Opinião: Mais protagonismo do Instituto Vital Brazil  

Por Felipe Peixoto - Foto: Divulgação

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Diante do cenário imposto a todos nós pela pandemia do coronavírus, assistimos diversos institutos de pesquisa assumindo o protagonismo na luta por vacinas para conter a doença, inclusive no Brasil. Um exemplo é o Butantan, em São Paulo, que até meados desse mês distribuiu mais de 25 milhões de doses da Coronavac e acaba de anunciar a produção de um imunizante 100% nacional, com a previsão de sair do forno em três meses.

Enquanto isso, vemos tardiamente o Instituto Vital Brazil – o IVB que, como o Butantan, foi criado pelo médico Vital Brazil – só agora começar a negociar com o Ministério da Saúde e o Governo Federal a compra de 100 milhões de vacinas e a criação de uma fábrica de imunizantes com a multinacional indiana Zydus Cadila, uma das maiores farmacêuticas do mundo.

Muito me entristeceu ver que o nosso IVB, que durante séculos foi protagonista de diversas iniciativas em prol da saúde pública brasileira, se concentrou em apenas uma única tentativa de produção de soro relacionado ao novo vírus. Como essa instituição centenária, que é um dos 21 laboratórios oficiais brasileiros e um dos quatro fornecedores de soros contra o veneno de animais peçonhentos para o Ministério da Saúde, não buscou parceria com institutos internacionais ou fabricantes de insumos para a produção da vacina do coronavírus no nosso país?

Triste ver o Vital Brazil lanterninha neste ranking pela vida. Duro mesmo ver a situação de atraso deste instituto que durante décadas liderou iniciativas em prol da saúde pública. O IVB reúne todas as condições de ter, lá no início desta pandemia, investido em parcerias e sair na frente na fabricação da vacina da Covid-19. Creio que grande parte da responsabilidade por essa demora se deva a alterações sistemáticas de gestores no instituto. Aliada a diversos fatores, a grande rotatividade na diretoria, sem dúvida, prejudica a criação de políticas públicas e de iniciativas para o desenvolvimento de novos projetos e parcerias.

O IVB tem que reassumir urgente o lugar de protagonista que sempre ocupou, liderar esse processo, fazer parcerias com setores públicos e privados para que a gente possa, efetivamente, gerar empregos e renda para que todos os recursos de compra de medicamentos fiquem no nosso estado, assim incentivando o desenvolvimento econômico do Rio de Janeiro. Nosso estado precisa e merece esse protagonismo. Aqui temos instituições de ponta, como a Fiocruz, já na vanguarda em relação a medidas de contenção do coronavírus por meio de vacinas, e o Instituto BioManguinhos. Saúde pública faz parte da nossa história e precisamos resgatar isso.

*Felipe Peixoto é deputado estadual do Rio de Janeiro