Rio: transportes amargam prejuízos

Circulação de ônibus reduzida em Niterói deixa Terminal João Goulart vazio - Foto: Marcelo_Feitosa

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O setor de transportes no Estado do Rio de Janeiro é um dos que mais sofrem por conta da pandemia da covid-19. Juntos, os transportes aquaviários, ferroviários e rodoviários acumulam, desde o começo da implementação de medidas restritivas, prejuízo na casa dos R$ 200 milhões.

De acordo com Márcio Barbosa, presidente do Sindicato das Empresas de Ônibus do Estado (Setrerj), o setor rodoviário está quebrado. Os prejuízos já contabilizados estão na casa de R$ 100 milhões, em relação aos ônibus intermunicipais, e R$ 25 milhões para as empresas municipais de todo o Estado.

"O setor está aniquilado. Eu tenho mais de 30 anos no setor e nunca vi uma crise tão grave. Desde março com o início desse processo da covid-19, as empresas começaram a acumular prejuízo porque grande parte da nossa operação foi interrompida, algumas empresas que só tinham linha para o Rio fecharam esperando essa retomada, que vai ser pífia em relação ao que a gente já transportou", disse.

O Setrerj não conseguiu recursos do Governo do Estado. Foram pedidos R$ 100 milhões para socorrer as empresas, mas, segundo Márcio, o Estado alegou não ter dinheiro em caixa. Além disso, o BNDES negou linha de crédito e o único benefício obtido foi do auxílio para pagamento de empregados, sob garantia de manter os empregos através da MP 936 do Governo Federal.

Já no setor aquaviário, segundo a CCR Barcas, há uma queda de 74% na demanda de passageiros do serviço (de uma média diária de 80 mil para 20 mil passageiros). Embora tenham sido realizadas modificações operacionais, os custos não foram reduzidos de forma proporcional à redução de demanda, o que faz com que a diferença entre receitas e custos da concessionária chegue a R$ 10 milhões por mês.

De acordo com a concessionária Supervia, o sistema ferroviário é, atualmente, o único meio de transporte entre a Baixada Fluminense e a cidade do Rio, uma vez que a circulação de ônibus intermunicipais está proibida por decreto estadual.

Desde que o Governo do Estado do Rio iniciou as medidas de contenção da proliferação do novo coronavírus, 10 estações da SuperVia e toda a extensão Guapimirim foram fechadas. Outras 15 estações funcionam com controle de acesso, realizado pela Polícia Militar, nas quais só podem embarcar profissionais dos serviços essenciais.

A SuperVia tem feito um grande esforço de melhoria de caixa com corte de despesas para compensar a queda diária de passageiros, que varia de 60% a 75% em relação a um dia útil normal de operação. Antes das medidas restritivas, cerca de 600 mil passageiros utilizavam os trens diariamente. A SuperVia tem tido uma perda de faturamento de cerca de R$ 40 milhões por mês, mas manteve a operação de todos os ramais. A perda acumulada de passageiros, desde 14 de março, já chega a 23,5 milhões.

Para evitar demissões e preservar os empregos, a SuperVia adotou, a partir de maio, uma redução de 25% na jornada e salários de 2 mil funcionários. Apesar de todos os esforços para redução de despesas, ainda são necessários R$ 40 milhões por mês para garantir o funcionamento do serviço ferroviário em junho. Em busca de uma solução de curtíssimo prazo, a concessionária tem feito várias negociações junto ao Governo do Estado, ao BNDES e a órgãos federais em busca de apoio para garantir a manutenção da operação do sistema de trens do Rio de Janeiro.

Auxílio federal - A Secretaria de Estado de Transportes (Setrans) está capitaneando junto ao Governo Federal o pedido de socorro para o setor de transporte do Rio de Janeiro, uma vez que, no momento da retomada, o setor, que se encontra grave situação financeira, terá dificuldades para o restabelecimento à normalidade dos serviços.