A necessária disciplina

Charbel Tauil, presidente do Sindicato dos Lojistas de Niterói, traz os bastidores da rede varejista da cidade e as principais novidades do setor - Foto: Divulgação

Charbel Tauil
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Chegamos ao último trimestre do ano duplamente preocupados: com o baque econômico sofrido pelo país, é claro; mas também com a visível multiplicação, por toda a cidade, de situações irregulares em vários ramos de comércio e de serviços. Já não são mais "apenas" os vendedores ambulantes sem registro a inundar praças e calçadas: os espaços públicos estão tomados por carros que estacionam e vendem de tudo: quentinhas, pães, bolos, tapetes e roupas -- e isto só para citar os produtos mais frequentes. Também estão se tornando cada vez mais comuns as estruturas de bancas de jornais transformadas em lojinhas apenas de bebidas, brinquedos, lanches ou capas para celulares. Vale isso?

É claro que não. Nós, como representantes do Comércio Lojista de Niterói, sabemos muito bem que não. Não pode valer. Mas estamos assustados com a velocidade e a facilidade com que ultimamente proliferam as situações de flagrante absurdo. Inclusive porque ocorrem de forma rotineira e à luz do dia, em locais movimentados e de fácil acesso. Como é que esses irregulares não são incomodados? Já o comerciante tradicionalmente estabelecido, este é submetido a toda sorte de leis, portarias, obrigações, taxas e fiscalizações, todo o tempo. Um peso, mas duas medidas -- e totalmente desiguais.

Que fique bem claro: obras públicas e investimentos privados são sempre muito imporantes para qualquer cidade, mas não bastam por si sós. Além deles, é absolutamente fundamental que se mantenha um mínimo de ordem urbana. Sem isto, nada feito. Não é em meio ao caos e à falta de respeito às leis que se vai pavimentar a estrada da recuperação econômica, social ambiental ou cultural.

É óbvio que tempos de dura crise requerem um mínimo de flexibilidade por parte dos representantes do Poder Público -- porém, que isto não seja jamais uma desculpa para se instaurar um clima de "liberou geral", conjugando desordem urbana, sonegação de tributos, desrespeito a direitos trabalhistas e, ainda, concorrência desleal aos comerciantes legalmente estabelecidos.

O Sindilojas Niterói fica especialmente preocupado com tal cenário agora, com a proximidade do período de final de ano, que é quando estará em jogo a sobrevivência comercial de incontáveis estabelecimentos, lembrando que cada um deles é um recolhedor de impostos e um mantenedor de diversos empregos diretos e indiretos.

O Comércio local quer -- e merece -- que se imponha a necessária disciplina urbana em nossa cidade.