Bronquiolite: a doença dos lactentes no outono e inverno

A bronquiolite é uma infecção causada principalmente por vírus e acomete as crianças menores de dois anos de idade e pode provocar falta de ar, tosse, dificuldade para respirar, chiado no peito. Na maioria das vezes, apresenta um quadro leve, sem que exista necessidade de internação do paciente - Foto: Foto de Divulgação/Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro

Saúde
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A Bronquiolite é uma doença de caráter sazonal, isto é, no nosso meio ela aparece predominantemente nos meses de março a julho. Nesta época do ano, a maioria dos atendimentos e internações nos serviços de emergência pediátrica são de lactente com bronquiolite. Esta doença também acontece nos países desenvolvidos, sendo a causa mais comum de internação nos lactentes sadios.

Trata-se de uma infecção causada principalmente por vírus e acomete as crianças menores de 2 anos de idade. O vírus mais comum causador da bronquiolite se chama Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que no adulto causa apenas sintomas tipo resfriado comum, mas que no lactente, é capaz de ser tão agressivo, gerando falta de ar, tosse, dispneia (dificuldade para respirar), chiado no peito, gemidos.

Graças a Deus, na maioria das vezes a bronquiolite apresenta um quadro leve, não necessitando internação. Em geral existe uma história de contato com alguém "resfriado", o irmãozinho maior que chegou da escola tossindo e febril, ou mesmo um adulto, a própria mãe ou pai que estão com rinite ou resfriado. No dia seguinte o bebê começa com coriza (secreção nasal fluida e clara), seguindo-se de febre baixa que às vezes passa desapercebida e no outro dia surgem a tosse, o chiado e a falta de ar. É bem típica esta apresentação da doença.

Inicialmente o vírus invade as células do trato respiratório superior causando coriza clara, mas em pouco tempo atinge também o trato respiratório inferior, especificamente os bronquíolos. Juntamente com os brônquios, os bronquíolos conduzem o ar do nariz até os alvéolos, onde haverá a troca gasosa entrando Oxigênio (O2) e saindo Gás Carbônico (CO2).

Imaginem um tubo com 2 mm de diâmetro (os bronquíolos) inflamado, inchado e cheio de secreção- a tendência é entupimento, prejudicando assim a chegada do ar inspirado pelas narinas até os alvéolos. Como não haverá troca de Oxigênio suficiente, o organismo reage tentando manter a quantidade de Oxigênio adequada para o funcionamento de todo o organismo.

Esta reação se expressa através dos músculos respiratórios do tórax e do abdome e assim irá alterar o padrão da respiração. Esta passa a ser dificultosa, com a musculatura trabalhando para tentar vencer o obstáculo (as paredes dos bronquíolos inchadas e com aumento de secreção). Além da respiração rápida e falta de ar que a criança apresenta, surgem a tosse para tentar eliminar a secreção retida nos brônquios e bronquíolos.

A doença é mais grave em algumas situações como nos bebês com idade inferior a 3 meses, nos prematuros, nos que nascem com doença cardíaca (cardiopatia congênita), nos portadores de doenças neuromusculares.

Não há necessidade de exame laboratorial para fazer o diagnóstico de bronquiolite. O médico examinando o bebê tem condições de diagnosticar. Naqueles em que ele desconfia de estar complicando com pneumonia bacteriana, pode então solicitar a radiografia de tórax.

Na maioria dos casos não há necessidade de internação, a doença evolui para melhora a partir do quinto ao sétimo dia do início dos sintomas e no máximo em 2 semana o lactente está bem, sem tosse ou falta de ar. Há exceção para aquelas situações especiais e nos lactentes que tem predisposição à alergia, que podem manter os sintomas até mais dias.

O tratamento pode ser mantido em casa priorizando a limpeza frequente das narinas com soro fisiológico, hidratação e aleitamento materno. Aliás o leite materno é rico em proteínas chamadas imunoglobulinas que protegem e ajudam os lactentes no combate às infecções e à restauração do epitélio danificado das vias aéreas inferiores.

Também é muito importante ter a vacinação atualizada, evitando doenças que são preveníveis através do uso de vacinas. Diferente das infecções bacterianas, que são tratadas com antibióticos, não existe nenhuma medicação que atue diretamente sobre os vírus causadores de bronquiolite.

Atualmente um anticorpo monoclonal, medicação injetável disponibilizada pelo governo, é indicada apenas para lactentes com alto risco de internação ou morte por bronquiolite causada pelo VSR, tais como prematuros, portadores de cardiopatia congênita ou doença pulmonar crônica da prematuridade.