Eduardo Paes é investigado por suspeita de caixa 2 em eleição

Paes terá maior tempo: 2min5s - Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

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O ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes está sendo investigado por suspeita de ter recebido caixa 2 na campanha eleitoral à reeleição em 2012. Candidato novamente este ano, Paes foi alvo de mandados de busca e apreensão nesta terça-feira (8). De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro, o ex-prefeito recebeu R$ 10,8 milhões da Odebrecht, como financiamento de campanha não declarado.

A quantia teria sido paga em espécie, por executivos da empreiteira aos sócios da agência de publicidade responsável pela campanha. O deputado federal Pedro Paulo, que a época era secretário da casa civil da prefeitura também foi denunciado, apontado como o organizador do esquema.

Ainda de acordo com o MP, o caixa 2 foi confirmado por documentos e planilhas entregues no acordo de delação premiada assinado pelos executivos da Odebrecht. Além disso, há também grande volume de provas obtidas de fontes independentes, como guias de transporte de valores e declarações de funcionários da transportadora, confirmando as entregas de dinheiro.

A ação que veio a público nesta terça-feira (8) é oriunda do desmembramento de um inquérito, instaurado em abril de 2017, no Supremo Tribunal Federal, para apurar crimes de corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, supostamente praticados por Paes e Pedro Paulo nas campanhas eleitorais de 2010, 2012 e 2014.

Após o STF encaminhar o material da investigação à Justiça Eleitoral, a denúncia foi apresentada pela promotoria responsável em maio deste ano. Com o acolhimento pelo juízo eleitoral fluminense, a operação desta terça foi autorizada. Todos os acusados responderão pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral e corrupção passiva ou ativa.

Além disso, Eduardo Paes e um dos sócios da agência de publicidade também responderão pelo crime de lavagem de dinheiro. Em nota, Eduardo Paes afirmou que está indignado que tenha sido alvo de uma ação que é uma tentativa clara de interferência do processo eleitoral, às vésperas do pleito municipal. Afirmou também que sua defesa sequer teve acesso aos termos da denúncia e que irá se pronunciar, assim que tiver detalhes do processo.

Já o deputado federal Pedro Paulo disse em seu perfil no Twitter, que fará sua defesa no processo, quando tiver acesso ao conteúdo da denúncia. De acordo com ele, a ação se trata de Uso político de instrumentos da justiça para interferir na eleição.

Operação - Os mandados desta terça-feira foram cumpridos pelo Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ), com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI/MPRJ). O MP-RJ ofereceu a denúncia em auxílio à 204ª Promotoria Eleitoral, em 17 de julho, e a ação foi recebida pelo Juízo da 204ª Zona Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, que emitiu os mandados.

Os acusados responderão pelos crimes de falsidade ideológica eleitoral e corrupção nas modalidades passiva ou ativa. Paes e um dos operadores financeiros também responderão por lavagem de dinheiro.

Denúncia - A acusação afirma que o ex-prefeito recebeu os pagamentos entre 4 de junho e 19 de setembro de 2012. Os valores teriam sido pagos por Benedicto Barbosa Da Silva Junior e Leandro Andrade Azevedo, executivos do Grupo Odebrecht, que, segundo a denúncia, realizaram o repasse por meio de Renato Barbosa Rodrigues Pereira e de Eduardo Bandeira Villela, sócios da Prole Serviços de Propaganda. Os quatro também foram denunciados no processo.

Ainda de acordo com a denúncia, os executivos do Grupo Odebrecht narraram os fatos em acordos de colaboração premiadas firmados com a Procuradoria-Geral da República. Além deles, Renato Barbosa Rodrigues Pereira tem acordo de colaboração homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A denúncia da promotoria eleitoral é oriunda de um desmembramento do Inquérito nº 4435, instaurado em abril de 2017 perante o Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar crimes supostamente praticados nas campanhas de 2010, 2012 e 2014.