Abel Ferreira recebe incentivo e brigadeiros de grupo de torcedoras: “Quer fazer a gente feliz”

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Abel Ferreira ainda não teve a oportunidade de comandar o Palmeiras com o público presente no Allianz Parque. Mas, na quinta-feira, o treinador recebeu uma amostra do carinho de palmeirenses ao deixar a Academia de Futebol em seu carro e se deparar com um grupo de torcedoras do lado de fora. Até mesmo brigadeiros o técnico levou para casa.
O “SEP das Minas” foi criado em 2017, quando palmeirenses que debatiam sobre futebol no Facebook identificaram a necessidade de criar um espaço no qual pudessem falar abertamente sobre o clube de seus corações. Tendo apenas mulheres, o grupo nasceu para possibilitar um ambiente de conforto para apaixonadas pelo Verdão, distante de ataques machistas. A sinergia entre as integrantes apenas cresceu nos últimos anos, e até promessas surgiram desse convívio. Após a conquista da Libertadores no início desta temporada, algumas tatuaram “Rony Rústico” no pé, por exemplo.
Após a classificação do Palmeiras sobre o Atlético-MG, torcedoras que fazem parte do SEP das Minas foram à Academia de Futebol com o intuito de demonstrar apoio ao elenco e a Abel. Depois de conversarem com alguns jogadores, como Weverton, Gustavo Gómez, Felipe Melo e Dudu, observaram o carro do treinador deixando o local em seu carro e conseguiram interagir com o português. A reportagem entrou em contato com Ana B., uma das integrantes do grupo, que é horizontal e, portanto, não possui lideranças. Ela relatou o encontro com técnico, não escondendo a emoção pelo momento.
“Os jogadores foram saindo, e a gente perguntava: ‘O Abel está lá dentro ainda?’. Alguns responderam que não sabiam, outros que ele estava. A gente chegou umas 17h30, o Abel foi aparecer por volta das 20h. Não sei se ele sabia que a gente estava ali, mas, no que ele parou o carro, fui uma das primeiras a pedir uma foto e, nisso, ele já desceu do carro. Ele estava de máscara, óbvio, a gente também. Ele desceu do carro, começou a tirar foto com todo mundo, gravando vídeos. Estávamos emocionadas, eu estava tremendo na frente dele, não sabia o que falar. Só agradecia muito. Ele falou que o objetivo dele era fazer a gente feliz”, disse Ana.
“Ele tirou também com algumas crianças que estavam por ali. A gente entregou o brigadeiro para ele, ficou muito feliz. Ele ofereceu até para uma das crianças, porque uma delas disse que estava com fome. ‘Eu tenho brigadeiro, se você quiser’. Ele foi bem atencioso, tirou fotos, gravou vídeos, assinou a camiseta de todo mundo que pediu. A gente agradeceu muito ele por tudo isso. Tudo mundo ali estava emocionado de encontrar com ele”, completou.
Algumas das integrantes do SEP estavam vestidas com uma camisa contendo a seguinte frase em italiano: “Sei bella come un gol al 98’28””. Em uma tradução direta, o escrito diz: “Você é linda como um gol aos 98’28?”, fazendo alusão ao gol marcado por Breno Lopes na final da Libertadores.
Após a derrota por 1 a 0 para o São Paulo, ainda na primeira fase do Campeonato Paulista, os muros do Allianz Parque foram pichados. Dentre as mensagens, uma delas era direcionada ao treinador: “Acorda, Abel”. O episódio exemplifica a cobrança sobre o trabalho do treinador nos últimos meses por parte de torcedores e jornalistas. Dono de uma personalidade forte, o português foi diversas vezes taxado de “retranqueiro”, devido ao modelo de jogo implementado. Na visão de Ana, o técnico foi questionado de forma desproporcional nesta temporada.
“Achamos injustiçado, sim. Ele se exalta em alguns momentos, e pegam pesado com ele, não acontece na mesma proporção com outros. O Abel fidelizou a maior parte da torcida. Uma minoria dela e a mídia podem não gostar, mas é o jeito dele. Ele estuda o adversário, traz estratégias para cada jogo e, assim, já conquistou dois títulos em menos de um ano e está em mais uma final. Em resumo, achamos desproporcional, sim. Muitos só acreditaram no trabalho dele quando conseguiu a classificação”, avaliou a torcedora.
Após um ano e meio sem a presença de palmeirenses no Allianz, a arena deve voltar a receber público ainda em outubro, após o Governo do Estado de São Paulo liberar a ocupação parcial de estádios a partir do dia 4 deste mês. Ana acredita que ações como a realizada pelo SEP das Minas na última terça são fundamentais para aproximar torcedores e elenco, sendo positivo para as duas partes.
“A gente acredita que é algo bom para eles e para nós. A gente está há um ano longe, não pode ir ao estádio. A gente entende que não era certo ter torcedores nos jogos. O Abel nunca teve um jogo com torcida. Ele receber esse carinho da torcida, ver que a gente está do lado dele… Os jogadores também. Isso é um grande incentivo para eles. Muitos jogadores já sabem como é jogar com a torcida no Allianz, mas outros, assim como o Abel, não sabem”, afirmou a palmeirense.
Após o empate por 1 a 1 com o Galo, que garantiu vaga à final da Libertadores para o Palmeiras, Abel fez um desabafo sobre a postura dos torcedores. O treinador fez questão de lembrar que o palmeirense “de verdade” é aquele que apoia o time em todos os momentos.
“Eu já convenci os torcedores do Palmeiras que são torcedores de coração. Esses, eu convenci. Os por interesse, nunca vou convencer. Nem eu, nem nenhum treinador que passar por aqui. Já convenci há muito tempo os que gostam do Palmeiras de coração. E não só nas vitórias, convenço nas vitórias e derrotas. Por isso, disse há um tempo que você vê o verdadeiro torcedor palmeirense nos momentos difíceis. Dedico essa vitória para eles, para aqueles que amam o clube e torcem em todos os momentos”, pontuou Abel.
“Além de ser treinador, sou sócio. Pago para ser sócio, também posso cornetar o treinador. Amo o clube, gosto das pessoas que trabalham no clube, amo meus jogadores. Estou aqui por eles até o fim. Aos torcedores, das duas, uma: aprendem que ser do Palmeiras é ser diferente, ou vamos sempre andar nessas guerras”, finalizou.