Cássio mira jogar até os 40 anos, e se empolga com “reforços de Seleção” no Corinthians

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Cássio tem 34 anos, passou a última década no Corinthians, conquistou nove títulos e participou de duas Copas do Mundo. A carreira construída por ele já é histórica, mas Cássio quer mais. Em entrevista coletiva, nesta sexta-feira, o camisa 12 do Timão falou sobre seus planos até a aposentadoria.
“Eu tenho em mente jogar até os 40 anos, lógico, me cuidando dentro e fora de campo, com desempenho, brigando por títulos, mas prefiro focar no ano a ano”.
E nessa linha, Cássio reforçou o discurso de Roberto de Andrade, diretor de futebol que na quinta-feira falou sobre subestimarem o Corinthians. Para o goleiro, as chegadas de Willian, Róger Guedes, Renato Augusto e Giuliano são especiais, não só pela qualidade dos atletas, mas pela opção feita por eles.
“Eu fico muito feliz, porque a gente vê a entrega dos jogadores que chegaram, a vontade deles estarem aqui, isso é muito legal. Chegaram muito bem, dispostos a ajudar, o Renato eu já conhecia, Willian peguei na Seleção, Giuliano também, e saber que eles poderiam ter ido para outro clube… Eles vieram de corpo e alma mesmo, é muito legal quando você pega jogadores com esse empenho, mas eles são especiais, são de nível de Seleção Brasileira, optaram por vir para cá, não estávamos tão bem na tabela e eles não abdicaram”.
Durante a entrevista, Cássio também falou sobre torcida, jovens da base, redes sociais e a postura de se colocar contra a alteração no calendário do Campeonato Brasileiro.

Leia a entrevista de Cássio, na íntegra:

Plano de carreira
“A gente fica feliz com os números, décima temporada pelo Corinthians, atingindo metas, com ajuda de muita gente, sempre tem alguém, aqui muita gente me ajudou, mas é difícil falar sobre futuro, metas. Me sinto muito feliz, de estar tanto tempo aqui, pra mim, o maior clube do futebol brasileiro, só quem está aqui sabe o que é vestir essa camisa, representar uma nação. Eu cheguei aos 10 anos pensando ano a ano. Para goleiro, tenho bastante coisa ainda, pra goleiro tem um treinamento diferente, eu tenho em mente jogar até os 40 anos, lógico, me cuidando dentro e fora de campo, com desempenho, brigando por títulos, mas prefiro focar ano a ano. A gente olha para trás, vê o que a gente construiu, vê que valeu a pena cada sacrifício, estar aqui te motiva a melhorar mais, a bater recordes, e a gente aqui é movido… não que eu desmereça quem fez história aqui, todos ajudaram a fazer história, mas prefiro pensar ano a ano”.
Garotos que subiram e desceram
“Confiança também vai conforme você vai jogando, se adaptando, a gente sempre teve cuidado com os meninos. Sobre os que desceram, eles podem estar aqui amanhã, novamente. Eu muitas vezes treinava no profissional, mas sempre descia para jogar, é importante jogar, acho legal para jogar um Sub-20. A gente tinha meninos de 16, 17 anos, isso dá ritmo de jogo. E lógico, chegou quatro de nível se Seleção Brasileira, então, com o tempo, você vê, desde o começo, o amadurecimento de todos. Todos têm evoluído, isso é legal, e com a chegada do Giuliano, Guedes, Willian, Renato ajuda muito, ajuda a dar confiança, ajuda a conversar, tem um treinador que ajuda muito nesse sentido. Alguns meninos têm jogado até em posição que não são deles, e sabem que podem contar com a gente para dar suporte, e estamos felizes com o desempenho deles. Acho muito bacana, fico feliz de ver os meninos decidindo jogos, ou ajudando lá atrás, no clássico teve o Du ajudando, o Xavier tirando uma bola importante. O Corinthians tem uma grande safra. Eu acompanho o Sub-17, Sub-20, o feminino, curto um pouco acompanhar o dia a dia, porque esse é o futuro do Corinthians”.
Encontro de garotos com a torcida
“Acho que não vai ter problema nenhum. Vai ser diferente, acho que eles estão ansiosos, eu me recordo bem quando comecei a jogar aqui, mas os meninos já estão acostumados. Uma Copa São Paulo é estádio lotado. Essa maturação deles vai ser mais rápida”.
Alegria pela chegada de reforços
“Vestir a camisa do Corinthians, por mais que os resultados não são o que a gente espera, tem de estar sempre feliz, estou no Corinthians. Muitas vezes você consegue títulos, muitas não consegue, e isso faz parte, a cobrança é maior, mas eu fico muito feliz porque a gente vê a entrega dos jogadores que chegaram, a vontade deles estarem aqui, isso é muito legal, chegaram muito bem, dispostos a ajudar, o Renato eu já conhecia, Willian peguei na Seleção, Giuliano também, e saber que eles poderiam ter ido para outro clube… Eles vieram de corpo e alma mesmo, é muito legal quando você pega jogadores com esse empenho, mas eles são especiais, são de nível de Seleção, optaram por vir para cá, não estávamos tão bem na tabela e eles não abdicaram, e têm nos agregado. Eu, particularmente, fico mais próximo dos goleiros, e chegou os quatro que são do meio para frente, e agrega muito isso, faz o Corinthians ser maior”.
Duelo contra o Red Bull Bragantino
“Um jogo muito difícil, o time do Bragantino é muito bom, vem fazendo um grande campeonato, conseguiu uma vaga pra final da Sul-Americana, muito equipe competitiva, sempre que jogamos lá foi difícil, mas temos como objetivo chegar entre os primeiros, temos de ir lá em buscar a vitória, temos condição de fazer um grande jogo lá, por mais que seja difícil e a equipe deles chegue motivada”.
Termômetro das redes sociais sem público no estádio
“Eu sou um pouco ativo, vai. Gosto de postar algumas coisas, mas vejo muito pouco, sobre o termômetro, como está a situação, acho que minha mulher sabe muito mais que eu nesse sentido (risos), vejo muito pouca coisa. Acho que é diferente, a torcida do Corinthians é diferente, estou a quase 10 anos aqui, peguei muitos jogos, já peguei fases que a gente não estava bem e nunca vi a torcida ficar xingando jogador durante o jogo. E praticamente todos que joguei contra eu vi muito isso. Cada um tem direito de ter sua opinião, mas eu não fico muito procurando ou vendo o que estão falando. Lógico que converso com as pessoas sobre o que está acontecendo, não só do Corinthians, mas não me apego muito ao que está acontecendo nas redes sociais”.
Recordes e idolatria
“Confesso que até hoje não tenho noção, pra mim, vejo com uma coisa boa até pra gente se dedicar, continuar almejando, isso ajuda a bater metas, eu sempre penso ano a ano, e estou na décima temporada, e quando você trabalha, as coisas vão acontecendo. Algumas vezes eu atingi metas que a assessoria me passou e eu nem sabia. Prefiro ir no dia a dia, construí uma coisa bem bacana aqui, se Deus quiser amanhã vou completar 550 jogos, tenho de agradecer muita gente, me ajudaram a chegar, família amigos, pessoal que trabalha no Corinthians, posso até passar o Ronaldo, mas pra mim ele sempre será o maior goleiro do Corinthians, é um cara que eu respeito muito, não tenho essa vaidade, conversando com ele, não tem vaidade. Não só o Ronaldo, o Julio Cesar, Dida, Gilmar, e tantos outros goleiros. Fico feliz de estar representando eles hoje e dar continuidade”.
Corinthians entre os melhores
“Claro que chegaram quatro jogadores de Seleção, automaticamente, a qualidade do elenco aumenta, os resultados, estamos num ponto hoje de classificação pra Libertadores, confiantes com os resultados, confiantes com o Sylvinho, o Corinthians vem forte. Já pegamos times com menos qualidade, mas conseguimos ser campeões brasileiros, caso de 2017, então, o Corinthians nunca pode ser subestimado. Todo mundo tem evoluído, são jogadores comprometidos, dentro e fora de campo, temos de pensar jogo a jogo. Não adianta fazer projeção. Nossa próxima final é amanhã, tentar fazer um grande jogo, tentar fazer um resultado, mas temos metas, objetivo, temos de ir lá tentar sair com a vitória”.
Conversa com Paulinho
“Não cabe a mim responder, quando esteve aqui foi vitorioso, fomos muito feliz, falo com ele como amigo, mas essa parte sobre ele vir ou não eu não converso, não é do meu perfil perguntar essas coisas, mas quando esteve aqui a gente foi muito feliz”.
Manifesto dos atletas sobre calendário
“Foi conversado, sim. Eu estava presente, não só eu como alguns jogadores do Corinthians, a gente também conversou antes de tudo com a diretoria, aqui a gente sempre conversa e a gente tem uma linha bem legal com Alessandro, Roberto, Duilio, e tem de seguir como foi combinado, na data que foi combinado, não é só pelas férias, tem jogadores que podem estar acabando contratado. Hoje, pode ser uma equipe prejudicada, mas sempre teve uma equipe sempre prejudicada, entre aspas, porque estar na Seleção é sempre bacana para o atleta. E eu recordo que a gente precisava começar o Brasileiro, tivemos uma reunião com a FPF, o Mauro Silva participou, os capitães de todas as equipes, sobre a possibilidade de encurtar os jogos, para acabar o Paulista antes, para começar o Brasileiro antes, para terminar na data prevista. Foi um diálogo legal, até as equipes que poderiam ser prejudicadas aceitaram. Infelizmente, alguns vão ser prejudicados pelas convocações, mas o correto é terminar na data prevista. Eu me recordo que em 2017 nós jogamos um jogo importante, ganhamos e eu fui convocado, e acabei perdendo jogos. No jogo que fomos campeões eu estava no banco. O Walter foi no meu lugar, acabou se machucando, o Corinthians fez um trabalho para me trazer, mas, no final das contas, quem jogou os jogos decisivos foi o Caíque (França), que era o terceiro goleiro na época e nunca tinha jogado uma partida, se não me engano. Se for pegar, todas as equipes já foram prejudicadas, então, que seja cumprido o que foi combinado”.
Carlos Miguel
“O Carlos chegou, um menino muito legal, chegou disposto a treinar, tem se dedicado muito, um pouquinho maior que eu (risos), não tinha pegado um goleiro maior que eu no clube, acho que teve o Yago, da base, tem uma altura parecida. Conheci a história dele, é um guerreiro, que tem se superado, eu tenho tentado ajudar, agregar, chegou com vontade de evoluir, e o grupo ganha. Chegar jogadores com esse perfil é muito legal”.
Jogar com o pé e evolução
“A gente tem de ter a cabeça aberta, a mentalidade de estar sempre evoluindo. No meu ponto de vista, o futebol do goleiro era um estilo de jogo no Brasil até a Copa do Mundo no Brasil (2014), depois que o Neuer veio, mudou o estilo do futebol brasileiro. É difícil falar, não é um confronto, mas se pegar meus números quando era o professor Tiago Nunes, vai ver que os meus eram muito bons. É difícil porque existe um pouco de preconceito brasileiro nesse sentido de jogar com os pés, vejo até em transmissão, o goleiro acerta 10 passes, dá assistência, mas na primeira que erra é questionado. Falo até para abrir esse cenário de conversa, de debate.  Vejo jogos da Europa e vejo que valorizam mais os passes que o cara conseguiu do que os que o cara errou. Eu, quando comecei a treinar mais isso, com Tiago Nunes, comecei a ver lances de Neuer, Ter Stegen, Alisson… Você tem que evoluir. Tenho um treinador de goleiro que me cobra muito, a gente tenta acertar essa saída de bola, acelerar o jogo, mas futebol é evolução. Tenho muito a evoluir, tenho a cabeça aberta para evoluir e crescer”.
Plano de títulos em 2022
“Se tratando de Corinthians, temos de pensar em 2021, a pressão ainda é esse ano, mas acho que é jogo a jogo, chegaram jogadores de qualidade, mas temos de pensar jogo a jogo. Essas equipes que você citou, o Palmeiras vem jogando há um bom tempo junto, o Flamengo também. A gente está conhecendo os jogadores, Sylvinho tem feito um grande trabalho, o time tem evoluído, mas temos de pensar jogo a jogo. Não dá para pensar em como vai ser o ano que vem se ainda temos muitas partidas pelo Brasileiro”.
Reencontro com Julio Cesar
“Não só pela situação lá em 2012, mas pela amizade, pela pessoa, pela família dele, um cara bacana, vencedor, as pessoas não falam muito do Julio, mas ele foi muito importante em 2011, no Brasileiro, e ele é um cara muito positivo. Tenho um respeito e um carinho muito grande, o quanto ele me ajudou quando eu entrei, o quanto eu pude aprender com ele, um campeão brasileiro. Fico feliz de ter o Julio como amigo e por tudo que ele representa”.