Não vai faltar água no verão, afirmam concessionárias

Todo ano, antes do verão, a Cedae realiza paradas programadas nos sistemas para garantir a eficácia de seu funcionamento - Foto: Divulgação/Cedae

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Com a expectativa de maior consumo de água com a aproximação da estação mais quente do ano, o verão, aumenta também a preocupação da população com o risco de falta d'água. Mas de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), não há motivos para preocupação, pois o principal manancial de água que abastece o Rio de Janeiro, o Paraíba do Sul, está com volume acumulado de 45%. No ano passado, no mesmo período, o valor era bem abaixo, em 30%.

A Companhia de Distribuição de Águas e Esgoto (Cedae) informa que, anualmente, antes do início do verão, são realizadas paradas programadas nos Sistemas Guandu-Lameirão e Imunana-Laranjal com objetivo de garantir a eficácia destes sistemas no período da época mais quente do ano.

Responsável pelo abastecimento de água de nove municípios do Estado do Rio, o Grupo Águas do Brasil afirma que todas as cidades atendidas pela concessionária estão preparadas para o período de Verão. Além de conscientizar a população sobre a necessidade do uso consciente dos recursos, a empresa desenvolve ações para reduzir as perdas d’água. Dos pontos atendidos, a maioria tem abastecimento de água tratada para 100% da população.

A Águas de Niterói, que cuida do abastecimento da Cidade Sorriso, atende a 100% da população através do sistema Imunana-Laranjal, operado pela CEDAE. Segundo a concessionária, através deste canal, o sistema bombeia a água do rio Macacu/Guapiaçu até a Estação de Tratamento de Água Laranjal, localizada em São Gonçalo.

O abastecimento da cidade - que pode receber até 2.100 litros por segundo do volume total de água tratada pela ETA Laranjal - é monitorado 24 horas por dia através do Centro de Controle Operacional (CCO). A medida possibilita que a empresa analise e atue de acordo com as alterações de demanda da população.

Em Resende, a concessionária Águas das Agulhas Negras também já atingiu 100% da população abastecida por água tratada, assim como a Águas do Paraíba, que universalizou a captação, produção e abastecimento de água para uma população de quase meio milhão de pessoas de Campos dos Goytacazes. Um dos maiores poços de produção do Estado está no município.

Paraty, umas das áreas mais turísticas do Rio, tem abastecimento para 100% da população em área urbana. De acordo com a concessionária, é possível manter o abastecimento mesmo nas épocas de alta temporada, e “o índice de tratamento de água foi elevado de zero para 100%, assim como a disponibilidade de água”.

A Águas de Nova Friburgo, atinge 99% da população, investe em projetos de redução de perdas. Três municípios são atendidos pela Águas de Juturnaíba (Araruama, Saquarema, Silva Jardim), onde o abastecimento chega para 98,8% da população. A concessionária realiza todo fim e início de ano o Plano de Verão, um programa que prevê aumentos da vazão do abastecimento, contingente de carros-pipa, atendimento no call center e campanhas de redução de fraudes e furtos de água para garantir o serviço. Previsão de universalização é para até 2023.

Em Petrópolis, a Águas do Imperador possui sete Estações de Tratamento de Água (ETAs) automatizadas, com capacidade para atender 95% da população e, desde setembro, constrói mais uma. Duas elevatórias adicionais podem reforçar o abastecimento em casos de necessidade.

De acordo com o Grupo Águas do Brasil, várias ações são desenvolvidas para que a população faça uso consciente da água. Entre as medidas, está a oferta de folhetos e materiais educativos nas lojas de atendimento, palestras em escolas e reuniões em associações de moradores. Além disso, a concessionária promove ações para reduzir perdas de água, fiscalizar irregularidades e possíveis furtos, instalando e substituindo medidores, substituindo rede de distribuição e ramais antigos e obsoletos, e ainda: “implantação de novas redes para eliminação de ramais clandestinos e regularização de consumidores fora da base de clientes; obras de setorização dos sistemas de distribuição; utilização de equipamentos para detecção de potenciais vazamentos não visíveis; modelagem hidráulica contratada e em execução; equipes treinadas trabalhando nas vistorias de perdas, cadastrando novos clientes, executando serviços tais como substituição de hidrômetros e padronização de ligações”, informou o grupo através de nota.

Na Região dos Lagos, parte das cidades é abastecida pela Bacia Lagos São João e municípios como Araruama, Saquarema e Silva Jardim atendidas pela concessionária Águas de Juturnaíba. A companhia opera com uma média de 16 milhões de litros de água por segundo, em oito reservatórios, o que afasta qualquer possibilidade de crise com a chegada do forte calor, segundo o órgão.

"Durante a alta temporada o sistema funciona com aumento de 50% da vazão. Ações voltadas para o planejamento do verão se iniciam no período de dezembro a março para a população residente e flutuante", avisou Carlos Gontijo, superintendente de Águas de Juturnaíba.

Em outras regiões como Cabo Frio, Arraial do Cabo, Armação dos Búzios, São Pedro da Aldeia e Iguaba Grande, o abastecimento é de responsabilidade da Prolagos. A concessionária inaugurou recentemente uma nova adutora, com 42 Km de extensão e investimento de R$ 80 milhões, reforçando em 30% o sistema de distribuição de água. O aumento da capacidade é fundamental para o verão, quando a população residente e flutuante aumenta.

"No verão passado, a procura pela região superou em 20% a média histórica. As cidades atendidas receberam o maior número de visitantes dos últimos cinco anos (835.456, que somados à população local ultrapassa 1,25 milhão de habitantes) - 190 mil a mais em relação ao mesmo período de 2017", detalhou Sergio Braga, diretor Presidente da Prolagos.

Para Júlio Wasserman, doutor e professor em Oceanografia Química, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a situação de abastecimento no Estado do Rio é estável, mas é preciso atenção na gestão. "Já é realizado o trabalho de previsão e gestão no controle de produção e abastecimento de água, acompanho junto a algumas concessionárias, esse esforço se deve a longo prazo. Não se pode esperar para agir quando água estiver acabando, em cima da hora", pontua.

Projetos - São Gonçalo, o segundo município mais populoso do estado do Rio de Janeiro, se prepara para não enfrentar problemas de falta de água no verão que se aproxima. Na função de assessor especial de projetos da Companhia de Distribuição de água e Esgoto (Cedae) no município, Dejorge Patrício vem desenvolvendo projetos de curto, médio e longo prazo em benefício da população gonçalense. Segundo Dejorge, serão investidos quase R$ 40 milhões.

Na última semana, começou uma obra de extensão da rede de abastecimento de água potável na Rua Doutor Olavo Lamego, no bairro Pita, que vai beneficiar mais de 300 imóveis da região. O investimento da ação, que deve durar em torno de um mês, é de R$ 200 mil.

Dejorge adianta que, em breve, estarão circulando por São Gonçalo, três caminhões vac all, que desentopem os esgotos da cidade. Antes, segundo o assessor, só existia um veículo desse tipo circulando no município.

Os planos de Dejorge também contam com a instalação de uma bomba gigante que vai jogar um volume maior de água para o reservatório. Esse projeto, orçado em R$ 10 milhões, vai atingir mais de 100 mil pessoas.

Dejorge pretende avançar em questões relacionadas à rede de tubulações, para que a população que sofre com a falta de água tenha esse problema enfim resolvido. Com isso, entre os projetos estão, ainda, melhorias de abastecimentos para os bairros Novo México, Vila Iara, Boaçu e Mutondo.

Com Isabelle Villas Boas e Carolina Ribeiro