantimos a promoção da saúde às pessoas LGBTI+ em situação de vulnerabilidade social e o acesso delas à vacina. Não se trata de beneficiar este grupo, mas garantir que ele não será excluído e que terá resguardado seus direitos de cidadãos brasileiros e cariocas – diz o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz.

O projeto chega às ruas da cidade já nesta semana, e a previsão é de que as ações durem até setembro. Embora contemplem todos os segmentos da população LGBTI+, as ações atuais são focadas em pessoas trans e travestis. A equipe de vinculadores será liderada por uma agente articuladora, responsável por coordenar aqueles que estarão em campo, e que contará com duas assistentes.

Os agentes foram selecionados por meio de processo seletivo realizado de maneira híbrida, em duas etapas (análise de currículos e entrevistas). Para garantir o respeito às individualidades e ao local de fala das equipes e do público-alvo, a elaboração do programa contou com a assessoria de um comitê de validação, integrado por representantes da sociedade civil e de movimentos sociais LGBTI+.

– Dentro da comunidade LGBTI+, as pessoas trans e travestis são as mais excluídas de seus direitos fundamentais. São elas as que enfrentam as maiores barreiras de acesso à saúde, ao trabalho formal e a condições dignas de vida, e estudos apontam que a pandemia agravou ainda mais este cenário. Com o Garupa, queremos aproximar essas pessoas do poder público e garantir que elas estejam cientes de seus direitos e da importância de estarem vinculadas à atenção básica de saúde para terem melhor qualidade de vida – afirma o coordenador executivo da Diversidade Sexual, Carlos Tufvesson.

O Projeto Garupa é uma das 18 iniciativas para a vacinação selecionadas para participarem do “Partnership for Healthy Cities: Covid-19 Response” (em português: “Parceria para Cidades Saudáveis: Resposta para a Covid-19). A iniciativa, liderada pela Bloomberg Philanthropies em parceria com a Organização Mundial da Saúde e
a Vital Strategies, concedeu ao Rio de Janeiro US$ 50 mil para a execução do programa. Além do Rio, foram contemplados projetos de cidades como Guadalajara, no México, Cidade do Cabo, na África do Sul, e Medellín, na Colômbia. Fortaleza, no Ceará, é a outra representante brasileira no grupo.

– O Rio se organizou para aprimorar seus serviços e ampliar seu alcance, tornando-os mais democráticos. Foi pensando em diversidade e inclusão que buscamos essa parceria internacional. A cidade reconectada com o mundo agora conta com o apoio do Partnership for Healthy Cities para fortalecer suas políticas públicas municipais, desta vez com olhar especial às pessoas trans e travestis. Estamos abertos à cooperação externa, pois sabemos que os resultados são historicamente positivos para o Rio e toda a população – concluiu o chefe das Relações Internacionais e Cooperação da Prefeitura, Bruno Oliveira.