Tigre vai revelar segredos da baiana

Porto da Pedra pronta para a Sapucaí - Foto: Douglas Macedo

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Apresentando o enredo "O quê que a baiana tem? Do Bonfim à Sapucaí", a Unidos do Porto da Pedra realiza seus últimos ajustes para entrar na Avenida na sexta-feira de carnaval, e será a quarta escola a desfilar. Com menos de uma semana para a abertura do grande espetáculo dos desfiles de carnaval, o Tigre de São Gonçalo aposta nos integrantes da comunidade para concluir todos os preparativos para encantar na Marquês de Sapucaí.

A ideia para o tema do enredo partiu do presidente da escola, Fábio Montibelo, que - posteriormente, foi criado pelo historiador Alex Varela e está sendo realizado pela carnavalesca Annik Salmon.

Com o enredo já escolhido quando chegou à escola, Annik tinha que desenvolver, transformar, tirar a história do papel e passar para o carnaval. A Porto da Pedra aposta na história das herdeiras dos "ganhos", as baianas de tabuleiro que preservam toda a história de seus ancestrais africanos, e explora desde as religiões de matriz africana até a culinária desenvolvida pelas antigas escravas.

Para a criação das fantasias e alegorias, a carnavalesca se inspirou na letra samba da escola e também nas pesquisas em suas diversas fontes de estudo. De acordo com ela, os foliões que estiverem vendo o desfile da Porto da Pedra e ouvindo o samba, conseguirão entender cada detalhe do desfile.

A vermelha e branca de São Gonçalo iniciou seus preparativos para o carnaval desde junho, quando as fantasias e as alegorias começaram a ganhar seus croquis. A confecção e produção das fantasias iniciou em setembro, já as alegorias começaram a ser montados somente em meados de dezembro. Apesar de ser ser feito em menor tempo, o cronograma da escola está em dia e a previsão é de que todas as composições estejam finalizadas a partir de segunda.

Estreante em uma escola da Série A, Annik Salmon apontou as dificuldades de fazer um carnaval grandioso com uma renda bem menor da que é disponibilizada pelas escolas do Grupo Especial.

"Vim do grupo especial, que tem uma estrutura melhor, tem um pouco mais de dinheiro e a gente realmente pode criar coisas do zero. Quando vim pra cá, eu sabia da condição financeira da escola, e é um carnaval que eu tive que reaproveitar muita coisa. Antes de começar a desenhar e criar, fui até o galpão, vi o que a escola tinha de estrutura que eu pudesse adaptar o que tinha para construir coisas novas. É um carnaval que digo que é de reciclagem, tanto em fantasias como alegorias. Além de reciclar, é ter essa visão de tirar de uma coisa e botar para outra sem repetir e sem que as pessoas digam que a ala já veio de outros carnavais", contou.

Com falta de patrocínio, a Porto da Pedra, precisou reutilizar e transformar grande parte dos materiais e estruturas usados no carnaval passado para contar uma nova história. Tudo o que pode ser adaptado e reaproveitado foi usado pela carnavalesca, como um simples babado de uma antiga saia da ala das baianas que acabou virando uma composição de alegoria.

Pela primeira vez Annik vai assinar um desfile sozinha, já que a carnavalesca veio de uma comissão de carnaval e, para ela, pode expor suas ideias dá uma maior sensação de liberdade para criar.

"É a minha primeira vez solo, sempre trabalhei com comissão de carnaval. É muito bom porque o fato de estar assinando sozinha, é realmente um trabalho só meu, são as minhas ideias da maneira que eu acho que tem que ser. Quando se trabalha em comissão de carnaval, você tem vários artistas com várias ideias, e essas ideias tem que ser discutidas para chegar num acordo. Então, trabalhar solo para um artista é muito melhor, é libertador", expôs.