Petróleo: ação a longo prazo para garantir futuro próximo

A Petrobras anunciou que bateu recorde de exportação de petróleo no último mês de abril, quando exportou 1 milhão de barris por dia - Foto: Agência Brasil

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A indústria do petróleo, que começou o ano com expectativas de retomada dos investimentos em exploração e produção no país, passa por um momento de revisão das expectativas. Apesar da crise que assola o mundo, o estado Rio de Janeiro consegue manter seu protagonismo no País e é líder da produção nacional de petróleo e gás natural, tendo sido responsável, no mês de abril, por aproximadamente 80% da produção total de petróleo e de 68% do total de gás natural produzido. No entanto, a situação requer cautela.   

A diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Heloísa Borges Esteves, analisa a atual situação da indústria do petróleo no estado do Rio e acredita que deve-se manter um planejamento a longo prazo para que em um futuro próximo o estado consiga evitar uma significativa perda econômica no setor. 

Nomeada em maio, Heloísa - que deixou o posto que ocupava à frente da Superintendência de Promoção de Licitações da Agência Nacional do Petróleo (ANP) - chega à EPE para contribuir com sua experiência no avanço do destravamento da indústria de gás natural brasileira. A EPE é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar o planejamento do setor energético.

"Pretendo avançar no desenvolvimento das energias renováveis, em particular os biocombustíveis, que contribuem para a diversificação e segurança do suprimento de energia, fomentam os desafios industriais e a criação de empregos, e podem se constituir em um fator central do desenvolvimento sustentável brasileiro. Como afirmou recentemente o presidente da EPE, Thiago Barral, o Brasil é privilegiado por uma riqueza de recursos energéticos, mas se a abundância e variedade de recursos energéticos constituem uma grande oportunidade para o país, transformar esse potencial energético em efetivo desenvolvimento socioeconômico, com sustentabilidade, é algo que exige um qualificado e permanente esforço de planejamento", declarou a nova diretora. 

Analisando o impacto da pandemia na indústria do petróleo, Heloísa considera que a crise está sendo agravada pelo isolamento social, a queda na atividade econômica em diversos setores e o comportamento dos preços internacionais do petróleo. De acordo com a diretora da EPE, uma menor atividade econômica associado ao isolamento social devem levar a uma queda significativa na demanda de derivados do petróleo. 

"Com a redução nos preços do petróleo no mercado internacional e a consequente redução dos preços da gasolina, a competitividade do etanol é afetada diretamente. Entretanto, já se pode observar uma recuperação das exportações de petróleo bruto e derivados. A Petrobras anunciou que bateu recorde de exportação de petróleo no mês de abril, quando exportou 1 milhão de barris por dia (o recorde anterior, de dezembro de 2019, era de 771 mil barris exportados diariamente). Isso significa que o volume exportado em abril é 145% superior ao comercializado internacionalmente em abril de 2019, um crescimento que acompanha tendência observada no primeiro trimestre de 2020, quando as exportações da empresa tiveram aumento de 25% em relação ao trimestre anterior", analisa Heloísa. 

Segundo estudo divulgado em maio pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o Estado pode observar uma redução de 50% no recolhimento de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ligado à exploração de petróleo e gás, o que corresponde a uma redução de 8% no recolhimento total deste imposto, que é a principal fonte de receitas do Rio. Os impactos combinados da retração econômica atual e da queda acentuada do preço do barril do petróleo no cenário mundial representa uma queda estimada na arrecadação de cerca de R$ 3 bi para o Estado, segundo a Firjan. 

"Apesar de a crise atual do estado do Rio de Janeiro não estar sendo causada especificamente pela indústria do petróleo, a crise na indústria agrava o problema. Note que no caso específico do Rio, a crise sanitária gerou uma retração econômica estimada pela Firjan em 4,6%. Essa queda será puxada especialmente pelas quedas na indústria, comércio e serviços. A indústria de óleo e gás no Estado deverá cair 6% este ano, contra um crescimento de 8% em 2019", analisa Heloísa.