Boxe pode sair dos Jogos Olímpicos após relatório apontar manipulação das lutas no Rio-2016

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Nas Olimpíadas do Rio-2016, lutas de boxe que garantiam medalhas foram manipuladas por árbitros e jurados “cúmplices e complacentes”, diz relatório. De acordo com o Estadão, a investigação foi pedida pela Associação Internacional de Boxe (Aiba) e o golpe põe em risco a continuação da modalidade nos Jogos Olímpicos.
No relatório, o chefe do trabalho feito a pedido da Aiba, Richard McLaren, disse que a investigação analisou a arbitragem no Rio, mas o problema vinha de um tempo atrás. “As sementes disso foram plantadas anos antes, começando pelo menos desde os Jogos Olímpicos de 2000 até os eventos em torno de 2011 e Londres-2012?, disse em entrevista em Lausanne, na Suíça.
“Cerca de 11 lutas foram afetadas, talvez menos, e isso contando aqueles que sabemos que foram manipuladas, lutas problemáticas ou lutas suspeitas”, completou, referindo-se à disputa por um lugar no pódio.
Em 1988, o boxeador Roy Jones Jr. perdeu para Park Si-Hun, após o placar de 3 a 2. Mas, na contagem dos golpes, eram 86 de Roy contra 32 de Park, que chegou a levantar o braço do adversário no pódio. Um ano depois, Felix Savón não disputou a final do Mundial por não aceitar vários vereditos em lutas anteriores de seus compatriotas.
As polêmicas trouxeram mudanças nas regras. Antes o vencedor do round tinha que chegar a dez pontos, mas depois passaram a contar os golpes que efetivamente atingissem o adversário. Em Londres, as notas passaram a ser apresentadas ao final de cada round. Já em Tóquio, voltou a ser utilizado o sistema de dez pontos para o vencedor.
Segundo McLaren, os árbitros e jurados “sabiam o que estava acontecendo” ou então eram “incompetentes”. Durante a Olimpíada de 2016, dois resultados se destacaram: a derrota do irlandês Michael Conlan para o russo Vladimir Nikitin e a vitória do francês Tony Yoka sobre o britânico Joe Joyce.
A Associação foi suspensa como órgão regulador olímpico do boxe em maio de 2019 e é liderada pelo empresário russo Umar Kremlev desde dezembro. “A Aiba contratou o professor McLaren porque não temos nada a esconder”, disse Kremlev em um comunicado. “Devemos agora examinar cuidadosamente o relatório e ver quais medidas são necessárias para garantir a justiça” completou.