Corinthians quita salários, Mancini ensaia 3-5-2 e Bruno Méndez é testado como volante

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Vagner Mancini concedeu uma entrevista coletiva virtual bastante reveladora nesta sexta-feira.
Primeiro, o técnico do Corinthians informou à imprensa, em primeira mão, a quitação da última folha de salário do elenco que estava atrasada, esta referente ao mês de outubro. À Gazeta Esportiva, durante a entrevista, o clube confirmou a quitação da pendência.
“Hoje de manhã foi feito o pagamento deste último (mês de atraso), então, não há mais atraso”, disse o treinador.
Depois, Mancini também confirmou que testou o zagueiro Bruno Méndez como primeiro volante durante a semana de treinos.
“Pela tua pergunta, óbvio que você já sabe que o Bruno foi testado como volante, foi testado. Agora tenho tempo para isso, em algumas situações um jogador que saiba fazer zagueiro e volante é benéfica, pois te dá um leque de mudanças táticas (…) O Bruno foi testado, sim, e com mais um pouco de treino pode dar uma resposta interessante”.
Talvez por causa do teste com o beque uruguaio, a formação com três zagueiros foi outra possibilidade admitida pelo técnico do Corinthians nesta sexta-feira.
“Dá impressão que você assistiu nossa semana de treinos, porque ela foi baseada nisso. Não somente na utilização de terceiro zagueiro, mas como outras opções. Testei duplas de volantes, duplas de atacantes, é importante quando você analisa uma equipe, analisa o setor. As pessoas, quando entra o terceiro zagueiro, acham que a equipe fica defensiva. Quando o 3-5-2 foi inventado, foi para tornar mais ofensivo, para ter os dois alas chegando. Você pode botar mais volantes e mais atacantes e jogar em linha baixa e se defender também. O conceito precisa ser bem entendido”.
O Corinthians vai enfrentar o Atlético-MG neste sábado, às 19 horas, na Neo Química Arena. Segundo Vagner Mancini, Jemerson e Jonathan Cafú estão fora do confronto e podem estrear contra o Grêmio, na rodada seguinte. Fábio Santos, Cazares, Otero e Xavier também são desfalques certos.

Confira como foi toda a entrevista coletiva de Vagner Mancini:

Meio de campo
“O Xavier, infelizmente, está suspenso para essa partida. então, fizemos algumas outras formações, existe a possibilidade da entrada do Cantillo, o mais importante é buscar o equilíbrio da equipe. Nesses dois últimos jogos eu vi o meio de campo com dificuldade na armação e isso deixa o nome do Cantillo forte, porque ele tem muita qualidade. A partir do momento que a gente precisa de mais marcação, temos a prioridade de outros atletas, mas tivemos uma semana para testar várias formações e amanhã vamos escolher quem se saiu melhor, os que deram o equilíbrio que eu espero em campo”.
Retorno de Jô
“Ele ajuda muito, porque tem liderança muito forte, as pessoas param para ouvir, mesmo enquanto estava no departamento médico, ele estava ajudando. O Jô voltou a treinar, teve uma evolução muito satisfatória, aguardo ainda para saber como ele reagiu de ontem para hoje, porque tivemos um treino mais forte, vamos ver, mas é uma peça fundamental, se estiver apta a jogar”.
Condições de Jemerson e Cafú
“Os dois já melhoraram, são poucos dias ainda, o Cafú com um tempo menor de inatividade, mas talvez contra o Grêmio já estejam à disposição, ou para parte do jogo, vai depender da performance e qualidade que eles passam para a gente. Não podemos errar, temos de tomar um certo cuidado”.
Trabalho com Luan
“Existem dois pontos que eu julgo como realmente de peso. Quando você ataca a mente do jogador, você tem uma grande possibilidade que ele mude a performance ou que ele passe a fazer alguma coisa diferente. Agora, se isso também fosse o ponto fundamental, nós teríamos de encaminhar alguns atletas à terapeutas para que existisse uma efetividade nisso. Não é o caso do Luan. Luan é um cara que todos nós assistimos jogos belíssimos dele no grêmio. Sabemos que ele é capacitado para desempenhar. Se não está desempenhando, alguma coisa tem. às vezes leva tempo e talvez esse tempo tenha se excedido. Isso leva ao aborrecimento. Luan sabe disso, ele está incomodado, já conversei com ele para ele ir refazendo aos poucos a imagem que ele teve, leva tempo, não é em um jogo. Ele é extremamente técnico, joga com a bola nos pés, ele precisa entender que o futebol mudou, não é mais tão romântico, a bola no pé expõe os erros num jogo de cada dia menos erros. Quando você começa a entender o jogo, começa também a mudar a maneira de atuar. Isso é fundamental para ele, Assim como o Cantillo, Luan precisa também que a sede que ele tem pela bola ele tem de ter também para recuperar a bola. É um processo mais lento, mas vai acontecer. Já vi uma mudança, uma melhora do Luan e tenho certeza e estou confiante que ele vai a cada jogo mostrar algo diferente e vai nos ajudar como esperamos”.
Atuação contra o Inter é espelho
“São estilos diferente, Inter tem um time mais estabilizado em campo, o Atlético joga em velocidade, intensidade, sabemos que o esquema do Sampaoli é para a bola chegar nos extremos, mas a tônica tem de ser a mesma. Vai enfrentar um time que vem bem, então, vai ter de se superar e alguma coisa para a parte técnica render. A partir do momento que você entra concentrado num jogo desse, a chance aumento muito”.
Duelo com Sampaoli
“Eu encaro como um jogo normal, de peso, que envolve muita coisa, do outro lado tem um técnico que vem fazendo um bom trabalho, já tinha feito no Santos, é importante que a gente, aqui no Brasil, se cobre cada dia mais, técnico não tem nacionalidade, temos competência, não podemos sair desse viés. O time do Sampaoli costuma ser intenso, hoje um piscar de olhos pode ser suficiente para desarrumar um sistema ou ser desarrumado. Já estamos falando com os jogadores e todos estão atentos a tudo, mostrando vídeo, levando para dentro de campo, porque é importante que o atleta vivencie situações semelhantes que vão acontecer no jogo. É importante termos o resultado, mas de maneira nenhuma vou dirigir esse foco para mim, faço parte de uma engrenagem de todos aqueles que participam da partida. Eu sou parte da equipe”.
Pagamento dos salários
“Eu já vivi em outros lugares do futebol situações onde o atraso foi difícil de ser administrado. Não é o que aconteceu aqui. Não tive nenhuma reclamação, existe uma confiança muito grande. E a informação que eu tive, antes da coletiva, é que hoje de manhã foi feito o pagamento deste último (mês de atraso), então, não há mais atraso. Claro que é importante, é o que todo mundo quer, mas em momento algum eu tive qualquer conversa com o elenco sobre isso. Os atletas entenderam o acordo que foi feito com a diretoria, que seguiu a risca, teve a dificuldade com a pandemia. Que seja uma energia a mais para brigarmos por coisas diferentes no campeonato”.
Sobre o sub-23
“Minha opinião diverge da maioria. Acho que ele tem uma ação diferente do sub-17 e sub-20. Muitas vezes você vê dentro de uma equipe e a base formando jogadores maturados que chegam no profissional entre 17 e 20 anos, mas existem atletas que você não tem certeza que a maturação vai acontecer até os 20 anos, e você libera o jogador no mercado e ele arrebenta em outro clube e chega a cobrança. Em todos os clubes, o sub-15, sub-17 e sub-20 trabalha na formação. O sub-23 pega atletas do sub-20 que não tiveram condições de chegar no principal e te dá possibilidade de buscar atletas no mercado que são referências em alguns clubes e que têm 20 ou 21 anos, que você não pode trazer direto para a equipe de cima, aí você usa o sub-23, que tem capacidade de maturação diferente. Às vezes oferece uma possibilidade real. No sub-23, atletas, em tese, estão acostumados a suportam uma pressão maior. Algumas equipes optam por não ter e você perde jogadores que maturam mais tarde. Na base, às vezes você tem um jogador de 17 anos que tem futebol de 20, mas que ele não matura mais que isso. E às vezes tem o de 22 com maturação de 25, um pouco mais tardia por aspectos pessoais, por tudo o que viveu. A minha visão é essa. Se o sub-23 é certo ou não, não cabe ao Mancini. Depende de muitas coisas, do que o clube vive, de orçamento, de quanto dá de retorno e só o tempo pode dizer”.
Primeiro mês de Corinthians
“Na Copa do Brasil, não fiquei nem um pouco satisfeito, tenho de expressar minha chateação com a desclassificação. No Brasileirão, cheguei, o time estava em 17º, está em 10º. Importante subir na tabela e mudar de bloco. O Brasileirão se define alguns blocos: o da frente, até o oitavo lugar, o intermediário, e os que brigam para fugir do Z4. Quero que o Corinthians esteja no bloco de cima, estamos em transição. Estamos no intermediário, se vamos chegar ou não depende de uma série de fatores. Essa ascensão se deu pelo entendimento dos atletas de que deveríamos mudar a postura nos jogos. Em alguns houve imposição boa, em outros não. No Brasileiro, tivemos só uma derrota para o Flamengo, que quero entender que foi um acidente de percurso. Nos outros jogos, tivemos postura de uma equipe que poderia vencer. Mesmo contra Flamengo, que jogamos bem, e Atlético-GO, que tivemos chances”.
Planejamento
“É arrumar a equipe para desenvolver um segundo turno de uma forma mais uniforme. Falar de uma equipe em que você teve pouco tempo de treinamento é difícil. Chegar numa semana e já ir para o terceiro jogo. Agora, com semanas abertas, o rendimento e o entendimento vão se ajustando. Espero que o Corinthians suba na tabela”.
Bruno Méndez de volante
“Pela tua pergunta, óbvio que você já sabe que o Bruno foi testado como volante, foi testado. Agora tenho tempo para isso, em algumas situações um jogador que saiba fazer zagueiro e volante é benéfica, pois te dá um leque de mudanças táticas. Hoje ficamos presos no 4-4-2, 4-3-3, 4-5-1, quando na verdade as equipes se compactam independente das linhas. Vi um jogo esses dias que um time venceu com duas linhas de cinco. Tem de haver entendimento para o atleta saber como frear o adversário. Converso muito com eles, explico as situações durante os treinos, paro, explico. O Bruno foi testado, sim, e com mais um pouco de treino pode dar uma resposta interessante”.
Contratação de Cafú
“Claro que quando algum nome vem, você vai buscar as informações, a gente tem uma rede de contatos, não só no Brasil, no mundo inteiro, sou ex-atletas, estou há anos nessa função, a gente busca, eu já conhecia o Jonathan de vê-lo jogar contra, mas é óbvio que você busca informação recente, ela é muito importante, a informação de atletas, de comissão técnica, de amigos que assistem aos jogos, dos vídeos, houve um consenso na contratação e não tenho dúvida em afirmar que ele vai ser uma peça importante, não só pelo que busquei como informação, como pelo que já vi em uma semana em treinamentos, porque é uma característica diferente do que nós temos”
Função de Jonathan Cafú
“Jonathan tem um pouco mais de força física, num futebol em que todas as equipes se defendem em duas linhas de quatro e você precisa de jogador que quebra essa linha de marcação, uma opção é enfiar entre as linhas mais atletas do que ela suporta, e ter uma linha de passe para ter superioridade. A outra é envolver com superioridade numérica pelo meio ou laterais para chegar à linha de fundo. Ou ter um atleta com força física para romper a linha e receber o atleta nas costas dos defensores. E ter um atleta que consegue chegar. Jonathan tem leitura e força física, por isso é um pouco diferente do que temos. É duro comparar um com o outro. Quando você tira Zico e coloca Rivellino, tem mudança”.
Sobre a necessidade dos pontas
“A necessidade é saber que você precisa romper linhas. O adversário não vai deixar buracos, as equipes estão organizadas, todo mundo faz leitura boa de jogo. Importante ter atletas que fazem papéis diferentes e que nos agreguem algo para fazer o gol”.
Chance de escalar três zagueiros
“Dá impressão que você assistiu nossa semana de treinos, porque ela foi baseada nisso. Não somente na utilização de terceiro zagueiro, mas como outras opções. Testei duplas de volantes, duplas de atacantes, é importante quando você analisa uma equipe, analisa o setor. As pessoas, quando entra o terceiro zagueiro, acham que a equipe fica defensiva. Quando o 3-5-2 foi inventado, foi para tornar mais ofensivo, para ter os dois alas chegando. Você pode botar mais volantes e mais atacantes e jogar em linha baixa e se defender também. O conceito precisa ser bem entendido”.
Mais sobre 3-5-2
“Você citou a liberação dos laterais, que pode gerar para um time que joga em linha de quatro, linhas que dificultam a marcação. Estamos tentando achar a melhor variação. Dentro do jogo, tem de ter mecanismo de tirar um volante, botar dois atacantes em dois zagueiros, puxar mais jogadores para ter superioridade. Tudo faz parte de uma equipe bem treinada que demanda tempo. Agora, com semanas abertas, podemos mudar alguma coisa. Quero que tenha várias formas de jogar. Uma como ponto de partida, às vezes você entra com sistema igual e sabe que vai ficar no 0 a 0, a não ser que alguém erre. Você precisa ter algo para surpreender”.
Sobre a queda dos treinadores
“Nosso sistema é rígido a treinadores. Cada técnico tem sua parcela natural, ele é o cara que comanda, que dá treino, que escala, mas vai até certo ponto. No Brasil, não é dado chance para o treinador desenvolver o trabalho. Você não é obrigado a ficar com um treinador que você vê que não desenvolve um bom trabalho. Mas se você percebe que há uma melhora e que há longo prazo vai ter resultado. A troca não garante que vai ter resultado. Há uma pesquisa que mostra que a mudança gera desgaste e prejuízo financeiro. Acho importante que a gente aprove um projeto que está no Congresso há seis anos que vai nortear o mercado. No projeto da FBTF diz que o técnico pode sair, mas tem de pagar multa. Se for mandado embora, que receba até o término do contrato, mas que não possa ir para outro clube. As coisas precisam ser revistas. Brigamos para que seja regulamentado”.