Coordenador médico da CBF descarta paralisação do Brasileirão e defende protocolo

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Com os crescentes casos de covid-19 em grandes clubes brasileiros, uma possível revisão do protocolo imposto pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a paralisação do Campeonato Brasileiro estão sendo especuladas. Apesar do alto número de infectados em clubes como Atlético-MG, Palmeiras e Santos, nenhuma das duas situações deve ocorrer.
É o que garante, pelo menos, o Dr. Jorge Pagura, coordenador médico da CBF. Em entrevista exclusiva ao programa Gazeta Esportiva, da TV Gazeta, Pagura garantiu a qualidade do protocolo imposto pela entidade aos clubes.
“No momento não (pensamos em rever o protocolo). O assunto covid é um assunto muito sério, e a CBF trata isso com muita seriedade. Nós temos um grupo que se debruçou para fazer e atualizar os protocolos, dentro de níveis internacionais, com normas do CDC americano, Organização Pan-Americana de Saúde, Organização Mundial de Saúde e compartilhado com o Ministério da Saúde. Ele não é aquele que nós fizemos em março, já teve várias modificações, que ocorrem com bases científicas”, afirmou.
Segundo o coordenador médico, a CBF tem feito um dos melhores trabalhos possíveis quanto ao combate ao coronavírus, além de ter realizado uma das maiores testagens do mundo.
“Fizemos um estudo em que foi feito um corte temporal no final do primeiro turno, que incluía as Séries A, B, C, D e também os Campeonatos Brasileiros sub-17, sub-20 e aspirantes de futebol masculino. Para se ter uma ideia, foram avaliadas mais de 160 mil horas de jogo, então é um protocolo sério. E não é avaliado pelo Pagura, neurocirurgião, e nem por médicos que controlam cada uma das sedes. É avaliado por um grupo de infectologistas do maior quilate. A CBF fez seguramente uma das maiores testagens do mundo”, disse.
“Nós temos mais 47 mil testes feitos em todas as sedes. Além disso, todas as medidas elencadas e contidas no protocolo que vão garantir o distanciamento, utilizar máscara, usar álcool em gel, tomar cuidado no hotel, cuidado nos embarques nos aeroportos, como fazer para embarcar e não se misturar. A torcida realmente tem aquela ânsia de estar perto dos jogadores. Não é um protocolo em que fizemos a avaliação de dez jogos. Não, são mais de 1.100 jogos. Vamos publicar, inclusive, não só para imprensa, os dados em revistas científicas internacionais, porque é uma contribuição para o mundo”, completou.
Jorge Pagura ainda revelou que os estudos não indicaram nenhuma contaminação entre atletas durante as partidas. O médico citou os duelos entre Palmeiras e Flamengo, pela 12ª rodada do Brasileirão, e CSA e Guarani, pela 1ª rodada da Série B, para exemplificar. No embate no Allianz Parque, o Rubro-Negro carioca estava repleto de desfalques por conta de um surto de covid-19, mesma situação da equipe alagoana diante do Bugre.
“Quando se tem dois ou três jogadores de um time que testaram positivo, nós acompanhamos por mais de dez dias. A gente afasta, como todo mundo, e o restante vai para suas atividades. É assim que funciona, você faz essa sequência. Por exemplo, quando o Palmeiras foi jogar com o Flamengo, depois ele foi seguido dez dias, assim como o Guarani que jogou com o CSA. Isso não é avaliado só por mim, é por toda a comissão médica e de infectologistas. Não houve, até o momento, nenhuma evidência de contagio durante um jogo. No restante, nós não podemos esquecer que às vezes, em qualquer atividade, você reflete o que está acontecendo no próprio país. Está tendo um aumento em várias áreas, cidades e estados. O pessoal confundiu uma abertura com uma liberdade de não existir mais vírus. Não é assim”, pontuou.
Por fim, o Dr. Jorge Pagura assegurou que as competições da CBF não correm risco de serem paralisadas e voltou a reforçar a seriedade da entidade para que as partidas ocorram com segurança.
“No momento não (existe a possibilidade de uma paralisação das competições). A gente anda de acordo com a definição das cidades. Quando fizemos o protocolo, ficou muito claro que era para quando a situação permitisse e com autorização das autoridades, que o próprio Supremo Tribunal Federal delegou aos municípios. Eu diria que não, pois não há, no Brasil, talvez no mundo, nenhuma atividade que esteja sendo tão controlada quanto o futebol. Se eu contar que dos 47 mil testes, a maioria é assintomático. Talvez poucos municípios tenham testado tanto no país. Você faz mais diagnósticos, tira aqueles que teoricamente estariam andando pela rua. Você faz o diagnóstico com um grupo que está assintomático. Nós analisamos mais de 60 mil inquéritos epidemiológicos, o teste é uma consequência de tentar não deixar entrar o atleta contaminado para o jogo. Para poder escalar o time e entrar na súmula, e isso é analisado manualmente, um trabalho árduo a cada rodada, nós liberamos pelo inquérito epidemiológico e teste negativo. Todos esses dados são oficiais”, concluiu.