Conselho do Corinthians reprova balanço da gestão de Andrés Sanchez; saiba os bastidores

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O Conselho Deliberativo do Corinthians reprovou, na noite dessa terça-feira, o balanço financeiro do clube referente ao ano de 2019 em uma votação apertada, que terminou com a diferença de apenas dois votos: 132 membros do órgão votaram pela reprovação, enquanto 130 votaram pela aprovação. O pleito ainda teve duas abstenções.
Na sequência, houve a votação sobre o balanço de 2020. Nesse caso, o Conselho Deliberativo aprovou os números apresentados no último ano do mandato mais recente de Andrés após um placar de 130 a 124.
Sistema de votação online
Devido a pandemia do coronavírus, a reunião dessa terça-feira não ocorreu no Parque São Jorge, e sim por meio de um sistema online, que conectou os eleitores remotamente. O clube usou a plataforma “Eleja Online”, já utilizada por outros clubes e empresas de renome.
O sistema permitiu que os votos fossem computados automaticamente, com o sigilo de como votou cada um.
Andrés se defende e explica prejuízo
Antes do início da votação das contas de 2019, Andrés Sanchez pediu a palavra e, basicamente, reforçou aos conselheiros que cometeu erros tentando acertar. O ex-mandatário argumentou que boa parte do prejuízo se deu por causa da imprevisibilidade de contratações que não deram certo, diferente do que ele imaginava que aconteceria.
Wesley Melo, conselheiro pela Chapa 22 “Preto no Branco”, também deu explicações técnicas sobre os números apresentados. Por ocupar o cargo de diretor financeiro na atual gestão, Wesley não pôde votar.
Para defender a reprovação, falaram Max Anselmo Carvalho (Chapa 83 “Valores Corinthianos”), Armando José Terreri Rossi Mendonça (Chapa 82 “Reconstruir”) e Rubens Gomes, o Rubão (conselheiro vitalício).
Duilio é atacado pede a palavra
Após a reprovação das contas de 2019, deu-se início a votação do balanço de 2020.
O primeiro falar, e argumentar sua escolha pela reprovação, foi Romeu Ruma Júnior (conselheiro vitalício). Na sequência, falaram Leandro Jorge Bittencourt Cano (Chapa 21 “Liberdade Corinthiana”) e José Carlos Passaretti (Chapa 21 “Liberdade Corinthiana”).
Leandro Cano, porém, atacou Duilio Monteiro Alves, fez críticas pesadas a gestão anterior e esquentou o clima da reunião online.
Duilio, então, pediu a palavra e rebateu as acusações de Cano. Em seguida, Alexandre Husni, presidente do Conselho Deliberativo, também saiu em defesa de Andrés Sanchez e Duilio, e cobrou mais respeito aos citados.
Ao fim do debate, o órgão definiu pela aprovação do balanço de 2020.
O que dizem os balanços
O balanço financeiro corintiano de 2019 fechou com um déficit de R$ 195,4 milhões, enquanto o balanço de 2020 foi concluído com déficit de R$ 123,3 milhões. A dívida do clube saltou de R$ 665 milhões para R$ 982,8 milhões no período que teve Andrés Sanchez como presidente do clube.
O balanço de 2019 foi votado com sugestão de reprovação pelos Conselhos de Orientação e Fiscal. Os mesmos grupos, com novas formações após as eleições, sugeriram aprovação do balanço referente a 2020.
Possíveis consequências pela reprovação
Com o balanço de 2019 reprovado, Andrés Sanchez pode passar por um processo interno, caso algum grupo oposicionistas apresente um requerimento.
Os reflexos ao ex-mandatário vão desde 10 anos de inelegibilidade, como prevê o artigo 106 do estatuto, até eventuais ações judiciais, que transcenderiam a esfera do clube.
Internamente, Andrés dependeria de decisões do Conselho Deliberativo e, posteriormente, da Comissão de Ética e Disciplina (CED), que atualmente é presidida por André Luiz de Oliveira, o André Negão, amigo pessoal de Andrés de longa data.
André Negão, como vice-presidente do Conselho Deliberativo, cumpre mandado no CED por força do estatuto.
Para o clube, o temor maior da atual gestão é pela maneira como o mercado pode reagir diante da reprovação de contas, principalmente no relacionamento com os bancos.