Ana e a Tal Felicidade chega ao teatro do Rio

Espetáculo, homônimo do livro, chega ao Teatro Sérgio Porto para debater as diversas formas de violência contra a mulher, a partir do dia 04 de novembro. - Foto: Divulgação

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“ Ana e a Tal felicidade", escrito por Cris Pimentel, chega ao teatro para refletir temas aos quais as mulheres são encaixadas e, consequentemente, silenciadas pela sociedade. A peça, que é produzida pela Notícias de Tudo une-se à dramaturga Renata Mizrahi para conduzir o público a uma reflexão e discussão a respeito das violências sofridas cotidianamente pelas mulheres. As apresentações de domingo contarão com debates após a peça, durante a temporada que seguirá de 04 a 28 de novembro, quinta a sábado, às 20h e domingos, às 19h, no Teatro Sérgio Porto.

“Nosso espetáculo foi construído com muito carinho e dedicação por parte de cada profissional envolvido. Todos, sem exceção, trabalharam incansavelmente, para atingir nosso objetivo que é levar para o palco com toda licença poética que o teatro nos permite, os momentos de força e fragilidade dessa mulher abusada sexualmente, desconstruindo os estereótipos a fim de levar o público a um mergulho dentro da jornada emocional da "Ana" – uma mulher angustiada em busca de um acerto de contas com seu passado e, que ao mesmo tempo, tenta se firmar num relacionamento. Queremos com esse espetáculo provocar a reflexão junto à plateia sobre temas como culpa, aborto, orgasmo, entre outros assuntos tão importantes para a saúde mental de toda mulher. Assim como no livro, nós juntamos relatos de outras mulheres que passaram por situações semelhantes à que vivi aos 17 anos, relatos esses que conheci na década de 90, época que fui escrivã de polícia numa Delegacia de Defesa da Mulher, (SP) e que me inspiraram na criação dos personagens centrais. Só desejo que esse projeto tenha uma excelente jornada”! – Afirma Cris Pimentel, autora do espetáculo

Quase que diariamente, há relatos em toda a imprensa e mídias sociais de casos de violência sexual e doméstica. Em agosto, a Lei Maria da Penha completou 15 anos e, apesar da sua existência, o estupro, considerado crime hediondo, registrou recorde da violência sexual: Foram 66 mil vítimas de estupro no Brasil em 2018, maior índice desde que o estudo começou a ser feito em 2007. A maioria das vítimas (53,8%) foram meninas de até 13 anos. Conforme a estatística apurada em micro dados das secretarias de Segurança Pública de todos os estados e do Distrito Federal, quatro meninas até essa idade são estupradas por hora no país e ocorrem em média 180 estupros por dia no Brasil, 4,1% acima do verificado em 2017 pelo anuário.

O projeto, incentivado pela Lei de ISS em 2019, mistura pedaços da história da própria autora, com relatos de outras mulheres que passaram por situações semelhantes e que Cris ouviu durante os anos em que trabalhou numa delegacia de defesa da mulher, na década de 90. Até chegar ao formato atual, o coletivo vivenciou algumas experiências com o projeto como: A leitura da peça com a dramaturgia de Andrea Terra, aprovada pela Lei Aldir Blanc, em março de 2020, em comemoração ao Dia da Mulher e o livro “Ana – O amor pelo amor”, lançado no dia 10 de abril de 2021 pela internet, em live com a editora Taís Facina, da Sagarana Editora – presente durante a temporada para a venda de ambos os livros -.

 

“Em 2018 a escritora e jornalista Cris Pimentel me apresentou o seu projeto do qual falava sobre o universo da “Ana”, uma personagem que infelizmente até hoje representa a realidade de muitas mulheres. E neste mesmo dia, conversamos sobre a importância de falar sobre os temas abordados, bem como de formarmos um coletivo, em sua grande maioria feminina. Depois, já em 2020, com o projeto e captação em andamento, veio a pandemia que nos fez aguardar uns meses, para iniciar o processo. Enquanto isso, a mídia noticiava um aumento no número de casos de mulheres violentadas e assassinadas dentro de casa. Neste momento, eu e a diretora de movimento Maria Carol Leguedê já tínhamos iniciado juntas com a Cris Pimentel uma troca de conteúdo a partir de pesquisas sobre o universo da “Ana” e a violência contra a mulher. Enfim, chegou 2021 e fiz o convite para a Nina da Costa Reis entrar junto comigo na direção e logo começamos a levantar o espetáculo com toda equipe e elenco. Trabalhamos durante o processo uma linguagem cênica onde construímos diálogo entre ator compositor, dramaturgia, poesia, música e cenografia. A entrega dos atores foi essencial para que pudéssemos contar esta história. Este espetáculo é de extrema relevância para que possa haver uma mudança, pois os temas levantados ainda são tratados como tabus na sociedade e acabam intimidando as mulheres que se calam diante de tanta dor”. - Carol Araujo, diretora do espetáculo

E é nessa luta permanente de apoio às causas femininas que Cris e o coletivo Notícias de Tudo acreditam que o projeto pode ajudar as mulheres a encontrarem a felicidade e se libertarem de seus traumas. As várias atividades desenvolvidas visam levar uma possibilidade de dar espaço, vez e voz às mulheres, através da arte, a uma sociedade mais justa e menos machista. Portanto, o principal objetivo do espetáculo é lançar um olhar sobre o problema, abordando de forma criativa os momentos de força e fragilidade da mulher abusada sexualmente, desconstruindo os estereótipos que o cercam; ao mesmo tempo também criar oportunidades reflexão sobre o assunto, promover o desenvolvimento e a difusão de produções nacionais, gerar empregos, incentivar, manter, ampliar e valorizar o mercado de trabalho para artistas e técnicos locais.

SINOPSE: “Ana e a Tal Felicidade" nos apresenta uma mulher real. No palco, podemos encontrar uma mulher que questiona suas dores e que, angustiada, está em busca de um acerto de contas com o passado e de uma perspectiva de futuro, inclusive amoroso. Através da personagem, muitas mulheres poderão, além de se verem, refletirem sobre o combate à violência contra a mulher.