O ex-governador Sergio Cabral disse em depoimento ao Ministério Público que conheceu o prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, há 14 anos, na política, e que ele também faria parte dos seus esquemas de caixa 2 para campanhas eleitorais. Ao todo, segundo Cabral, Rodrigo Neves teria se beneficiado de cerca de R$ 10 milhões de seu caixa de propina.
O ex-governador contou aos promotores que nas primeiras disputas de Rodrigo Neves como candidato a prefeito do município, o jovem político na ocasião teria pedido dinheiro para disputar a convenção do PT que escolheria o candidato à sucessão do prefeito Godofredo Pinto, isso ainda no ano de 2007.
Na época, Rodrigo Neves conseguiu vaga no PT para as eleições de 2008, mas acabou perdendo a prefeitura para Jorge Roberto Silveira. De acordo com Cabral, o resultado era esperado, pois Jorge Roberto era visto como um mito na cidade após seu primeiro mandato. De qualquer forma, segundo o ex-governador, Rodrigo teria recebido uma propina inicial de R$ 250 mil para a realização de sua campanha, valor sugerido pelo próprio Cabral. O valor total das campanhas de primeiro e segundo turno teria chegado R$ 1 milhão, segundo o ex-governador.
"Eu sabia que era uma campanha com muita dificuldade de vitória porque ele estava enfrentando um mito da cidade, que era o Jorge Roberto da Silveira, que havia sido prefeito até 2002, quando ele saiu da Prefeitura pra disputar o governo do Estado. Então voltava em 2008, era muito difícil enfrentar o Jorge Roberto. De toda forma e de toda sorte, eu retirei R$ 1 milhão do caixa de propina geral", afirmou Cabral.
Ao ser perguntado da origem do dinheiro, Cabral respondeu: "(...) a origem desse dinheiro era um dinheiro de entendimento de propina, que eu estava deslocando para a campanha dele a Niterói, na convenção interna do PT".
Além do caixa 2, Cabral cita no depoimento outros esquemas dos quais Rodrigo Neves também faria parte e que envolveria empresas de comunicação e publicidade e empreiteiras. Rodrigo, inclusive, se tornou alvo de investigação do Ministério Público, que investiga o suposto desvio, entre 2014 e 2018, de cerca de R$ 11 milhões do Fundo Municipal de Transporte.
Segundo o MP, com a verba arrecadada, a Prefeitura de Niterói reembolsava empresas de ônibus do município pela gratuidade de passagens. Essa gratuidade concedida aos deficientes e estudantes da rede pública é bancada pelo município e, em troca, de acordo com a delação de Marcelo Traça, ex-dirigente da Fetranspor, as empresas pagavam propina de 20% do recebido. Rodrigo então, segundo o empresário, cobrava propina das empresas de ônibus consorciadas que funcionam na cidade. Seriam esses 20% sobre os valores do reembolso da gratuidade de passagens, como delatou Traça.
Cabral contou também ter apresentado a Rodrigo Neves a um empresário, dono de uma grande empresa que prestava serviços ao governo estadual em troca do pagamento de propinas. Tanto uma conhecida mega empreiteira, quanto a empresa indicada por Cabral, queriam lucrar com seus serviços em Niterói. Quando Neves venceu as eleições de 2012 e 2016, ambas participariam de uma Parceria Público Privada para a revitalização do município de Niterói.
Em dezembro do ano de 2018, Rodrigo Neves e outros acusados de envolvimento nos esquema foram presos e permaneceram recolhidos em Bangu 8 por três meses. O prefeito de Niterói foi solto em março de 2019 por habeas corpus.
Cabral entrega Rodrigo Neves

Sérgio Cabral disse em depoimento ao Ministério Públoico que conheceu Rodrigo há 14 anos, na política - Foto: Divulgação/Palácio Guanabara
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