DH ouve depoimentos sobre morte de jovem na Grota

Delegacia de Homicídios de de Niterói realizou a perícia no local - Foto: Marcelo Feitosa

Polícia
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Testemunhas da morte do adolescente Dyogo Xavier Costa prestaram depoimento, na manhã desta terça-feira (21), na sede da Delegacia de Homicídios (DH) de Niterói. O objetivo da especializada é fazer o reconhecimento de possíveis envolvidos na morte do jovem.

Estiveram presentes na especializada, por volta de 9h30, o avô do menino, o motorista de ônibus Cristóvão Xavier de Brito; e os policiais do Batalhão de Choque (BPChq) da Polícia Militar envolvidos na operação que aconteceu em agosto do ano passado, em comunidades do Complexo do Viradouro (do qual a Grota faz parte), que culminou na morte do rapaz.

De acordo com Cristóvão a convocação aconteceu na última segunda-feira (20), um dia após um programa de TV exibir uma matéria sobre o caso. Na reportagem, foi mencionado que nenhum dos agentes havia sido ouvido pela investigação.

No entanto, a DH afirma que fez várias tentativas de intimação aos policiais nos últimos dois meses, mas eram apresentadas diversas justificativas para o não comparecimento. Os investigadores eram informados de que os agentes estariam em operação ou ausentes nos dias em que eram procurados.

Às 12h40, os policiais deixaram a sede da DH, em uma viatura do Choque, sem falar com a imprensa. Cerca de cinco minutos depois, foi a vez de Cristóvão deixar a especializada. Ele afirmou que o motivo da convocação foi para tentar fazer o reconhecimento dos policiais que poderiam estar envolvidos na morte de Dyogo.

Todavia, o avô do rapaz disse ser difícil saber quem estava presente, pois os agentes usavam máscaras e capacetes na ação. Ele afirmou se lembrar que eram dois policiais que estavam no momento do crime. "Na hora eu não tive muita visão, ainda mais naquela loucura. Eles estavam com a cara tapada, com capacete. Foi apenas um reconhecimento, mas é muito difícil você conseguir falar quem foi", afirmou.

Cristóvão deu detalhes sobre a ação que resultou na morte de seu neto. De acordo com ele, a operação que o Choque realizava naquela manhã de agosto já havia terminado. Entretanto, alguns policiais ficaram escondidos "de tocaia" e, no momento em que Dyogo saia de casa para treinar, acabou sendo alvejado por estes militares.

O motorista concluiu afirmando acreditar que os responsáveis pela morte de seu neto sejam identificados e a justiça seja feita. Quando questionado se a família está recebendo algum tipo de assistência do Estado, a resposta foi negativa.

"Assistência só Deus, como a gente não tem muita condição, tem que pensar que Deus colocou esse problema na nossa mão para encarar de cara aberta. É difícil, a gente chora. Tem horas que eu paro [de trabalhar] e choro", concluiu o avô, bastante emocionado.

A DH informou que outros policiais, que participaram da operação que resultou na morte de Dyogo, serão intimados a prestar depoimento no decorrer das investigações.

Memória

O jogador de futebol Dyogo Xavier Costa, de 16 anos, foi morto no começo da tarde do dia 12 de agosto de 2019, na comunidade da Grota, no bairro de São Francisco, Zona Sul de Niterói. Ele estava indo para um treino no clube América quando foi atingido pelas costas por um tiro de fuzil.

No momento da morte, acontecia uma operação do BPChq na comunidade. De acordo com dados da perícia, o tiro que vitimou o rapaz partiu da arma de um ou mais de um policial militar. A DH agora busca identificar os responsáveis pelo disparo que vitimou o jovem.