Restaurante Popular de Niterói comemora três anos de reinauguração e mais de duas milhões de refeições servidas

O café da manhã, servido de 6h às 9h, custa R$0,50 e almoço, servido das 11h às 15h, custa R$2 - Foto: Leonardo Simplício / Prefeitura Municipal de Niterói

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Em três anos, desde que a Prefeitura de Niterói assumiu sua administração, o Restaurante Cidadão Jorge Amado, no Centro, já recebeu mais de 1,6 milhões de pessoas e serviu mais de duas milhões de refeições. Diariamente são preparados, em média, 70 quilos de feijão, 180 quilos de arroz, 40 quilos de macarrão, 40 quilos de farinha, 15 quilos de canjiquinha ou fubá, 160 quilos de legumes e 226 quilos de proteína – sempre duas opções.

O casal Patrícia Ramos, de 43 anos, e Raphael Rodriguez, de 35, frequenta sempre o local.

“Eu prefiro gastar R$ 2,00 aqui e me alimentar direito do que comer um salgado com refrigerante e gastar mais que o dobro. Dependendo do lugar que eu for, uma refeição não sai menos de R$ 10 e com esse dinheiro eu almoço aqui a semana toda”, conta Patrícia, que também estava acompanhada da filha Beatriz, de 20, e da neta Camile, de apenas 11 meses, que estava se refrescando com a melancia da sobremesa.

“A reabertura do restaurante foi um ato de humanidade, coragem e demonstração de comprometimento com os cidadãos, principalmente a população mais vulnerável da cidade e dos municípios vizinhos. O restaurante consolida a política de segurança alimentar, nutricional e de assistência social no nosso município”, disse a secretária de Assistência Social e Direitos Humanos, Flávia Mariano.

O restaurante funciona de segunda a sexta-feira, de 6h às 9h, para o café da manhã e, de 11h às 15h, para o almoço. As refeições custam R$ 2,00 e o desjejum R$0,50. O restaurante, que é aberto ao público, atrai pessoas de todo o Estado do Rio.

Esse é o caso do grupo de amigas com idade entre 72 e 92 anos que vem todos os dias de Caxias para almoçar no Centro de Niterói. Iraci Gomes da Silva, de 80, explica que existe um restaurante popular mais perto de sua casa, mas que ela e outras quatro amigas preferem a comida do restaurante Jorge Amado.

“A gente pega o ônibus todos os dias, faça chuva ou sol, para almoçar aqui. Além da qualidade da refeição e o ótimo atendimento, tudo é bem limpo e organizado. Lá (em Caxias) a gente tem desconfiança”.

Pela primeira vez, Jurema Cabral, de 73, veio acompanhar as amigas e disse que entendeu o motivo delas atravessarem a ponte: “A comida é gostosa e o ambiente é tranquilo. Também tem mais segurança aqui em Niterói”.

Frequentador assíduo, Wellington da Cruz (65) vem de São Gonçalo e desfruta não apenas do almoço, mas também da sala de leitura do Centro de Convivência Zélia Gattai.

“Sempre que posso, paro aqui para ler ou ouvir alguma palestra. Leitura é conhecimento, melhora as conversas e eu adoro. Também adoro escrever”, revelou Wellington, com brilho nos olhos.

O espaço funciona dentro do Restaurante das 10h às 15h, e todos os usuários podem acompanhar as exposições literárias e artísticas, leitura de livros e também usufruir de outros serviços, como aferição de pressão.

Nutricionista responsável pela unidade, Ana Paula de Queiroz Santos explica que, por conta da diversidade do público, a equipe técnica do restaurante é minuciosa com o cardápio.

“Pensamos na questão nutricional de forma geral, mas entendendo que vai do idoso que tem necessidades especiais ao popular de rua que, muitas vezes, tem aqui sua única refeição do dia”, afirma.

Além dos cuidados com a alimentação, Ana Paula informa que a equipe também passa por diversos treinamentos que incluem asseio pessoal e técnicas de atendimento ao público, além das capacitações específicas para cada área.

“Para preparar as 1.700 refeições diárias, chegamos aqui às 6h. Tudo é feito no mesmo dia”, ressaltou.

O cardápio é mudado semanalmente e publicado, junto com a programação do Centro de Convivência, na página www.facebook.com/centrozeliagatai.

Reabertura – Municipalizado pelo prefeito Rodrigo Neves em janeiro de 2017, a Prefeitura de Niterói investe cerca de R$ 3 milhões por ano para manter o local funcionando. O espaço é administrado pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos. O restaurante chegou a ficar fechado quando o governo do Estado, que administrava o espaço, passou por uma crise financeira.