Cadeira Julietti faz sua primeira expedição em trilhas de SG

Há mais de dois anos, Guilherme Simões criou a Julietti, uma cadeira de rodas adaptada para trilhas com acessos difíceis, especialmente para a sua mulher, Juliana Tozzi, que quando estava grávida do primogênito do casal, recebeu o diagnóstico de degeneração cerebelar paraneoplásica, uma síndrome neurológica extremamente rara que deixou Juliana com limitações físicas. Este mês,Julietti realizou o seu primeiro passeio por São Gonçalo.

O sucesso e a aceitação da cadeira foram tão grandes que Guilherme desenvolveu o projeto "Montanha para Todos", no qual já distribuiu cadeiras adaptadas em quase todo o Brasil, com intuito de promover a acessibilidade em todos os lugares, inclusive em diferentes locais do Rio de Janeiro, como Niterói e São Gonçalo.

Sob responsabilidade do Clube Niteroiense de Montanhismo - CNM, a cadeira pode ser reservada pelo e-mail da instituição para uso em diferentes trilhas, junto com os responsáveis pelo projeto nos locais.

Criada em meio a uma dificuldade, a cadeira adaptada Julietti auxilia pessoas com deficiência em grande parte do Brasil a continuarem realizando trilhas. Daniel Rangel, de 24 anos, possui mobilidade reduzida, após contato com a herpes zoster, que atingiu sua medula. Ele utilizou a cadeira, pela primeira vez, em uma trilha de São Gonçalo.

"Aos 16 anos tive uma inflamação na medula devido ao vírus da herpes zoster, a qual se alojou na medula me deixando então paraplégico, fiz meu processo de reabilitação na instituição Andef, onde consegui ter novamente o controle de tronco, da minha sensibilidade e de parte da força nas pernas, porém não obtive tanta melhora ao ponto de voltar a ser uma pessoa sem deficiência. No dia 3 de novembro, tive a oportunidade de poder participar junto com meu amigo Bruno Freedom e a cadeira adaptada Julietti, do Projeto Montanha para Todos", conta.

A trilha é realizada na Área de Preservação Ambiental (APA) do Engenho Pequeno, local popularmente conhecido como o "pulmão" de São Gonçalo, e fica próximos à APA de Pendotiba. Com área de 0,13km², é caracterizada por vegetação de Mata Atlântica secundária e terciária.

"É desafiador fazer uma trilha andando, imagine carregando uma pessoa numa cadeira adaptada, não é tão fácil. Mais legal desse projeto é poder contribuir com a acessibilidade de um cadeirante ou aquela pessoa que tem mobilidade comprometida, compartilhando as nossas pernas. Passo-a-passo, esforço, é desafiador. Mas a maior recompensa é ver o sorriso do cadeirante quando a gente alcança o mirante, aqui na APA do Engenho Pequeno, o visual da cidade é incrível", comenta Bruno Freedom, guia de turismo e idealizador do @curtosg.n

A satisfação do participante vale qualquer esforço para seguir com o projeto

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