Caso Flordelis: Justiça determina que Lucas seja afastado de Flávio

A Justiça determinou que o filho adotivo da deputada Flordelis (PSD-RJ) Lucas Cézar dos Santos de Souza seja alocado para uma unidade prisional diferente de seu irmão, Flávio dos Santos Rodrigues, filho biológico da parlamentar. Há a suspeita de que Flávio esteja coagindo Lucas a mudar sua versão sobre a morte do pastor Anderson do Carmo.

O despacho foi assinado na quarta-feira (26) pela juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce, titular da 3ª Vara Criminal de Niterói. A magistrada solicita à Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP) que “os acusados sejam acautelados em unidades prisionais distintas”, além disso, o documento determina que os irmãos sejam imediatamente separados caso estejam na mesma cela, a fim de “resguardar a integridade física [de Lucas] e por conveniência da instrução criminal”. A juíza já determinou a transferência dos presos .

A solicitação da separação dos acusados partiu da assistência de acusação, representada por Maria Edna Virginio do Carmo Oliveira e Michele do Carmo de Souza, respectivamente mãe e irmã de Anderson do Carmo. As justificativas apresentadas foram um depoimento prestado por Lucas na Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói, no dia 5 de agosto, afirmando que o irmão teria tentado coagi-lo, e a carta atribuída a Lucas, na qual ele isentaria Flávio da participação no crime.

Na última terça-feira (24), a defesa de Flávio, em entrevista coletiva, anunciou que protocolará a tentativa de anulação da prisão de seu cliente. Uma das justificativas apresentadas foi a suposta carta, que foi divulgada por Flordelis no último domingo (22), na qual Lucas supostamente  outro irmão, o vereador de São Gonçalo Wagner de Andrade Pimenta, o Misael da Flordelis (MDB), de ser o mentor intelectual do crime.

Lucas, que é filho adotivo de Anderson do Carmo, e Flávio, enteado do pastor, estão presos preventivamente no Complexo Penal de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Os irmãos respondem pelo crime de homicídio qualificado contra o líder religioso, morto a tiros na madrugada de 16 de junho deste ano. Na madrugada do último domingo, a Polícia Civil realizou a reconstituição da morte do pastor e observou contradições em alguns depoimentos.

Procurada, a defesa de Flávio, representada pelo advogado Maurício Mayr afirmou que "o Lucas é declaradamente condenado por tráfico de drogas e faz parte de uma favela dominada pelo Comando Vermelho. Ele teria a liberdade de escolher uma unidade prisional que fosse ligada ao CV, mas escolheu ficar em Bangu 9, uma unidade neutra, onde Flávio também está. Eles não foram colocados na mesma unidade por determinação judicial. Não acredito que se o Lucas tivesse sendo ameaçado, escolheria ficar na mesma unidade prisional onde uma pessoa que o ameaça estivesse junto. Esperamos que isso seja esclarecido."

De acordo com o Tribunal de Justiça (TJ-RJ) a juíza já determinou a transferência dos presos e encaminhou ofício à Secretaria de Administração Penitenciária (SEAP). Esta última afirma que, até o momento, ainda não havia sido notificada. A Defensoria Pública, que representa Lucas,  não se pronunciou até o fechamento desta edição.