Witzel afirma que orientou seu partido a votar a favor da abertura de impeachment

Alerj aprovou a retomada do prazo de 10 sessões para a defesa do governador, que será novamente intimado - Foto: Divulgação

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O Governador Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, afirmou ter orientado a bancada de seu partido, o PSC, na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj), a votar de forma favorável para abertura do processo de impeachment contra ele. Todos os 69 deputados estaduais votaram a favor da abertura.

O pedido foi feito pelos deputados Luiz Paulo e Lucinha, do PSDB, no qual acusam o governador de crime de responsabilidade. Os motivos enumerados seriam o suposto superfaturamento na compra de respiradores; a investigação da licitação para construção dos hospitais de campanha; rejeição das contas de 2019 do governo pelo Trubunal de Contas do Estado (TCE); e suposta ligação de Witzel com o empresário Mário Peixoto, que teria ligação com a OS Unir Saúde,  que teve desqualificação revogada pelo governo.

"Essa petição tem fatos descritos que, em tese, podem configurar o crime de responsabilidade mas as provas a respeito desses fatos não fazem parte dessa avaliação, que poderia ter sido feita unica e exclusivamente pelo presidente [da Alerj]. Eu orientei o meu partido a votar sim, porque os fatos descritos pelos deputados da oposição, em tese, podem caracterizar crime de responsabilidade. Agora, nós só vamos saber evidentemente, para ficar claro para a população, que não são verdadeiros os fatos após a comissão me dar amplo direito de defesa", afirmou o governador durante entrevista à TV Globo, na tarde desta quinta-feira (11).

Na mesma entrevista, Witzel demonstrou tranquilidade em relação ao processo e afirmou ter convicção de que o processo de impeachment será arquivado. Ele também rechaçou a possibilidade de trocar cargos no governo por votos que o favoreçam.

"Essa é uma situação que eu recebo com absoluta tranquilidade. Sei das coisas que fiz, das minhas responsabilidades e eu tenho convicção de que após apresentar à comissão, que vai avaliar as provas, nós teremos uma decisão que certamente levará ao arquivamento desse processo. Minha relação com o parlamento continuará sendo republicana. Não vamos trocar cargos por votos", acrescentou Witzel.

Questionado sobre o atraso na construção dos hospitais de campanha (apenas um dos sete previstos foi entregue), o governador atribuiu a responsabilidade dos erros ao Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde (Iabas), organização social contratada para construir e operar os hospitais. Segundo Witzel, o Estado procurou outras formas para contornar a situação, o que teria evitado que o número de mortos fosse ainda maior, e ainda negou tenha havido superfaturamento.

"Não há como se dizer que o trabalho que fizemos não foi eficiente, nós abrimos 1.600 leitos para atenção á covid-19. Os erros que essa empresa cometeu [Iabas], nós corrigimos de outra forma e deveríamos ter evitado que esses erros dessa empresa acontecessem. Se nós não tivessemos agido, teriam morrido 46 mil pessoas. Teve um problema, mas diante de tudo que nós fizemos, foi absolutamente eficiente", explicou.

Em relação ao Iabas, Witzel subiu o tom e chamou a empresa de "inescrupulosa". O governador ainda pediu desculpas à população do Estado e disse que os hospitais de campanha serão finalizados para a realização de cirurgias eletivas.

"Peço desculpas ao povo fluminense por essa empresa inescrupulosa que nós contratamos, mas nós vamos assumir a responsabilidade de terminar. Não houve superfaturamento, o TCE, até o momento, não disse que houve superfaturamento. Esses hospitais agora serão úteis para fazer cirurgias eletivas", destacou Witzel.

Por fim, o governador afirmou que o critério utilizado para a reabertura gradual da economia no Estado foi a redução da ocupação dos hospitais. De acordo com Witzel, a ocupação das unidades destinadas ao tratamento da covid-19, em todo o Rio de Janeiro, está abaixo dos 70%, dados atribuídos à Secretaria de Estado de Saúde.