Comemoração sem fim em Niterói

Comunidade marcou presença durante todo o dia na quadra. Sábado a escola volta à Avenida para o Desfile das Campeãs - Foto: Marcelo Feitosa

O Flu na Folia
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Após 23 anos, a Viradouro conquistou o bicampeonato do Grupo Especial do Carnaval do Rio. A comemoração na quadra da vermelha e branca de Niterói, logo após o resultado, varou a madrugada. Uma multidão fez questão de prestigiar o título tão esperado.

Durante o dia após a vitória, a quadra da escola ficou movimentada, os componentes pareciam não querer deixar passar um minuto de comemoração. O diretor de carnaval Alex Fab, que divide a função com Dudu Falcão, acredita que a palavra do carnaval 2020 da Viradouro seja entrega.

"Foi um carnaval de muito trabalho e dedicação, não só dos componentes da comunidade como do pessoal do barracão, da diretoria, da presidência e de todas as alas da escola. Desde o vice campeonato do último ano, a escola saiu do resultado da apuração sabendo que tinha condições de brigar por algo maior. Por isso, começamos a nos preparar muito cedo para esse carnaval. A Viradouro foi a escola que mais ensaiou na rua e na quadra, que começou cedo nos preparativos no barracão. E isso tudo com uma entrega muito grande de todos, então acredito que isso acabou culminando muito numa energia boa durante o desfile. E, lógico, com um belíssimo enredo que tínhamos para explorar, o resultado que vimos no último domingo não podia ser diferente", analisou Alex.

O enredo "Viradouro de alma lavada" - que recebeu todas as notas 10 durante a apuração - foi pensado e apresentado à diretoria pelos coreógrafos Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon. Segundo eles, a atriz Zezé Motta foi quem sugeriu que as Ganhadeiras de Itapuã virasse enredo após ela ganhar um CD do grupo musical. Trabalhando juntos pela primeira vez, os carnavalescos já sentiam que o enredo tinha tudo para dar certo na Avenida.

"O samba foi escolhido pelas ganhadeiras, elas tiveram voto decisivo numa disputa muito acirrada durante as eliminatórias. Durante os ensaios da Viradouro, já sentíamos que o samba daria certo na Sapucaí", contou Ferreira.

Marcus entrou em um seleto grupo de carnavalescos que conquistou o título do Grupo Especial do Rio de Janeiro logo no seu ano de estreia na elite do carnaval. Além disso, nunca, desde 1984 quando a Liesa assumiu o comando dos desfiles, uma agremiação conquistou o título do carnaval sendo a segunda a desfilar no domingo (uma posição que as escolas de samba não gostam de participar).

"Quebrar protocolos é muito gratificante. A Viradouro acreditou no nosso trabalho, nos deu a oportunidade de fazer esse carnaval memorável. Foi um resultado fruto de um trabalho de um ano, que trabalhamos incansavelmente e ficamos muito felizes não só com o resultado que, obviamente, é uma grande consagração de um trabalho, como também com o desenvolvimento da escola na Avenida. Foi um carnaval muito emotivo, um desfile muito especial para gente", afirmou, destacando que há 10 anos uma escola não era campeã desfilando no domingo.

Um dos destaques do desfile da Viradouro foi a comissão de frente, coreografada por Alex Neoral. O quesito trazia momentos da vida das ganhadeiras. Uma surpresa, que foi guardada à sete chaves, surgiu no tripé da comissão de frente, onde a atleta de nado sincronizado da seleção brasileira, representava uma sereia dentro de um aquário de 7 mil litros de água.

"Fiquei muito feliz com o resultado, acredito que tenha sido a comissão mais falada do carnaval, ganhamos muitos prêmios e o reconhecimento que estamos recebendo da comunidade está sendo maravilhoso. Logo no Setor 1 percebemos que seria um sucesso porque levantou a arquibancada. Na questão das notas tivemos um desconto e vamos esperar a justificativa para entender, porque aparentemente não consigo enxergar qual foi o erro", afirmou o coreógrafo.

A bateria nota 10 de mestre Ciça foi um espetáculo à parte e arrepiou quem assistia o desfile na Sapucaí. A Furacão Vermelho e Branco gabaritou na apuração.

"Foi uma vitória pessoal, que me deu muito orgulho. Nossa expectativa é sempre a nota 10, trabalhamos duro para isso. E nesse ano fomos agraciado com essa vitória", afirmou Ciça.

Unânime na escola, a rainha de bateria da escola, Raissa Machado, acredita que foi um desfile memorável. No posto há sete anos, esse foi o terceiro título à frente dos ritmistas. Raissa já tinha conquistado os campeonatos de 2014 - quando fez sua estreia na bateria - e 2018, anos em que a Viradouro venceu a Série A do carnaval do Rio.

"Foi um processo de muito trabalho. Foram meses dedicados integralmente à escola para ter um bom resultado na Avenida e poder mostrar a verdadeira história das Ganhadeiras de Itapuã para o mundo", disse a musa.

Outro quesito que ganhou 10 de todos os jurados, foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, formado por Julinho Nascimento e Rute Alves. O desfile, que teve um gostinho especial para Julinho que completava seu 30º ano na Avenida, se tornou ainda mais especial com o título da escola.

A Viradouro volta à Sapucaí no Sábado das Campeãs, cujo ingressos já estão esgotados.