Niterói: reabertura com muito cuidado para não correr riscos

Além dos EPIs, Hotel H faz higienização constante dos seus ambientes - Foto: Divulgação

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Niterói tem seguido as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto às medidas de prevenção à covid-19. Nesse sentido, em meados de maio, mercados, farmácias, pet shops, postos de combustíveis e padarias foram autorizados a funcionar na cidade como serviços essenciais. Desde então, a prefeitura tem liberado outros serviços, de forma escalonada. Mas não se trata de simplesmente de voltar a funcionar. E no outro lado dessa situação, empresários enfrentam diversos desafios para reabrirem seus negócios em meio à pandemia e retomarem suas atividades em um desconhecido e incerto "novo" normal.

Desde 21 de maio, serviços médicos, odontológicos, óticas, lojas de materiais hospitalares e repartições públicas também foram autorizados a funcionar. A partir do dia 25 de maio, outros estabelecimentos como restaurantes (apenas para entrega), salões de beleza e hotéis também foram reabertos.

"Para reabrir tivemos que seguir as normas e condutas da prefeitura e adquirimos equipamentos de proteção individuais (EPIs) como toucas,luvas, máscara de proteção respiratória, óculos, proteção facial e avental impermeável de mangas longas, que entendo que são itens essenciais para poder atender com segurança. Os clientes estão reagindo bem, mas ainda se adaptando sobre ter que agendar para não criar aglomeração. A movimentação está muito fraca, pois ainda estamos em isolamento social e as pessoas ficam dentro de casa com medo, muitos são de grupo de risco. Acredito que com o comércio voltando a funcionar, o movimento deverá melhorar", ressalta Charles Madureira, proprietário do Espaço Evidence Estética e Beleza, no Centro de Niterói.

Segundo o empresário, os negócios já não estavam bem antes da pandemia por causa da situação econômica do país, uma situação que se agravou com 70 dias portas fechadas, compra de equipamentos para reabertura e contas e impostos que não deixaram de chegar no mesmo período. "Pela minha projeção, voltar a ter lucro só daqui a um ano", lamenta.

Diretrizes - Com uma redução de até 80% no número de turistas internacionais, em 2020, a Organização Mundial do Turismo (OMT) divulgou um conjunto de diretrizes para ajudar o setor a retomar suas atividades de maneira segura e sustentável. O guia tem como objetivo apoiar os governos e o setor privado para que se recuperem da crise, além de restaurar a confiança dos viajantes por meio de protocolos de segurança.

'O grande desafio é passar segurança para os clientes e fazer com que eles entendam que, por enquanto, não é possível oferecer um serviço da mesma forma como era feito antes, afirma Rodrigo Alvite, CEO do H Niterói Hotel. Segundo ele, os novos equipamentos e serviços também aumentaram para a empresa o custo do serviço oferecido.

"Fizemos adaptações em vários setores. Começamos eliminando o uso dos restaurante, bar da piscina, piscina entre outras áreas comuns. Todas as refeições passaram a ser servidas nos quartos. Para isso colocamos mesas dos lado de fora dos quartos, onde as refeições são deixadas. O espaço de alimentação dos colaboradores também passou para um local com maior distanciamento entre eles, que também estão trabalhando em sistema de rodízio. Além do uso de máscaras, contratamos por três meses uma empresa que pulveriza um produto que elimina microorganismos por 72 horas, incluindo o coronavírus. As camareiras começaram a usar macacões, botas, óculos e máscaras e também estão usando o mesmo produto pulverizado nos ambientes para limpar os objetos dos quartos. E ainda, instalamos uma barreira de acrílico na recepção", contou o administrador.

Selo de qualidade - A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (Abih-RJ) e o Sindicato dos Meios de Hospedagem do Rio de Janeiro (Hotéis Rio) também lançaram na última quinta-feira (4) um selo de qualidade e excelência em boas práticas no combate à covid-19. A iniciativa é uma parceria com a Secretaria de Estado de Turismo (Setur) e a Vigilância Sanitária do município do Rio.

O plano de transição gradual da cidade para a nova normalidade foi desenvolvido por um grupo de trabalho, que contou com a participação de técnicos e especialistas do meio acadêmico. Foram levados em conta critérios como a taxa de transmissão da covid-19 na cidade, taxa de letalidade e a retaguarda de leitos, entre outros. Mas a dinâmica de todo esse processo será condicionada pelo comportamento dos cidadãos e também pelo ciclo da epidemia e caso seja necessário, poderá retroceder a estágios de restrição mais rígidos.

"As empresas vão precisar se adaptar e aplicar uma política de saúde preventiva e orientar seus colaboradores. Terão que adotar o uso de máscara, álcool gel, manter distanciamento das pessoas, usar termômetro para medir a temperatura das pessoas e fazer limpeza dos ambientes a cada três horas. As equipes de limpeza vão usar EPIs. Mas com a conscientização vão conseguir preservar vidas e empregos", acredita a coordenadora do Sebrae Rio - Leste Fluminense, Juliana Ventura.

Oportunidades - Nesse contexto, oportunidades também podem surgir, segundo Juliana. Ela lembra que durante a pandemia muitos empresários fizeram a conversão dos seus produtos para a produção de máscaras, por exemplo. A coordenadora do Sebrae acredita que no momento da retomada, haverá uma oportunidade para o setor gráfico para criação de sinalizações dentro dos estabelecimentos.

"Os desafios serão muitos para as micro e pequenas (MPEs). O Sebrae realizou uma pesquisa e aponta que apenas 28% das empresas fluminenses conseguiram funcionar digitalmente no período da pandemia. Mas a Confederação Nacional da Indústria divulgou uma outra pesquisa mostrando que houve queda no faturamento dos seguintes setores: 82% no vestuário, 79% calçados, 76% móveis, 65% gráfico e 60% têxtil. Já uma pesquisa da Fecomércio mostra que 62% das pessoas suspenderam a decisão de compras neste período. Para reverter isso, as empresas vão precisar de disciplina, organização e transparência. É preciso ter um planejamento claro, mapeamento do setor financeiro, busca por crédito de maneira consciente, investimento no ambiente digital e, sobretudo, atender os protocolos de saúde", destaca Ventura.

Niterói - Para garantir uma reabertura segura das atividades, que seguirá um sistema de cores - vermelho para lockdown, laranja, amarelo e verde para normalidade -, o Departamento de Posturas da Prefeitura de Niterói também está realizando ações diárias de fiscalização. Além de notificar, os fiscais estão orientando os responsáveis pelos estabelecimentos.

Desde o início da implantação das medidas restritivas no município, já foram emitidos mais de 550 notificações para estabelecimentos comerciais com o objetivo de orientar sobre as normas a serem seguidas. Outras 420 intimações para adequação em estabelecimentos em desacordo, e 157 autos de infração por descumprimento dos decretos. Todas as informações sobre o plano de transição gradual de Niterói podem ser consultadas no decreto publicado no Diário Oficial do dia 21 de maio.