Queiroz é preso em São Paulo

Ao chegar no Rio, Fabrício Queiroz passou por exames no IML e foi levado para presídio em Benfica, na Zona Norte - Foto: Divulgação / Polícia Civil de São Paulo

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Preso ontem em São Paulo, o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz foi levado ao Rio, de helicóptero. O pouso foi no Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste da capital, no início da tarde. De lá, ele seguiu para o Instituto Médico-Legal (IML) para exames e foi levado para o presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio. Em seguida, foi transferido para Bangu.

Investigado por participação em suposto esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Queiroz foi preso na cidade de Atibaia, no interior de São Paulo, por agentes do Ministério Público e da Polícia Civil do estado, na Operação Anjo, após a Justiça expedir, na terça (16), mandado de prisão. No pedido feito pelo MP, foi alegado que Queiroz estaria dificultando a coleta de provas. Segundo o caseiro, ele estaria no imóvel há um ano.

De acordo com o MP de São Paulo, Queiroz foi encontrado no sítio do advogado Frederick Wassef,que presta serviços ao senador Flávio Bolsonaro. As investigações do MPRJ que levaram à prisão do ex-assessor e ex-motorista do então deputado estadual na Alerj Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) começaram em 2018 com a divulgação de um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou movimentações suspeitas nas contas de parlamentares, assessores e servidores públicos da Alerj, entre eles, Fabrício Queiroz. Essa investigação levou à instauração de 22 procedimentos investigatórios criminais, de acordo com o MP, com o objetivo de esclarecer suposta participação de parlamentares e de servidores nas movimentações de valores.

Investigação - A casa onde Fabrício Queiroz estava foi monitorada por 10 dias antes da prisão, obedecendo ao pedido de promotores do Rio que investigam o caso. A localização foi possível graças a informações presentes em um celular apreendido, que tinha indícios de que ele estava vivendo em Atibaia. A investigação foi feita em sigilo total, nem mesmo o delegado da unidade responsável pela prisão tinha conhecimento do alvo da operação.

'Rachadinha' - De acordo com o MPRJ, no esquema os deputados contratavam assessores e, em troca, recebiam de volta parte dos salários deles. São 21 parlamentares citados, entre eles, o então deputado estadual Flávio Bolsonaro. O relatório do Coaf apontou uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão em uma conta em nome do ex-assessor.

A prisão de Queiroz em São Paulo ocorreu dentro da Operação Anjo que cumpriu ainda outras medidas cautelares autorizadas pela Justiça relacionadas ao inquérito que investiga a rachadinha. Ainda na operação deflagrada no início da manhã de ontem, a Justiça decretou mandados de busca e apreensão de outros suspeitos, além do afastamento da função pública, o comparecimento mensal em Juízo e a proibição de contato com testemunhas. Os outros suspeitos são o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho; os ex-funcionários da casa legislativa Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins; e o advogado Luis Gustavo Botto Maia.

Nathália Melo de Queiroz e Evelyn Melo de Queiroz, filhas de Fabrício Queiroz, e a mulher dele, Márcia Oliveira de Aguiar, também estão sendo investigadas por participação do esquema da Rachadinha. A mulher de Queiroz está sendo procurada pela polícia.

Defesa - O advogado de Fabrício Queiroz, Paulo Emílio Catta Preta, considerou a prisão preventiva de seu cliente uma medida exagerada e desnecessária. Ele disse ainda que pedirá que seu cliente seja transferido para uma unidade prisional da PM, já que ele é militar reformado.

"Me parece excessivo uma pessoa que sempre esteve à disposição, que está em tratamento de saúde, que ofereceu esclarecimentos nos autos, que não apresenta risco nenhum de fuga, ela sofra uma medida tão pesada quanto uma prisão preventiva. Mas eu só vou poder fazer um juízo definitivo disso, no momento em que eu tiver a decisão."

Catta Preta refutou a arguição do MP de que a prisão se justificaria pela possibilidade de Queiroz destruir provas: "com base em que se diz isto? Poder destruir provas como uma possibilidade inexistente, distante, abstrata, não justifica prisão nenhuma. Poder destruir provas todos nós podemos, mas não podemos ser presos por isto, em termos de potencialidade. Tem que existir uma conduta concreta que revele este risco como real."

O advogado, que conversou por 20 minutos com seu cliente, disse que ele não explicou o motivo de estar no sítio do advogado Frederick Wassef, em Atibaia. "Quando eu perguntei a ele por que estava em São Paulo, ele disse que ia a São Paulo com alguma regularidade para cuidar da saúde. Desde que ele fez a cirurgia de câncer, há mais de um ano, e recentemente fez uma de próstata, há dois meses, ele tem ido, sempre que necessário, para São Paulo, mas não me disse, exatamente, porque estava na casa do advogado."

Catta Preta disse que, enquanto não tiver acesso aos autos do processo, Queiroz não prestará depoimento. Ele descartou, ainda, a realização de delação premiada por parte de seu cliente. Por último, o advogado disse que vai pleitear um habeas corpus para Queiroz.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap), disse que Queiroz ficará em isolamento social de 14 dias, por conta da covid-19, no presídio Bangu 8.