Mais da metade das pessoas nas favelas não se previne

Milícias estão presentes em mais de 20% dos bairros do Grande Rio - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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Mais da metade dos moradores de favelas, 51%, não consegue seguir as medidas de prevenção ao contágio do novo coronavírus (covid-19) como gostaria, mostra pesquisa divulgada ontem pelo Datafavela, em uma parceria entre o Instituto Locomotiva e a Central Única das Favelas (Cufa). Foram ouvidas 3.321 pessoas.

Segundo o estudo, 39% dos residentes nessas comunidades estão procurando seguir as recomendações de isolamento social e uso de itens de proteção, mas nem sempre conseguem; enquanto 12% disseram que simplesmente não conseguem incorporar as medidas em suas vidas. Os que estão procurando se prevenir e não têm encontrado obstáculos somaram 41% e 8% disseram que não estão nem tentando se prevenir.

A situação das moradias nas favelas também dificulta o isolamento. De acordo com a pesquisa, em 48% dos domicílios dessas comunidades vivem entre quatro a sete pessoas. Porém, 59% das casas têm no máximo dois quartos. Na média geral, dormem 2,6 pessoas por quarto.

"Se um trabalhador se contamina, ele não consegue deixar alguém do grupo de risco isolado dentro da própria casa", disse o presidente o Instituto Locomotiva, Renato Meireles.

Trabalho - Entre os que não seguem as medidas de prevenção contra o coronavírus, 72% apontaram a necessidade de trabalhar e manter a renda como principal motivo. Porém, 45% também responderam que não acreditam que precisam seguir todas as medidas e 39% não acham que a doença seja "tão grave".

O levantamento mostra que 24% dos residentes de favelas saíram de casa todos os dias na última semana; 11% deixaram a residência em seis dias, ficando em casa apenas um, e 15% estiveram na rua por cinco vezes no período, o que mostra que metade dessa população não ficou em casa por mais de dois dias em uma semana. Por outro lado, 30% conseguiram manter um isolamento mais rígido, saindo apenas um ou dois dias na semana.