"É preciso desburocratizar e simplificar o acesso ao fomento"

Edilásio Barra, da diretoria da Ancine - Foto: Divulgação

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Desde o último dia 5, Edilásio Barra integra a Diretoria Colegiada da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Depois de comandar por alguns meses a Superintendência de Desenvolvimento Econômico, responsável pela operação do Fundo Setorial do Audiovisual - FSA, Edilásio enfrenta agora o desafio de contribuir para a construção de uma nova política pública para o cinema e o audiovisual no Brasil, mais ágil e menos burocrática.

Formado em Jornalismo em 1984, Edilásio tem 40 anos de experiência profissional na televisão e na cultura, nas mais diferentes funções. Nesta entrevista, ele fala sobre seus planos na Ancine e defende a descentralização dos mecanismos de fomento geridos pela Agência: "São recursos públicos que devem gerar oportunidades para produtores de todas as regiões do Brasil", afirma.

- Quais são os seus planos como diretor da Ancine?

EDILÁSIO BARRA: Estou ciente da importância da Ancine e irei me empenhar para corresponder ao desafio de contribuir para o desenvolvimento do setor audiovisual no Brasil. Em conjunto com os outros diretores, pretendo contribuir para a construção de uma nova política pública para o cinema e o audiovisual no Brasil, mas ágil e transparente, mais eficaz, menos burocrática e mais alinhada com os anseios da população. É possível aprimorar a atuação na Ancine em todas as suas áreas de atuação: fomento, regulação e fiscalização.

- Parte da imprensa questionou suas qualificações para o cargo, criticando o fato de você ter sido pastor...

EDILÁSIO: Tenho quatro décadas de experiência profissional no audiovisual, nas mais variadas funções, de figurante a apresentador, produtor e diretor de documentários e de programas de sucesso na televisão. Eu me formei em Jornalismo em 1984 e tenho 15 anos de docência no ensino superior, lecionando sobre produção e direção de TV. Já trabalhei nas principais emissoras de TV do Brasil. Nos últimos meses, trabalhei diretamente como gestor de políticas públicas para a cultura, inclusive como titular da Superintendência de Desenvolvimento Econômico da Ancine. Infelizmente, alguns jornalistas preferem ignorar tudo isso e tentam me atacar destacando a minha crença religiosa. Dizem defender o discurso da tolerância, mas praticam intolerância religiosa, porque a competência de um gestor público não tem nada a ver com a sua fé.

- O Fundo Setorial do Audiovisual - FSA é hoje o principal mecanismo de fomento ao cinema e ao audiovisual no Brasil. De que forma é possível aprimorar esse mecanismo?

EDILÁSIO: Desde que assumi a Superintendência de Desenvolvimento Econômico da Ancine, venho estudando maneiras de tornar o fomento mais ágil, eficaz e transparente, com mais segurança para os agentes de mercado e com responsabilidade junto aos órgãos de controle. Para isso será preciso buscar caminhos para a desconcentração de recursos. Como paraense que sou, conheço de perto a realidade e as dificuldades enfrentadas pelos profissionais da cultura fora da Região Sudeste. Considero fundamental atender as necessidades tanto dos empreendedores da cultura quanto da população dessas regiões, carentes de bens e serviços culturais e de acesso a conteúdos audiovisuais de qualidade. Mas é preciso esclarecer que a definição de critérios para a gestão do fundo é realizada pelo Comitê Gestor do FSA. A Ancine é responsável apenas pela pela operacionalização das políticas elaboradas pelo Comitê Gestor.

- Você já declarou numa entrevista que "a esquerda tem de entender que a direita assumiu esse país". Fale sobre isso

EDILÁSIO: O projeto que saiu vitorioso nas urnas é diferente do projeto dos governos anteriores. Fazer igual ao que era feito antes seria trair a confiança dos eleitores e desapontar os valores da maioria da população, que elegeu democraticamente este Governo. Sou liberal na economia e conservador nos costumes com muito orgulho, acredito na família a nos bons costumes. Mas parece que, para uma parte da mídia, defender os valores da família é errado. É preciso entender e aceitar e entender os valores e a vontade da maioria, democracia é assim.

- Quais são as suas expectativas para a gestão de Regina Duarte?

EDILÁSIO: Considero a Regina Duarte uma artista de talento, experiente e muito qualificada para o cargo. Desejo sucesso a ela nesse grande desafio que será conduzir a política cultural do Brasil.

- Fale um pouco sobre seu cotidiano fora do trabalho.

EDILÁSIO: Sou uma pessoa comum. Sou flamenguista, gosto de tomar um vinho, aprecio de samba e pagode, açaí e tacacá. Sou paraense com orgulho e, sendo um nortista, sei como é difícil produzir cultura fora dos grandes centros. É preciso descentralizar, dar oportunidade aos brasileiros de todas as regiões do país, oportunidade tanto para produzir quanto para consumir bens e serviços culturais.