Conheça as principais propostas de Ricardo Agostinho, candidato da Chapa 3 na eleição do Santos

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Ricardo Agostinho é o candidato da Chapa 3, “Transforma, Santos”, na eleição marcada para 12 de dezembro. O associado tem 51 anos e é publicitário e empresário.
TV Gazeta e gazetaesportiva.com entrevistaram todos os candidatos do Peixe. As perguntas foram as mesmas e o vídeo pode ser assistido na integra abaixo.

Abaixo, leia as perguntas e respostas:

Quais são os principais projetos para o departamento de futebol profissional do Santos?
Nós da chapa 3, a Transforma, Santos, queremos isso, transformar. Estamos em um projeto de Cruzeirização irreversível. Ou paramos tudo agora ou não tem mais Santos em cinco anos. Momento que não há o que dizer, é fazer funcionar ou Santos acabar. Camisa não vai mais segurar na primeira divisão se continuar assim. O Comitê de Inteligência me chamou, grupo que trabalha há três anos, com projetos e parcerias, capitaneado pelo Ronald Monteiro, meu vice. Se eu for falar o time, vamos ficar meia hora. Esse grupo sentou, achou que tinha que fazer algo pelo Santos. Pela primeira vez o clube tem pesquisa real para o sócio. Grupo levantou o que o torcedor precisa, apostou no meu trabalho como embaixador do Santos em São Paulo. Fui chamado para ser candidato nessa chapa e, com a nossa vitória, temos muito a fazer pelo clube. Está tudo preparado. Depois da área financeira, vamos atacar o futebol e criar produtos.
Quais são as principais ideias para categorias de base e futebol feminino?
Futebol feminino tem histórico maravilhoso, Rainha Marta e etc. Últimos tempos, como esse ano, foram ruins. Última administração fez bom trabalho, essa não. Santos ganhou título paulista nesse período, tentamos trazer para a embaixada e presidente não liberou pela despesa do ônibus. Feminino traz torcida masculina e feminino, traz sócias e novas atletas. Isto posto, vamos trabalhar o feminino desde o sub-13. Não profissional porque é obrigatório, mas Santos representa cidade, região e país, precisa ter trabalho social. Meninas começam no sub-13 e vamos formar como na base do masculino. CT Meninos da Vila será Sereias da Vila, exclusivo para as meninas. Vamos fazer a contrapartida com a União, reformar, lavar, limpar. Temos que diminuir distância do masculino e feminino com atitudes, não palavras. No masculino, é mais complexo pelos valores elevados. É tirar o futebol masculino do Meninos da Vila e trazer para o Rei Pelé. Vamos dar sequência na negociação com a SPU. Profissional vai para outro terreno, CT bacana em São Vicente e Praia Grande. Não tem problema andar um pouco, jogador ganha bem e tem carro bom. Na Europa ficam uma hora e não reclamam, aqui querem na porta de casa. Vão se locomover um pouco, porque a base vai ficar do lado do administrativo. Fechar as portas do CT para empresários. Empresário fala no segundo andar com presidência e diretoria. Empresário trouxe um menino e passa a ser do Santos, com 70 ou 80% no mínimo e não será barriga de aluguel. Empresário tem 80% e dá 20%, não dá. Usa a grife do Santos e tira. Não vamos deixar mais isso acontecer. A conversa é clara, empresário tem que faturar, mas fatura em cima de 20%. É auxílio para a família, melhor contrato possível, com condições, e a contrapartida é ser do clube desde o primeiro contrato. Se não forem raios, que sejam grandes jogadores ou pelo menos grandes cidadão santistas. Jamais barriga de aluguel.
O que fazer para sanar as dívidas do Santos a curto prazo?
Problema do Santos é falta de credibilidade. Alvaro Simões é um dos maiores financistas, vai chamar fornecedores e alinhar pagamentos. E vai pagar em dia. Deve 10, começa a pagar 1 e paga a primeira no dia 5. Paga a segunda no dia certo. Vão entender que mudou a situação. E aí vamos renegociar e procurar dinheiro novo. Não é empréstimo bancário, Santos tem produtos que não aproveita. Santos faz compras ruins, três recentes como Bryan Ruiz, Cueva e Uribe. Cueva ainda tem problema futuro e sobra para a gente o pepino. R$ 2 milhões em salários e não jogaram. Dinheiro desperdiçado. Sem valor de revenda, jogadores velhos. Empacaram. Quem fez isso tem que ser responsabilizado. Aí vende molecada correndo e vende mal. Não dá nem para condenar quem está no clube hoje, tem que vender zagueiro que vale 10 por 5 para não perder jogadores de graça. Santos compra mal e vende pior. Tem que comprar menos, isso que fique claro. É comprar com critério, jovens valores, com preços e parcerias boas para clube aproveitar. Entra no clube, aproveita, cria empatia, ganha títulos e aí vende bem. Danilo e Alexsandro da Libertadores de 2011. Importantíssimos, vitais, jogaram, deixaram marca, conquistaram torcida e foram bem vendidos. Renato e Elano idem. Não são Meninos da Vila autênticos, chegaram novos e se desenvolveram. Vieram do interior. Giovanni em 1994… Esse tipo de contratação é a cara do Santos, bom e barato. Dá para achar Renatinho, Elano e Danilo. É muito fácil, é ter equipe para trabalhar, prospectar. Não tem muito mistério, é ter programa e qualidade para trabalhar. Vamos fazer isso e aproveitar a base. Não é apenas ter o menino, mas o técnico preparado. Preparado e aliados com tecnologia. Scout, avaliação. Assim a gente consegue formar e gastar menos. Quando for vender, menino rendeu e é bem vendido. Se o menino não virou grande profissional, coloca no mercado secundário. Só não dá para colocar no sub-23 ou emprestar e pagar salário. Coloca em Portugal, na Holanda, e põe mais valia. O Hudson, hoje no Fluminense, foi perdido de graça em 2009. Não era craque e saiu, joga até hoje e poderia ter rendido.
Eu queria que você comentasse sobre a Vila Belmiro e projeto de arena. Qual é o futuro do Santos em termos de estrutura?
A arena é necessidade real. Tivemos chance em 2010 e barco passou. São Paulo também tomou rasteira. Não teve estádio na Copa. Financistas não enxergaram o óbvio. Santos teve seleções na região e não conseguiu nada. Não vamos perder de novo. Projeto da WTorre é bom, funciona. Santos é importante porque Baixada Santista carece de palco. Não é só porque Walter é santista, é homem de visão. Local para grandes jogos e grandes shows, com modernidade. Eu, como embaixador, lutei para ingresso popular. E ticket da Wtorre é mais proibitivo. Santos tem massa popular, categoria de A a E. D e E é forte. E essa massa tem que ser atendida, com setores baratos. Vamos conversar por pelo menos um setor popular, trabalhando matchday. O que acontece hoje é vergonhoso. Transformou um lugar de festa em cemitério. Sem corredor de fogo, bandeira, vibração, tio da empadinha, cachorro quente. Não é assim. Futebol é festa com responsabilidade. Quem transgredir a lei é penalizado, mas a Vila precisa voltar a ter festa, matchday, ex-jogador na porta, truckvan com produtos, ativar patrocínios e ter uma arena. A arena nova vai ao encontro da necessidade.
Você pode resumir sua trajetória profissional e também a experiência no próprio Santos?
Sou publicitário, 51 anos, e empresário do ramo farmacêutico. Fui embaixador do Santos, coordenador de campanha na política do clube. Entreguei mandato de embaixador para poder concorrer. Trabalho é longo em conhecer atletas, o clube e desenvolver o dia a dia. Tive contatos com últimos presidentes, ajudei muito. Ajudo efetivamente desde 1991. Eu era jovem, minha mãe tinha papelaria. O que eu fazia? Pegava material de escritório a contragosto dela e doava. Margarida de máquina de escrever, bobina. Ligava para o Santos e perguntava o que precisava para o jogo. Santos não comprava em Santos porque eu levava. Sempre ajudei como pude. É a maneira do torcedor de ajudar. Santos tinha embaixada em várias cidades e nenhuma na capital paulista por política. Conversei com o presidente alheio ao meu grupo político, me desvencilhei da política e fizemos o trabalho como embaixador. Eu convidava a todos, grupo aberto. Todos os candidatos de hoje foram para a embaixada. Só um que não costuma ir a futebol e não ia. Tiveram palanque, nunca tive problema. Abri portas para todos. Isso me credencia a fazer a verdadeira união. Tem que unir com projeto feito, não juntar problemas antagônicos. Nosso grupo trabalha há três anos, projeto está pronto. Ganhamos? Vamos mostrar o que o sócio quer e pedirei ajuda. Não me negarei a pedir ajuda. Quero todos juntos, sem fragmentação. Da mesma forma que se eu perder, me coloquei à disposição de todos. Podem me chamar, vou ajudar com embaixada, conheço assunto e relacionamento de sócios. Vou cooperar sempre. Dia 13 de dezembro tem que ter todo mundo junto.
Ricardo Agostinho e apoiadores de sua campanha (Foto: Divulgação)
Como conciliar a busca por títulos com a diminuição das dívidas? É momento de fazer algo semelhante ao Flamengo do Bandeira e focar na parte financeira?
Tem muita coisa boa na gestão Bandeira no Flamengo que aproveitamos, mas há diferenças. A primeira delas é que aproveitamos mais a base. Vamos gastar menos com futebol. A gente consegue resultado, exceção pode ser o ano passado deles. Mas ter time sempre competitivo com a base nós conseguimos, juntando com reforços pontuais. Santos tem possibilidade de desenvolver grandes produtos com o programa de sócios. Santos fatura R$ 9 milhões ao ano. Internacional fatura R$ 75 milhões. Clube nacional, com títulos internacionais, mas reconhecimento do Santos é maior, com todo respeito. Por que faturamos nove? Santos só se preocupa em comprar e vender, é um absurdo. Falei com quem tocou o plano do Inter. Eles têm 12 planos, aqui temos três e vantagem só em ingresso. Lá tem plano para todo mundo. Melhorar recompensas não é complicado. E eu quero plano internacional via passaporte. Cara de fora não quer votar, ele quer curtir o clube, quando vier ao Brasil ser tratado como rei, ganhar uma flâmula, um cartão, e ajudar o clube. Primeiro temos que ter sócios em São Paulo, fazer a lição de casa. E depois temos sócios no Brasil todo e de fora. Ouvi que potencial é três vezes maior que do Internacional. Produto licenciado? Santos tem linha pequena. Tem que aumentar exponencialmente. Nas minhas lojas compro de clube, não tem do Santos, só de adversário. Fornecedor diz que não vende porque Santos não quer e não recebe a empresa. Inter fatura R$ 60 milhões a mais que o Santos, cinco folhas salariais. Em um produto. Tem algo muito errado conosco. Santos pode faturar muito mais. Trouxe uma empresa do footprint dos jogadores, produto barato. R$ 200 em uma placa de contrato feito com laser. Pelé, Pepe, Mengálvio. Santos fez e nunca divulgou. Santos ganharia R$ 60, jogador R$ 60 e empresa o resto. Santos não fala e ninguém sabe, projeto está parado. Eu tenho em casa do Rodolfo Rodríguez, a mão dele na parede da minha casa. Nosso contrato com a Umbro nem é tão ruim, temos um valor garantido e não apenas royalties. Mas a distribuição é ruim, não se acha camisa do Santos. Minha mulher comprou a camisa e recebeu aviso de que não tinha na hora de entregar. Não podemos perder consumidor assim. Temos que conversar, queremos material esportivo, terceira camisa popular. Na Lapa tem camisa do Santos a R$ 90. Bahia vende popular a R$ 100. Torcedor do Santos compraria R$ 100 na oficial, mas compra a pirata porque a oficial é R$ 250… Temos que sentar, conversar, discutir a demanda, operar internacionalmente. Vamos terceirizar? Queremos camisa na Rússia, Inglaterra e Japão. Não dá para quem está lá, a gente rescinde e procura quem faz. Tem que ter produtos infantis, não dá para achar. Não tem uma roupa, uma chupeta. Às vezes é melhor ganhar um pouco menos e ter produto para todos. Prefiro ganhar R$ 10 num produto que nada. Santos não se interessa, só vive de compra e venda de jogador. Se eu tiver 100 mil sócios, eu consigo negociar com um banco com faturamento fixo. Não precisa vender um jogador de 10 por três pelo desespero do dinheiro. Vamos fazer desde o primeiro dia.
O início da gestão será diferente dessa vez porque campeonatos estarão em andamento. Quais serão as prioridades no início do mandato?
Vamos de cara chamar fornecedores e mostrar nosso projeto. Temos ideia de dívida, de como escalonar. Vamos sinalizar positivamente ao mercado e cumprir. Sobre futebol, não está bonito, mas dá resultado. Não podemos lutar contra resultados, como foi em 2005, mandamos embora e tomamos goleada. Se continuar com essa performance, temos que manter. Estamos nas quartas da Libertadores e G-6 do Brasileirão, até com chance de título. Não é hora de mexer. Se assumirmos assim, vamos manter a comissão. Terminando o campeonato, vamos conversar e traçar uma estratégia. Vamos assumir com o campeonato em andamento e temos que ter cautela. Temos que nos render aos resultados. Se entregam boa colocação no Brasileiro e Libertadores, vamos avaliar. Se não conseguirem, vamos conversar. Não temos que demitir o Cuca porque joga feio. Não tem reforços, cheio de moleques, surto de covid, tudo contra. Trabalho é bom dentro das possibilidades. Queria o Santos de 2002 e 2010, somos santistas. Queremos ganhar e ganhar bonito. Mas é momento de ganhar e depois conversamos.
Como avalia a atual situação administrativa do Santos? Pergunto sobre Comitê de Gestão não remunerado, Conselho Deliberativo… Acredita que o clube precisa de mudanças no seu regime atual e estatuto social?
O estatuto é um dos mais avançados. Precisa passar por algumas melhorias. No modelo associativo, a pessoa deve ter tempo. No caso do presidente, ter condição financeira razoável, com estabilidade, para poder se doar ao clube. Ao mesmo tempo que deve conhecer futebol. Não adianta ter salvadores da pátria que não conhecem futebol. Pode acontecer o que aconteceu com Leandro Damião. Se conhecesse um pouco de futebol, não faria essa contratação. Santos sofre consequências até hoje. É importante isso. Falando sobre Comitê de Gestão, nosso estatuto alterado em 2011, que prevê governança corporativo seguido por clubes europeus, prevê gestão profissional. Pensando sempre no todo, no planejamento, nas análises periódicas. Não deve ser mudado o Comitê de Gestão, sempre fomos favoráveis. Os mandatários que assumiram não estiveram acostumados à governança corporativa. É um modelo diferente. Mandatários que assumiram não estavam familiarizados. Somos defensores porque entendemos que duas ou mais mentes no mesmo ideal geram probabilidade de êxito maior. Temos que aplicar a boa governança, transparência, equidade, compliance. Respeito ao estatuto, ao regimento interno, ao código de ética rasgado ultimamente. A ética, o respeito às regras e moralidade imperam no futebol, é mudança de cenário. Coisas estão mudando, não adianta administrar com achismo e interesses pessoais acima do clube. Pessoa pode viver do futebol, mas cada um ser no seu quadrado. Quer ser presidente e auferir receitas? Tem que ser presidente do clube-empresa, que busca lucro entre acionistas depois de criar e vender talentos. Tenho minha dúvida porque no modelo associativo não há divisão entre acionistas. Financeiro com sobra positiva vai para a estrutura, para melhorar a performance, tornando um círculo vicioso num círculo virtuoso.