UFF dribla a crise e vislumbra um 2020 de conquistas

Antonio Claudio Lucas da Nóbrega precisou realizar cortes de R$ 30 milhões no orçamento para equilibrar as contas da instituição no ano passado - Foto: Alex Ramos

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Missão de guerra. É dessa forma que o reitor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, classifica seu primeiro ano de atuação no cargo. Além dos obstáculos de praxe no início de qualquer gestão, foi preciso lidar com a tensão política e, principalmente, o contingenciamento de verbas. Depois de um período tão desafiador, Antonio Claudio colhe os frutos de, pela primeira vez, reduzir a dívida, e vê com otimismo o ano de 2020, com a pretensão de entregar obras que se tornaram elefantes brancos, como a do Instituto de Arte e Comunicação Social (IACS) - esperada há 11 anos -, e de reabrir programas de extensão e bolsas de pesquisa. A curto prazo, seguindo a diretriz da inclusão, a ideia é tornar o Restaurante Universitário gratuito para cerca de 2 mil alunos em situação de vulnerabilidade social, já a partir do próximo semestre.

Para o reitor, um conjunto de fatores tornou 2019 um ano de incertezas. A previsão era de que a dívida no ano passado chegasse a R$ 100 milhões. O custo mensal da UFF era de R$ 16,6 milhões, chegando ao valor de R$ 199,2 milhões ao ano,verba essa somente para pagar contas como luz, água, etc, sem considerar obras de manutenção ou diária/passagem. O orçamento para 2019, no entanto, era de cerca de R$ 14 milhões por mês ou R$ 169,2 milhões ao ano.

Para reverter esse quadro, a universidade passou por cortes de R$ 30 milhões no orçamento. Uma das medidas foi cancelar todos os celulares institucionais, inclusive o do próprio reitor. O maior impacto, no entanto, foi nos serviços terceirizados: mais de 500 funcionários foram demitidos.

"Se não fizéssemos nada, chegaríamos a R$ 100 milhões em dívidas em 2019. Isso seria um colapso. Foi uma missão de guerra. O meu dever era manter a universidade funcionando.Tinha uma previsão de défict de R$ 30 milhões e cortamos isso em gastos. Eu lamento muito por tantos funcionários terceirizados que estavam há tanto tempo conosco, mas era a única saída para ter condições de permanecer aberto. Tenho certeza que eles colaboraram para nós sermos o que somos hoje. Teve danos (a crise), mas os servidores que ficaram se levantaram. Isso produziu um efeito de unidade na universidade e nos abriu mais para a sociedade", pontua o reitor, acrescentando ainda:

"Reduzimos nosso custo de 16 para 11 milhões. Mais uma vez, se torna um piso, se gasta mais do que isso, mas fez com que a gente gerasse uma redução. O saldo eu usei, basicamente, para as empresas garantirem as indenizações trabalhistas dos terceirizados demitidos".

Pela primeira em anos, a UFF viu sua situação financeira fazer a curva ao contrário. A previsão de R$ 100 milhões em dívidas em 2019 foi superada e a universidade terminou o ano com R$ 50 milhões. Deste total, R$ 20 milhões já foram negociados e, agora, a UFF tem R$ 30 milhões para solucionar.

"Temos a expetativa de que, mesmo com pouco recurso, vamos voltar com alguns programas acadêmicos de incentivo, como o Labograd para a graduação e bolsas de extensão. Não só as bolsas estão garantidas, mas também alguns programas de apoio. É uma sinalização importante. Do ponto de vista financeiro, teremos o mesmo valor em 2020. Mas, o cenário é mais otimista pela organização interna. Temos só R$ 700 mil a mais dentro de R$ 200 milhões. É um aumento que não dá nem a inflação. Porém, estamos diante de uma equipe que foi capaz de realizar dentro de um ano de guerra", finaliza.