Novo olhar para casa

A procuradora federal Elisa Soares Ongarato de Arruda, adiou a varanda gourmet para atender necessidades que surgiram na quarentena - Foto: Antônio Schumacher / Divulgação

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O que chamamos de lar passou a ter um novo significado desde que cada um de nós se viu obrigado a se recolher em casa para se proteger da pandemia de covid-19. E para vivenciar melhor esse período. com todas as necessidades que surgiram junto com o confinamento, muitas pessoas buscaram por obras de adaptações ou pequenas intervenções, que demandassem o mínimo de transtorno possível , uma vez que elas estavam em casa em tempo integral. E mesmo agora, com a flexibilização permitindo cada vez mais acesso aos espaços públicos, a maneira de encarar a própria residência já não é mais a mesma, e essa nova visão pode ser sentida até mesmo pelo mercado imobiliário.

As chamadas ‘obras da pandemias’ aumentaram em até 30% a procura por pequenas intervenções nas residências, desde que as pessoas se viram obrigadas a ficarem em casa, como comenta a arquiteta Manuela Guida. Segundo ela, a casa que antes servia apenas como dormitório, quando todo mundo praticamente morava no trabalho, passou a ser um lugar onde as pessoas querem se sentir bem, produtivas e protegidas.

‘O home office foi sem dúvida a maior procura. Basicamente mesas e cadeiras apropriadas para o trabalho, e luz, quando não havia iluminação natural. Teve também muita necessidade de adaptações para as crianças e jovens estudarem em casa. Adaptei um local que antes era apenas um escritório para atender toda a família, como uma mesa que servia tanto para trabalho como para o estudo. Mas também há muita busca por ambientes mais saudáveis, que propiciem um melhor convívio, como um sala em que trabalhei recentemente aumentando o espaço para assistir TV, uma vez que toda a família passou a fazer isso junta’, revela Manuela

A pandemia e consequente quarentena também obrigou o mercado imobiliário a se repensar no que diz respeito a seus projetos afirma Roberto Marinho, vice-presidente da Spin Inovações Imobiliários. Segundo ele, isso se deu uma vez que houve uma uma maior conexão entre as famílias, mais flexibilidade em relação ao próprio tempo e também por uma necessidade de ser produtivo dentro de casa.

‘Os novos empreendimentos já priorizam os espaços para home-office e co-working. Também são cada vez mais valorizados os apartamentos com varandas, casas e coberturas, ou seja, com possibilidade de ‘sair de casa’ de uma certa forma. Recentemente estamos trabalhando com um lançamento que tem uma cozinha totalmente voltada para a interação entre as pessoas no local. Além dessa diferenças, também é possível perceber um movimento de pessoas da zona sul para a região oceânica de Niterói, e também Maricá, consequência da home-office, mas também da busca por uma nova forma de morar’, explica Marinho.

A varanda gourmet ficou para o ano que vem, nos planos da procuradora federal Elisa Soares Ongarato de Arruda, de 44 anos, que precisou resolver necessidades mais urgentes que surgiram com a chegada da quarentena.

‘Ia fazer uma extensão da área social na varanda. Eu pratico balé, filhas e marido frequentam academias e de repente tudo fechou, precisamos mudar os planos. Então, surgiu uma necessidade que até hoje não existia, um espaço para prática das atividades físicas. As pequenas intervenções feitas com a ajuda de um profissional para adaptar um local ajudou a gente a atravessar o confinamento com saúde e equilíbrio. A gente até aumentou a quantidade de exercícios diários e sobrou mais tempo para fazer outras coisas. A gente passou a curtir ficar mais em casa e a prestar mais atenção nas coisas que realmente nos agrada e nos atende’, ressalta Arruda

Responsável pelas intervenções na casa de Elisa, para a arquiteta Cristiane Adrião a casa passou a ser um lugar para viver de verdade e não mais um cenário de revista. Para a arquiteta, a residência agora precisa ser um local aconchegante, humanizado e cada vez mais prático.

‘Durante a pandemia trabalhei mais com pequenas intervenções nos ambientes. Esse espaço especificamente seria uma varanda gourmet, uma continuação da sala. Mas com a pandemia a coisa mudou. A cliente pratica balé, o marido faz lutas e os filhos jogam futebol. Então, ela precisava de uma solução para continuar com as atividades. A solução foi adaptar temporariamente o espaço, com pequenas interferências, resolvendo o problema pontual da família. A varanda gourmet ficou para o ano que vem. Por mais que em breve se possa voltar a sair de casa, muita gente já descobriu o prazer de estar no ambiente doméstico. E por isso, cada um está investindo sua própria casa de acordo com o seu estilo de vida, conclui a arquiteta.