OMS: Brasil e outros países vão propor investigações

Ernesto Araújo diz que vai e vem de informações prejudica combate à covid-19 - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, informou que um grupo de países, incluindo Brasil, Austrália e membros da União Europeia, vai propor uma investigação sobre as decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e um processo de reforma da entidade. Araújo disse que há, por parte do órgão, "falta de independência, de transparência e de coerência nos posicionamentos e orientações sobre aspectos essenciais" no enfrentamento à pandemia de covid-19.

Ele citou, por exemplo, informações sobre a origem do novo coronavírus, o compartilhamento de amostras, o contágio por humanos, modos de prevenção, quarentena, uso da hidroxicloroquina, indumentária de proteção e transmissibilidade por assintomáticos. "Em todos esses aspectos, a OMS foi e voltou [na recomendação], às vezes mais de uma vez, e isso nos causa preocupação", disse Araújo.

Para o ministro, o problema é sistêmico, e não acidental, e deve ser investigado mesmo durante a pandemia. "Cada dia, essas decisões e esse vai e vem prejudicam os esforços de todos os países", disse.

Na semana passada, o próprio presidente Bolsonaro fez críticas à organização e disse que o governo brasileiro poderia até deixar a entidade que, de acordo com ele, atua "com viés ideológico".

Bolsonaro fez referência à controvérsia causada por pesquisas conduzidas pela OMS sobre a hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus. A organização acabou retomando os estudos com o medicamento, após aplicar suspensão dos testes por 10 dias. Anteontem, a OMS também afirmou que a transmissão da covid-19 por pessoas sem sintomas da doença, como febre ou tosse, parece ser "rara". Na segunda-feira voltou atrás e reconheceu a transmissão assintomática, após críticas de especialistas. O anúncio chegou a ser destacado por Bolsonaro para defender o fim do isolamento social e a retomada das atividades.

Alerta - A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alerta que o novo coronavírus continua a se disseminar muito fortemente no Brasil, no Peru e no Chile. O organismo alerta para a chegada do inverno na América do Sul e para o aumento de infecções respiratórias, que podem dificultar o diagnóstico de covid-19.

Segundo a organização internacional, quase metade de todos os casos de covid-19 no mundo estão em países das Américas, que somam 3,3 milhões de infectados.

"Na América do Sul, a resposta à pandemia será dificultada pela chegada do inverno, enquanto a temporada de furacões complicará os trabalhos na América Central, América do Norte e Caribe. Não temos dados de que a temperatura ou a umidade repercutem na propagação da doença, mas sabemos que o inverno exacerba infecções respiratórias, além de gripe e pneumonia, que podem propagar-se rapidamente em climas mais frios e ambientes fechados", afirmou a diretora da Opas, Carissa Etienne.